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11 ações registram queda de dois dígitos em setembro; veja o ranking

As ações varejistas apresentaram a maior queda no acumulado mensal

Em setembro, o principal índice da B3 encerrou aos 116.565,17 pontos com uma leve alta de 0,71% no acumulado mensal (Foto: Envato Elements)
  • Logo depois, apareceram os papéis do GPA (PCAR3) e Magazine Luíza (MGLU3) com perdas de 29,15% e de 23,19%, respectivamente
  • Os outros papeis tiveram perdas que superaram o patamar de 10% no acumulado mensal, segundo dados da Ágora Investimentos
  • Em setembro, o principal índice da B3 encerrou aos 116.565,17 pontos com uma leve alta de 0,71% no acumulado mensal

O início do ciclo de queda de juros não foi o suficiente para melhorar o humor do mercado. Mesmo após o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), ter realizado dois cortes consecutivos de 0,50 pontos porcentuais, 11 ações do Ibovespa apresentaram perdas de dois dígitos no acumulado de setembro. Os papéis das varejistas lideraram o topo das desvalorizações na bolsa de valores.

Segundo dados da Ágora Investimentos, o Grupo Casas Bahia (BHIA3), antiga VIA, foi a companhia que registrou o maior tombo com queda de 50,3%. O derretimento do papel, que virou uma penny stock (ações negociadas abaixo de R$ 1),  é um reflexo da operação mal sucedida de follow on da companhia. A expectativa era levantar R$ 1 bilhão com a oferta de ações, mas a varejista só conseguiu arrecadar R$ 622,9 milhões. O objetivo das Casas Bahia era reduzir a sua alavancagem.

A estratégia não convenceu o mercado. Na próxima terça-feira (3), a Securitizadora Opea vai realizar uma assembleia para decidir uma uma eventual antecipação dos vencimentos de certificados de recebíveis imobiliários (CRI), que possuem lastro na 8ª emissão de debêntures da varejista. O encontro foi marcado após a agência de classificação de risco S&P ter rebaixado a nota da emissão de CRIs da Opea Securitizadora DE “brAA-” para “brA-“.

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Segundo Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, caso essa medida seja efetuada, a reestruturação da companhia por meio do capital levantado em follow on poderia perder a sua eficácia, já que o valor da dívida fica em torno de R$ 400 milhões. “A eventual antecipação do vencimento deste CRI poderia abrir espaço para a antecipação de outras dívidas da companhia”, diz o analista. Veja mais detalhes nesta reportagem.

Esse efeito poderia obrigar a empresa a utilizar os recursos adquiridos no follow on para o pagamento dessas dívidas que foram antecipadas e não estavam previstas no planejamento da oferta das ações. “Talvez a Recuperação Judicial (RJ) seja o único recurso da Casas Bahia para se proteger de pedidos de antecipação, como ocorreu no caso Americanas”, avalia Malek Zein, analista do TC.

A situação delicada da companhia se agrava com o ambiente desfavorável para o setor. Mesmo com a alta dos juros, a Selic deve encerrar 2023 em 11,25% ao ano, patamar considerado ainda elevado. Além disso, o comunicado do Copom mostrou ao mercado que o ciclo de cortes deve permanecer gradativo diante do cenário incerto no mercado internacional.

O tom de cautela da autoridade monetária elevou as perspectivas para os juros futuros, o que influenciou na desvalorização das ações da Magazine Luiza (MGLU3) e da Lojas Renner (LREN3) em 23,19% e 16,41%, respectivamente. A inadimplência também impede que o mercado tenha projeções melhores para os resultados das companhias do varejo nos próximos trimestres.

“O brasileiro está muito endividado devido a inflação elevada dos últimos anos que corroeu o seu poder de compra. Quando olhamos para as vendas do varejo, não há sinais contundentes de melhoria operacional no curto prazo”, diz Lucas Rietjens, analista da Guide Investimentos.

Já a situação do GPA (PCAR3) parece ser mais confortável. Embora as ações tenham caído 29,15% em setembro, segundo os dados da Ágora Investimentos, os analistas da Genial Investimentos avaliam a depreciação como um movimento de correção do papel após a separação com o grupo colombiano Éxito, concluída em agosto.

“Frente a um reajuste patrimonial, o mercado começa precificar os valores dos ativos segregados”, explicaram Iago Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon, em relatório. Veja os detalhes nesta reportagem. Os papéis da Vamos (VAMO3) foram os únicos fora do setor de varejo que entraram no ranking das maiores perdas do Ibovespa em setembro, com uma queda de 16,74%.

O motivo está na revisão da recomendação de compra para neutra do Bank Of America (BofA) para a companhia. Segundo a instituição financeira, o crescimento está se desacelerando, após Vamos reportar resultados fracos no segundo trimestre de 2023 e descontinuar o seu guidance de 2025.  Além disso, a locadora aumentou, na avaliação da Ágora Investimentos, a sua alavancagem após a negociação com o grupo Petrópolis, na qual adquiriu 2.926 caminhões.

“Caso os índices financeiros ultrapassem os limites fixados nos convênios previstos, a companhia pode ser obrigada a pagar algumas dívidas de forma antecipada gerando a necessidade de uma disponibilidade de caixa imediata, afetando seu planejamento financeiro”, informaram os analistas da Ágora.