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Por que Ambev (ABEV3), Lojas Renner (LREN3) e Hering (HGTX3) tiveram os piores desempenhos da semana na Bolsa

Os três papéis registraram as maiores quedas na B3 na semana de 13 a 17 de julho

Por que Ambev (ABEV3), Lojas Renner (LREN3) e Hering (HGTX3) tiveram os piores desempenhos da semana na Bolsa
Logo da Ambev (ABEV3) (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
  • As três ações que mais perderam preço na semana foram Ambev (ABEV3), Lojas Renner (LREN3) e Hering (HGTX3)
  • O vilão das quedas da semana foi o IBC-Br, divulgado na terça, que sinalizou para o mercado que a recuperação na atividade econômica poderá demorar um pouco mais que o esperado
  • Ambev foi particularmente prejudicada pelo isolamento imposto pela pandemia, já que o consumo de cerveja é um ritual muito atrelado a interações sociais

A semana na B3 começou em meio a um certo desânimo, com o Ibovespa caindo abaixo dos 100 mil pontos. Com a piora do humor externo após o fechamento do comércio na Califórnia, por causa do coronavírus, Nova York operou no negativo e São Paulo foi atrás, inclinando-se à realização de lucros por parte dos acionistas.

Na terça, o índice voltou a cruzar essa barreira, fechando em 100.440 pontos, graças a Petrobras, B3 e principalmente Vale, beneficiada pela cotação internacional do minério de ferro, em sua máxima histórica.

Os demais dias mantiveram o efeito gangorra: altas na quarta, embaladas pela expectativa de descoberta de uma vacina para a covid-19, baixas na quinta, com o viés negativo do exterior puxando para baixo principalmente as aéreas, e novas altas nesta sexta, na esteira da reforma tributária que Paulo Guedes se prepara para apresentar.

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Em meio a tantas oscilações, quem levou a pior foram Ambev (ABEV3, -4,51%), Lojas Renner (LREN3, -4,50%) e Hering (HGTX3, -4,15%). Confira o que afetou o desempenho desses três papéis:

Ambev (ABEV3): -4,51%

O principal fator no horizonte que explicou o mau desempenho das empresas relacionadas a consumo nesta semana foi o resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de maio, divulgado na terça (14), e que veio abaixo do esperado. O indicador subiu 1,31% no período, ficando aquém do piso de 1,9% das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast, cujo teto era de 7,2%, com mediana de 4,4%.

“Houve um descompasso entre a previsão do IBC-Br e o número real divulgado hoje, mostrando que a recuperação na atividade econômica pode demorar um pouco mais, o que afeta o consumo e os papéis dessas empresas”, apontou um operador.

Por outro lado, fazendo uma prévia dos resultados do segundo trimestre da Ambev, o BTG Pactual disse que a visibilidade no curto prazo foi muito prejudicada por conta do impacto da pandemia do novo coronavírus nas operações, uma vez que a venda de cerveja é associada a interações pessoais, e as medidas de isolamento social impedem o contato. Mesmo assim, os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin acreditam que no decorrer do período a situação se mostrou menos pior e os resultados devem ser ruins, mas não catastróficos.

“Rumores de paralisação nas operações de uma das suas principais concorrentes e o programa de ajuda financeira lançado pelo governo federal para 65 milhões de pessoas elevaram o consumo”, diz o relatório.

O banco estima que os volumes de venda de cervejas vão cair 15% no trimestre, mostrando uma recuperação da queda de 27% registrada pela empresa em abril, ajudada também por um aumento gradual da mobilidade social.

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O BTG manteve recomendação neutra para as ações ordinárias de Ambev, pregando cautela apesar do “histórico da empresa de navegar crises bem”. Com a ação sendo negociada a valores 16% acima das suas pares globais, os analistas ainda veem muitas incertezas sobre como será o modelo de negócios da empresa após o fim da pandemia.

Lojas Renner (LREN3): -4,50%

LREN3 foi outra vítima do desalento provocado pela divulgação do IBC-Br na terça, quando o papel registrou a segunda maior queda do pregão, de 2,01%.

No início da semana, o Citi cortou a recomendação das ações da Lojas Renner de compra para neutro, ao atualizar suas estimativas para a empresa mais uma vez, embora a visibilidade do médio prazo permaneça muito baixa segundo os analistas. Já o preço-alvo do papel foi ajustado de R$ 41 para R$ 48, com potencial de alta de 8% em relação ao fechamento desta sexta-feira, de R$ 44,41.

Em relatório, os analistas Tobias Stingelin e João Pedro Soares ressaltam que, embora a companhia continue a reabrir gradualmente suas lojas, ao mesmo tempo, ao contrário do que esperavam, outras também estão sendo fechadas novamente, dado o crescimento de casos da covid-19 em determinadas áreas, incluindo a região Sul (reduto da empresa). “Isso indica uma recuperação ainda mais gradual”, afirmam.

“Continuamos intrigados com o desempenho de outros setores discricionários até agora, principalmente em eletrônicos, que parecem se beneficiar de mudanças nas prioridades dos consumidores, da ajuda emergencial do governo e do afrouxamento das restrições de mobilidade”, explicam os analistas.

Eles consideram que, até agora, parece que o setor de vestuário não está “se beneficiando” dessa situação, embora uma vez aberta a loja, haja uma recuperação inicial e a conversão de vendas aumente.

Hering (HGTX3): -4,15%

Sem fatos relevantes próprios nesta semana, a companhia têxtil foi outra empresa que se ressentiu com os números do BC sobre o desempenho da economia brasileira, mais pálidos que o esperado. Na terça, dia da divulgação do relatório, o papel teve a sétima maior queda do pregão, de -1,54%.

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Nos últimos 30 dias, o papel subiu 4,75%, mas ele acumula desvalorização no ano de -50,11%.

*Com Estadão Conteúdo

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