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Ações brasileiras acumulam queda de cerca de 50% no ano nos EUA

Empresas embutem o risco de um país emergente, além da pandemia do coronavírus

Ações brasileiras acumulam queda de cerca de 50% no ano nos EUA
Abertura de capital da brasileira Stone em outubro de 2018, em Nova York (Foto: Nasdaq)
  • Pandemia somada ao risco Brasil provocam pressão sobre as ações
  • Entre XP, PagSeguro e Stone, as ações da XP tinham a maior queda, de mais de 55%
  • PagSeguro e Stone têm o desafio de conviver com a paralisação de muitas atividades para evitar a disseminação do vírus

(Matheus Piovesana / Estadão Conteúdo) Com a forte reprecificação de ativos vista nas bolsas internacionais no primeiro trimestre deste ano, as ações brasileiras negociadas em Nova York caem perto dos 50% no ano. As bolsas americanas também recuaram, mas a pandemia da Covid-19 somada ao “risco” que o Brasil embute por ser um País emergente gera pressão ainda maior sobre os papéis de XP, Stone e PagSeguro.

Até a tarde de quinta (2), a XP tinha a maior queda entre as três, de mais de 55%. A Stone perdia, no ano, mais de 49%, e a PagSeguro, mais de 44%. Comparativamente, o índice Nasdaq cai cerca de 17% no mesmo período. Por outro lado, o iShares MSCI Brazil (EWZ), maior fundo de índice (ETF) brasileiro na Bolsa de Nova York (Nyse), cai quase 52%.

O que mais tem pesado é a preocupação macroeconômica diante do agravamento da pandemia da Covid-19. Com bancos internacionais prevendo quedas significativas no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, o impacto sobre os negócios das três companhias é acompanhado de perto por quem negocia suas ações lá fora.

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“O EWZ caiu bem mais que os índices americanos porque compila ações de um país emergente, que traz mais receios ao investidor”, afirma William Alves, estrategista-chefe da corretora Avenue, direcionada a brasileiros que investem nas bolsas americanas. Ele faz uma comparação: mesmo que a economia americana também tenha forte contração neste ano, as grandes companhias dos Estados Unidos teriam fundamentos mais sólidos, como caixa, para atravessar a crise do que as brasileiras.

Para a XP, pesam dois fatores. O primeiro são as ações coletivas (class actions) que a empresa tem sofrido em solo americano. Praticamente idênticas, essas ações questionam pontos da contabilidade da corretora. Embora a XP tenha dado uma resposta vista como sólida pelo mercado para o tema, isso produz um movimento de venda do papel.

A volatilidade do mercado de ações também pode atingir o negócio da empresa. Para o UBS, os ativos sob custódia (AuC, na sigla em inglês) podem ser pressionados. O banco também vê a possibilidade de um aumento de retiradas por parte dos clientes, e acredita que uma maior demanda por produtos de renda fixa pode reduzir retornos aos acionistas da XP.

Pagamentos paralisados

Para PagSeguro e Stone, os desafios são outros: dependentes do setor de serviços, as duas são impactadas pela paralisação de muitas atividades para evitar a disseminação do coronavírus. Mas os efeitos são diferentes.

Casas de análise apontam que a PagSeguro é mais dependente de pequenas e médias empresas (PME) e de microempreendedores do que a concorrente. O Credit Suisse, por exemplo, estima que 80% do volume capturado pelas maquininhas da PagSeguro vem desse tipo de cliente. Na Stone, a proporção é calculada em 65%.

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Outro fator que o mercado tem levado em consideração para as duas são as despesas fixas e variáveis. O BTG Pactual afirma, por exemplo, que a PagSeguro tem mais despesas variáveis do que a Stone, especialmente em marketing, além de menos funcionários, o que lhe daria maior flexibilidade. Entretanto, o banco considera que ambas devem seguir ganhando participação de mercado mesmo com a crise.

Em geral, as casas continuam otimistas com ambas as empresas, mas ainda assim, suas estimativas estão mais conservadoras. Diante do cenário trazido pela Covid-19, o Credit cortou o preço-alvo da ação da Stone de US$ 46 para US$ 26 nesta semana. O Citi, por sua vez, reduziu o valor esperado para a ação da PagSeguro de US$ 50 para US$ 33. Em comum, os dois bancos esperam um maior custo de capital para as empresas, dado o maior risco que o Brasil representa em um momento de temores com a economia global.

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