- Analistas esperam um resultado misto para a Auren no segundo trimestre de 2024
- Especialistas dizem que dividendos da empresa devem diminuir após compra da AES Brasil
- Analistas pontuam que Auren pode ser vista como uma empresa de crescimento do valor da ação, e dividendos devem ficar para depois
A temporada de balanços está apenas começando. Nos últimos dias, tivemos algumas empresas do setor elétrico divulgando resultados, como a Neoenergia (NEOE3), por exemplo. No entanto, a temporada está somente no começo e a Auren Energia (AURE3) deve reportar o balanço na noite desta quinta-feira (1º). Analistas do mercado financeiro esperam um resultado misto para a companhia.
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Para o BTG Pactual, a empresa do setor elétrico deve ser impactada positivamente pelos resultados das usinas eólicas, apoiadas por melhores velocidades do vento em comparação com o primeiro trimestre, que foi “excepcionalmente fraco”. Entretanto, os analistas do BTG dizem que o resultado do segmento hidroelétrico deve ser impactado negativamente pelo preço médio de vendas de energia, que devem ser mais baixos. Essa redução acontece devido à rescisão de alguns contratos da CESP. Já a contribuição da geração de energia solar deve ser reduzida por impactos de operação, o que deve mexer com os números do segmento.
Os especialistas do Itaú BBA também concordam que as usinas eólicas terão um melhor resultado e as usinas hidroelétricas serão um peso para o balanço. Mesmo assim, a equipe do banco estima que as vendas tendem a ser aceitáveis para a empresa. “Esperamos que a empresa tenha vendido uma quantidade considerável de energia para os vértices 2025 e 2027 com preços atrativos de R$ 145 por Megawatt-hora (MWh)”, apontam Marcelo Sá, Fillipe Andrade, Luiza Candiot e Victor Cunha, que assinam o relatório do Itaú BBA.
O quarteto também espera que surjam novas notícias sobre a fusão entre a Auren e a AES Brasil (AESB3). O banco deixa claro que a aquisição só deve ser concluída em outubro, mas a Auren tem algumas pendências para que a negociação avance. “Existem algumas emissões de dívida que exigem negociação de isenções para o negócio acontecer”, explica a equipe do BBA.
Compra da AES pela Auren foi um mau negócio?
No dia 15 de maio, a Auren anunciou a compra da AES Brasil. A operação para a venda da AES Brasil estava em curso há meses e a Auren, que já tinha 5% da companhia, era apontada como um dos potenciais compradores.
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As companhias informaram que a combinação dos negócios ocorrerá por meio da incorporação de ações. Assim, a AES Brasil será uma subsidiária integral da Auren. Com a operação, os investidores da AES terão três opções para converter seus papéis:
- A primeira prevê 10% em caixa (pagamento em dinheiro) e 90% em ações (R$ 1,16 mais 0,69x em ativos da Auren por ação da AES);
- Na segunda, a condição é de 50% em caixa e 50% em ações (R$ 5,78 mais 0,38 vezes as ações da Auren pelas da AES);
- A terceira prevê a dissidência do acionista, com o pagamento de R$ 11,55 por cada ativo.
A Votorantim, controladora da Auren, escolheu a primeira opção e a AES Corporation pela segunda, o que culminará na saída dos norte-americanos do capital da companhia — o E-Investidor já havia antecipado a intenção nesta reportagem. Quando o fato foi consumado ao mercado, os analistas não gostaram da notícia pelo fato de a Auren ter pagado caro pela AES.
Ilan Arbetman, analista de Equity Research da Ativa Investimentos, afirma que o grande receio do mercado com o negócio é se o prêmio pago pela Auren será superado com a aquisição da companhia. “O ponto é que o mercado quer saber se a Auren vai conseguir uma boa Taxa Interna de Retorno (TIR) em relação ao preço pago pelo negócio”, explica.
Embora o mercado tenha visto que a elétrica tenha pagado caro pela AES, Arlindo Souza, analista da Levante, comenta que se o investidor olhar o todo, o negócio não foi tão ruim assim. O especialista explica que a Auren pagou um preço justo quando se olha o lucro e a receita que a AES produz. Ele também entende que a companhia deve aumentar seu endividamento, medido pela alavancagem, de forma astronômica.
“Ela vai ter um pico da alavancagem no final desse ano. A estimativa é que a dívida líquida sobre o Ebitda chegue a 5 vezes. Contudo, acredito que isso cairá de forma até rápida. Entre dois e três anos, a alavancagem da empresa estará em um patamar saudável, mas isso deve impactar os dividendos”, comenta Souza.
Como ficam os dividendos da Auren?
Nas estimativas do analista da Levante, a Auren deve pagar um rendimento em dividendos (dividend yield) de 1,2% nos próximos 12 meses. A tese é defendida por vários analistas do setor, mas eles veem um pagamento de proventos um pouco maior. Ricardo Salim Jr da Lumi Research, acredita que esse processo de pagamento deve fazer a empresa sofrer um pouco menos nas questões de endividamento. E por causa disso, ele estima que a empresa do setor elétrico deve pagar 7% do seu valor de mercado em dividendos nos próximos 12 meses.
Já o BTG Pactual estima que a Auren deve entregar um dividend yield de 5,8%, enquanto o Itaú BBA projeta um pagamento de 7,4% do valor de mercado da companhia em 2024. No entanto, a equipe do BBA vê uma redução, com o rendimento em dividendo da ação caindo para 4,5% em 2025.
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Em meio às perspectivas de redução de dividendos e à espera de um resultado misto, BTG, Itaú BBA e Levante estimam que o lucro da elétrica caia neste segundo trimestre de 2024. O banco de André Esteves calcula um lucro de R$ 137 milhões para a companhia no segundo trimestre de 2024, uma queda de 25% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Outra equipe a cravar um número são os analistas do Itaú BBA, que calculam um lucro líquido de R$ 116 milhões, uma queda de 36,4% entre o segundo trimestre de 2023 e o segundo trimestre de 2024. Já a Levante estima um lucro de R$ 160,3 milhões, recuo de 12,3% na base anual.
Devido a todas essas estimativas, o Itaú BBA tem recomendação de market perfom para a Auren, desempenho dentro da média do mercado, que é equivalente à recomendação neutra. O preço-alvo para o papel é de R$ 14,20 para o fim de 2024, uma potencial alta de 19,52% na comparação com o fechamento de quarta-feira (31), quando a ação encerrou o pregão a R$ 11,88.
Já o BTG tem recomendação de compra para o papel com preço-alvo de R$ 14, uma potencial alta de 17,8% em relação ao fechamento de quarta-feira. O grande ponto da Auren Energia (AURE3) para o investidor é que a companhia tende a deixar de ser uma grande pagadora de dividendos para ser uma empresa de crescimento, devido à aquisição da AES. Por isso, o investidor deve estar ciente do seu perfil antes de aportar na elétrica, se ele é um investidor de dividendos ou crescimento do valor da ação.