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BTG Pactual: queda do Brent pode impulsionar ações da Petrobras

Perda de valor do petróleo, aumento no preço do diesel da Petrobras, são fatores destacados pelo BTG

BTG Pactual avalia que Petrobras pode pegar impulso com queda do Brent. Fonte: Agência Petrobras de Notícias/Reprodução
  • Segundo os analistas, a estatal se encontra em uma posição curiosa para um produtor de petróleo
  • Dependendo do comportamento do setor petrolífero no longo prazo, os investidores se beneficiariam de um dividend yield de 20% em 2023 com o Brent a US$ 90 por barril
  • Ao mesmo tempo, o BTG não descarta uma recuperação dos preços do petróleo no curto prazo

Por Luísa Laval – A queda de 5% do petróleo tipo Brent nas últimas duas semanas e meia abre espaço para um impulso aprimorado para as ações da Petrobras nas próximas semanas, avalia o BTG Pactual. Os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte destacam que a desvalorização da commodity é fruto das preocupações de uma recessão nos EUA, que começaram a atingir as estimativas de crescimento da demanda. Com isso, o diesel da Costa do Golfo (referência para a maioria das importações do Brasil) despencou 13%.

Na projeção do o banco, a perda de valor do petróleo, combinada com o aumento de 14% no preço do diesel da Petrobras, empurrou os preços locais para um pequeno desconto de 2% na paridade de importação (PPI), apesar do real cada vez mais fraco.

Segundo os analistas, a estatal se encontra em uma posição curiosa para um produtor de petróleo. “Qualquer fator que reduza o preço do petróleo em reais é positivo para a empresa, permitindo que ela opere livre das pressões políticas que são desencadeadas toda vez que seus lucros e pagamentos de dividendos começam a se expandir”, observam.

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Assumindo que o fornecimento de diesel no Brasil é seguro desde que os descontos para a PPI não ultrapassem de 20% a 30%, o BTG aponta que a Petrobras parece ter um colchão antes de ter que aumentar os preços novamente.

“Além disso, a mera aprovação de Caio Paes de Andrade como presidente na semana passada cria uma narrativa de mudança que deve reduzir as pressões do Congresso sobre a política de preços da empresa por enquanto, embora nossa tese base ainda considere que o estatuto da Petrobras preservará o status quo”, diz o banco.

Os analistas acreditam que, dependendo do comportamento do setor petrolífero no longo prazo, os investidores se beneficiariam de um dividend yield (rendimento do dividendo) de 20% em 2023 com o Brent a US$ 90 por barril (21% abaixo dos preços à vista) e menores spreads de crack (diferencial entre o preço do petróleo e os produtos refinados dele) , pois reduziria as chances de ser usado como ferramenta política.

Ao mesmo tempo, o BTG não descarta uma recuperação dos preços do petróleo no curto prazo dependendo de como algumas variáveis macro evoluam nas próximas semanas, o que pode trazer rapidamente a Petrobras de volta aos holofotes.

“De fato, com os impostos sobre os combustíveis já em níveis muito baixos, achamos que o ônus dos preços mais altos dos combustíveis no Brasil agora recairá quase inteiramente sobre a estatal. Faltando menos de 90 dias para o primeiro turno da eleição presidencial, essa pode ser uma combinação perigosa que pode compensar parcialmente seus fundamentos”, concluem Soares e Duarte.

Por causa disso, o banco diz que o desconforto permanece com a volatilidade do preço das ações da Petrobras. A casa reiterou a recomendação neutra para o ADR negociado em Nova York, com preço-alvo de US$ 15 e potencial de alta de 27,5% em relação ao fechamento de ontem.