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Por que a alta da Americanas (AMER3) não chega nem perto de compensar os prejuízos da fraude?

As ações da varejistas acumulam uma valorização de 174,06% em um mês após anunciar lucro bilionário

Por que a alta da Americanas (AMER3) não chega nem perto de compensar os prejuízos da fraude?
(Foto: Adobe Stock)

As ações da Americanas (AMER3) entraram no radar desde a divulgação do seu último balanço, quando a companhia reportou ao mercado um lucro de R$ 10,279 bilhões entre os meses de julho a setembro. O anúncio trouxe esperança de uma reestruturação efetiva da empresa que se encontra em recuperação judicial após a descoberta da fraude contábil em janeiro do ano passado.

Esse sentimento pode ser visto na performance do papel nas últimas semanas. Segundo dados do Broadcast, nos últimos 30 dias, as ações da varejista subiram 174,06%. Já em dezembro, os avanços chegaram a 14,99% graças à alta de 23,6% durante as negociações desta terça-feira (11).

Apesar da boa performance, os ganhos ainda não são suficientes para recuperar os prejuízos que os investidores tiveram com o papel ao longo deste ano e desde a descoberta da fraude contábil. Os cálculos de Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos, mostram que as ações precisam de um fôlego ainda maior na bolsa de valores.

Até as negociações de segunda-feira (9), as ações da Americanas (AMER3) apresentaram uma desvalorização em torno de 91,55% em 2024. Para reverter essa perda, os papéis precisariam subir cerca de 1.083,36% para retornar ao mesmo patamar do fim de 2023, quando estavam sendo negociadas a R$ 91.

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Já em relação a fraude contábil, a alta teria que ser em torno de 15.504,68% para que as ações voltassem à cotação de R$ 1.200 referente ao pregão do dia 11 de janeiro de 2023, um dia antes da repercussão do anúncio da fraude contábil. Se considerássemos o início das negociações desta quarta-feira (11), os avanços necessários seriam de 12.518,30% para alcançar o período de pré-fraude e de 856,89% para reverter as perdas de 2024. Vale destacar que os cálculos consideram o agrupamento das ações de 1 para 100 que aconteceu em agosto deste ano.

Segundo Sobreira, para que esse movimento seja viável, a companhia precisafria finalizar com sucesso o seu processo de recuperação judicial, reconquistar a confiança do mercado com uma gestão eficiente e transparente, além de apresentar resultados financeiros consistentes nos próximos trimestres. “Americanas precisa ainda se posicionar de forma competitiva no setor de varejo, demonstrar um plano estratégico claro, com foco em inovação digital e diversificação de receitas, e se beneficiar de um ambiente macroeconômico favorável no Brasil”, reforça o analista.

Dado os desafios, as chances da varejista alcançar esse objetivo no curto prazo são mínimas. Isso porque, além do processo burocrático que a empresa enfrenta, o mercado projeta uma piora no cenário doméstico com a ausência de medidas efetivas para reduzir o risco fiscal do País. Na reta final de novembro, o governo apresentou um pacote de corte de gastos que, na avaliação dos analistas, é insuficientes para resolver os problemas das contas públicas. A situação reforçou as perspectivas de novos aumentos da Selic para controlar as perspectivas de alta da inflação.

Como mostramos nesta reportagem, os membros do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), decidem nesta quarta-feira (11) um novo aumento da taxa báxia de juros do País. As apostas sobre o último ajuste do ano estão dividas entre os agentes do mercado. Há aqueles que avaliam uma alta de 0,75 ponto porcentual, enquanto outros enxergam um espaço de um elevação de 1 p.p para esta reunião.

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Indepdenente do resultado, esse cenário joga contra os negócios das varejistas, como a Americanas (AMER3), visto que um ambiente de juros mais alto torna acesso a crédito mais restrito no mercado, além de reduzir o poder de compra dos consumidores.