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Klabin (KLBN11): como ficam os dividendos após o investimento em ativos florestais?

O investimento reduz risco de fornecimento de madeira para a companhia, mas pode pesar para o bolso do acionista

Klabin (KLBN11): como ficam os dividendos após o investimento em ativos florestais?
Fábrica da Klabin em Ortigueira, no interior do Paraná. (Foto: Felix Leal/Estadão)
  • A companhia anunciou na última semana a aquisição de operações florestais da Arauco, no Paraná, por US$ 5,8 bilhões
  • O investimento deve antecipar a autossuficiência da companhia me madeira, o que deve reduzir os custos nos próximos anos
  • O problema é que a aquisição deve impactar na distribuição dos dividendos aos acionistas em 2024

O investimento bilionário feito pela Klabin (KLBN11) para aquisição das operações florestais da Arauco, localizados no Paraná, promete reduzir os custos da companhia no médio prazo e garantir a autossuficiência em madeira.

O problema é que a compra no valor de R$ 5,8 bilhões pode impactar na distribuição dos dividendos ao investidor nos próximos dois anos, o que pode retirar a atratividade do papel na bolsa de valores.

Segundo dados da Economatica enviados ao E-Investidor, a companhia distribuiu aos seus acionistas em 2023 cerca de R$ R$ 0,2398 por ação em dividendos. O valor só fica atrás do volume pago no ano passado, quando os investidores posicionados no papel receberam cerca de R$ 0,30 por ação em proventos.

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A quantia é considerada a maior em um intervalo de 10 anos. Já para 2024, as expectativas não são tão otimistas para os acionistas que aguardam pagamentos semelhantes.

“Atualmente, o dividend yield das ações da Klabin deve encerrar 2023 no patamar entre 6% a 7%. Mas com o investimento nos ativos florestais, os dividendos podem cair para um yield de aproximadamente 5%”, diz Vinicius Steniski, analista do TC.

A Klabin anunciou a aquisição das operações florestais de Arauco na última semana por meio de fato relevante. A compra busca antecipar a autossuficiência em madeira com a aquisição de 150 mil hectares que a companhia planejava conquistar ao longo dos próximos anos.

“Com essa operação, concluiremos a expansão de terras no Paraná. Entre os benefícios da aquisição, destaco a redução de capex (investimentos) no futuro, em função dos ganhos significativos com as sinergias operacionais”, afirmou Cristiano Teixeira, presidente-executivo da Klabin em teleconferência realizada com analistas nesta quinta-feira (21) para trazer mais detalhes sobre a transação.

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Ou seja, caso haja impacto na distribuição dos dividendos ele seria de curto prazo, porque a expectativa para o médio e longo prazo é que haja uma redução dos custos com logística e com a compra de madeira. “O acionista está abrindo mão de dividendos maiores no curto prazo para ganhar dividendos maiores no longo prazo, que eu diria mais para 2026 e 2027”, diz Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed.

Vale o investimento?

A avaliação do mercado sobre os ganhos operacionais da aquisição dos ativos florestais é unânime. No entanto, alguns analistas acreditam que o atual momento não parece ser interessante investir no papel devido aos múltiplos da companhia estarem pouco atrativos.

A XP, por exemplo, reiterou a sua recomendação neutra por avaliar os níveis de valuations em patamares que não permitam ganhos ao investidor.

“O EV/EBITDA (valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 2024 de 7,4 vezes limita ainda mais o potencial de valorização das ações”, informou a corretora em relatório publicado na quinta-feira (21). O BTG Pactual tem a mesma visão. De acordo com o banco, o aporte necessário da Klabin para a compra dos ativos florestais resultou em uma queima de caixa significativa e tornou a trajetória de desalavancagem da companhia ainda mais lenta para os anos de 2024 e 2025.

“Continuamos a preferir exposição à Suzano em relação à Klabin, que classificamos como ‘neutra’ e que estão negociadas a exigentes 8,3 vezes Ebitda em 2024”, destacou o BTG.

No entanto, há analistas que pensam diferente. Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, acredita que a redução de custos com a compra de madeiras deve melhorar as margens de lucro da Klabin e aumentar a geração de caixa no médio prazo. “Pode ser que haja um aumento dos dividendos distribuídos aos acionistas”, afirma Serra.

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A perspectiva de melhora dos resultados deve refletir em uma valorização do papel, o que torna interessante incluir a companhia na carteira com a atual cotação. “A entrada até R$ 22,50 me parece interessante, trazendo um upside (potencial de alta) aproximado de 15% em relação ao nosso preço-alvo (R$ 26)”. A Genial Investimentos também mantém recomendação de compra para a KLBN11, com preço-alvo de 26,35.

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