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Quanto ganhou a carteira “protetora” do mercado, que temia o governo Lula?

À época da eleição, analistas temiam histórico do petista de incentivar o consumo às custas do rigor fiscal. Veja a análise das ações

Quanto ganhou a carteira “protetora” do mercado, que temia o governo Lula?
(Foto: Taba Benedicto / Estadão)

A eleição para presidência da República de 2022 foi marcada pela polarização entre eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) e pela volatilidade do mercado. Em meio às tensões do ano eleitoral, casas de análise montaram carteiras recomendadas distintas em caso de vitória de um candidato ou do outro.

O temor do mercado na época era de um possível governo Lula que aumentasse os gastos públicos sem se preocupar com a receita. Bolsonaro tentava a reeleição naquele ano, o que tornaria o cenário mais “previsível” para o mercado financeiro. Com o mercado arisco, os analistas da Genial Investimentos e Órama recomendaram algumas ações para os investidores em caso de triunfo de Lula – cenário que acabou se confirmando – ou vitória de Bolsonaro.

As ações da carteira Lula foram Direcional (DIRR3), Casas Bahia (BHIA3), Yduqs (YDUQ3), Prio (PRIO3), Eletrobras (ELET6), Bradesco (BBDC4) e MRV (MRVE3). A preferência pelos setores de construção, varejo e educação ocorreu pelo histórico do governo petista de incentivar o consumo e favorecer programas como o Minha Casa Minha Vida (MCMV) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que impulsionaria as ações de Direcional, Casas Bahia, Yduqs e MRV.

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Já as ações do Bradesco chegaram a ser recomendadas pelo fato do banco ter uma grande exposição de consumidores pessoa física de baixa renda, uma classe social que tenderia a se beneficiar no governo petista, segundo a visão dos analistas da Genial na época. Prio e Eletrobras entraram por serem papéis do setor privado que sofreriam menos ingerências políticas.

Como estão as ações recomendadas da carteira Lula

De acordo com dados de Einar Riveiro, diretor da Elos Ayta, na hipótese que um investidor decidisse apostar na tese da carteira recomendada pelas corretoras e fizesse uma alocação em todos os papéis indicados, a rentabilidade acumulada da carteira Lula nos últimos 12 meses seria de 20,07%. Ou seja, quem investiu R$ 100 mil nas ações recomendadas para comprar na vitória de Lula nas eleições de 2022, lucrou R$ 20.070 no primeiro ano do governo do petista.

Olhando as ações individualmente, o pior desempenho ficou com o papel das Casas Bahia, que recuou 85,3%, segundo o levantamento de Riveiro. Para os analistas, esse desempenho estava muito atrelado ao patamar elevado dos juros, que prejudicou a vida do varejo.

Já Direcional e MRV subiram, respectivamente, 51,77% e 11,02% no primeiro ano do atual mandato de Lula. O motivo para o otimismo foram os balanços das empresas, além da confirmação do governo ao incentivo do Minha Casa Minha Vida. Outras ações também tiveram um desempenho positivo, como Yduqs com alta de 125,91%, Prio com avanço de 17,62%,  Bradesco com valorização de 15,9% e Eletrobras com alta de 3,61%.

Passado 2023, a dúvida que fica na cabeça do investidor é se essas ações ainda são válidas para 2024, visto que algumas delas tiveram um desempenho muito ruim. Segundo Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, o investidor deve ser cauteloso. "A carteira do investidor para o ano de 2024 deve ser pautada em precisão, estabilidade e janelas de oportunidades, investindo em setores mais sólidos e robustos, que possuem uma maior liquidez no mercado", afirma Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.

O que dizem os analistas para as ações em 2024

MRV e Direcional

Segundo João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research, a Direcional tem se mostrado uma excelente empresa para 2024, inclusive em relação à perspectiva de distribuição de dividendos, pois a construtora fez uma oferta de ações (follow on, em inglês) que deixou dinheiro em caixa à disposição. "A ação seria a melhor opção da carteira Lula justamente pelo caixa à disposição. No entanto, existem opções melhores, como a Priner (PRNR3)", diz Tonello.

Já para Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, a Direcional se impõe como a melhor opção entre as construtoras. "A MRV é mais consolidada, o que deixa a Direcional mais atrativa por causa da possibilidade de valorização da ação. Além disso, o fato da China não estar se esforçando para elevar o preço do aço é muito positivo para as construtoras, pois não aumenta os custos para a empresa".

Eletrobras

Com a antiga estatal, os analistas são mais diretos e afirmam que seguem otimista com a empresa sendo negociada a múltiplos atrativos, mas não negam o risco político do governo sobre querer exercer o poder de controle dos 40% das ações que possui. "Isso pode trazer riscos, mas ainda assim vale a pena, pois o papel está barato", argumenta Soares.

Casas Bahia

Sobre as ações do setor varejista, os analistas estão otimistas por causa da redução da taxa de juros, que tende a beneficiar o setor. Todavia, preferem um pouco mais de cautela para evitar uma maior volatilidade. Nesse caminho, Soares, da Órama, não recomenda compra para Casas Bahia. "Mesmo com a redução da taxa básica de juros preferimos as ações de Arezzo (ARZZ3) e Vivara (VIVA3), que focam no varejo de alta renda e são menos suscetíveis à volatilidade econômica", diz Phil Soares.

Bradesco e Yduqs

Em relação ao Bradesco, o analista da Bendorf comenta que o banco passou por uma certa dificuldade por causa do cenário macroeconômico pressionado por alta de juros e inadimplência. Para 2024, o papel deve entrar em processo de recuperação, mas que ainda não é o momento para investir na ação. O analista da Órama concordou e também referendou a sua preferência pelo Itaú (ITUB4).

Sobre a Yduqs, os analistas reconhecem que o papel teve um bom desempenho e que a companhia pode ter um 2024 muito interessante. "Ainda assim, nós preferimos a Ânima (ANIM3), pois o papel pode apresentar uma valorização muito maior que a Yduqs, mas a estamos otimistas com as duas empresas", afirmou Soares.

Prio

O analista da Bendorf comenta que a Prio apresenta indicadores financeiros sólidos, que sugerem um bom momento para a compra por parte do investidor. "Sua baixa relação preço/lucro (P/L) de 8,90 e PEG Ratio (indicador que relaciona preço, lucro e crescimento da empresa) de 0,29 indicam uma possível subvalorização, oferecendo uma oportunidade atrativa", relata Tonello.

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Ele também comenta que a saúde financeira é evidenciada por indicadores como o valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EV/Ebitda) de 6,51 vezes e uma margem líquida robusta de 44,93%.

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"A eficiência operacional é destacada pelas margens de lucro, enquanto os indicadores de rentabilidade, como o retorno sobre o patrimônio (ROE) de 35,33% e retorno sobre o capital investido (ROIC) de 22,46%, mostram a capacidade da empresa em gerar retornos consistentes para os acionistas", explica o especialista da Bendorf, que recomenda compra para o papel.

Já a Órama não recomenda a Prio pelo mesmo motivo da Petrobras. Phil Soares acredita que o investidor deve estar mais exposto a empresas que tenham relação com a atividade econômica à companhias de commodities.

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