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Elon Musk perdeu a mão? Tesla decepciona e há quem fale até em falência

As ações da montadora de veículos elétricos recuam mais de 33% no ano; a segunda maior queda do índice de Nasdaq

Elon Musk perdeu a mão? Tesla decepciona e há quem fale até em falência
Elon Musk, CEO da Tesla. (Foto: Divulgação/Tesla)
O que este conteúdo fez por você?
  • A baixa demanda por veículos elétricos e maior concorrência são os principais fatores para o momento ruim da Tesla
  • A depreciação do papel abriu espaço até para especulações de uma possível falência da companhia
  • O perfil polêmico de Elon Musk, CEO da companhia, também ajuda a depreciar as ações da montadora no exterior

O menor crescimento da Tesla (TSLA) e o aumento da concorrência no mercado com a atuação de montadoras chinesas adicionaram pessimismo para as ações da empresa, listados na bolsa de Nasdaq, nos Estados Unidos (EUA). Enquanto outras big techs, como a Nvidia (NVDA) e Meta (META), acumulam altas de 77,7%, os papéis da companhia de Elon Musk apresentam uma desvalorização de 33,6% no acumulado de 2024, a segunda maior de Nasdaq.

A situação abriu espaço até para especulações de uma possível falência da empresa. A possibilidade surgiu com a declaração de Per Lekander, sócio-gerente da empresa de gestão de investimentos Clean Energy Transition, durante entrevista à CNBC, no último dia 3, após a Tesla informar a entrega de 386.810 veículos no primeiro trimestre do ano.

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O volume reportado pela montadora de veículos elétricos foi 8,5% menor em comparação ao mesmo período do ano passado, quando a empresa informou a entrega de 422.875 veículos. “Este foi realmente o início do fim da bolha Tesla, que provavelmente foi a maior do mercado de ações da história moderna”, disse Lekander à emissora de TV norte-americana. “Na verdade, acho que a empresa pode falir”, acrescentou.

Veja as maiores altas e baixas de Nasdaq em 2024

Ação Retorno em 2024 Ação Retorno em 2024
NVIDIA (NVDA) 77,70% Sirius XM (SRXM) -35,90%
Constellation Energy Corp (CEG) 65,50% Tesla (TSLA) -33,60%
Meta Platforms (META) 49,10% Charter Communications (CHCM) -31,20%
DoorDash (DASH) 47,20% Lululemon Athletica (L1UL) -30,20%
Micron Technology (MUTC) 44,90% Warner Bros Discovery (W1BD) -26,90%
Diamondback Energy (F1AN) 34,00% Walgreens Boots Alliance (WGBA) -25,90%
Netflix (NFLX) 30,70% Intel (ITLC) -22,70%
ASML Holding NV (ASML) 29,60% Biogen (BIIB) -21,20%
Applied Materials (A1MT) 28,50% PDD Holdings (P1DD) -19,40%
PACCAR (P1AC) 25,50% Adobe (ADBE) -18,70%
Fonte: Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, com dados da Bloomberg/Dados do acumulado de 2024 até o pregão do dia 5 de abril

O pessimismo em volta da montadora de carros elétricos ganha força ao olhar os últimos resultados da companhia. No último balanço divulgado pela companhia, referente ao quarto trimestre de 2023, a receita do segmento de automóveis, o mais importante para a empresa, cresceu apenas 1% em comparação ao mesmo período de 2022, enquanto o número de veículos entregues subiu 20% durante o mesmo intervalo de tempo.

Essa diferença trata-se de um resultado do corte de preços dos automóveis diante da presença de novos fabricantes do mercado, como a marca chinesa BYD Auto. Mas a situação torna-se ainda mais preocupante quando se observa o comportamento do consumidor. Enzo Pacheco, analista de mercados internacionais da Empiricus, conta que há uma preferência por veículos híbridos devido aos problemas que os automóveis elétricos possuem ao longo do uso.

“O corte de preços não fez com que a demanda voltasse ao que era antes”, ressalta Pacheco. “Então, prefiro ficar de fora das ações da Tesla porque entendo que, no curto prazo, o ambiente ainda tende a ser muito desafiador”, reforça o analista da Empiricus. As eleições também influenciam na volatilidade do papel da companhia com o retorno da disputa presencial entre Joe Biden, do Partido Democrata e atual presidente dos Estados Unidos, e Donald Trump, do Partido Republicano e ex-presidente dos EUA.

“Biden tem uma posição mais favorável para a Tesla porque deu alguns benefícios para o setor de energias renováveis, inclusive carros elétricos. Já o Trump não tem a mesma iniciativa, o que poderia ser ruim para as ações”, afirma William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.

Há o risco da Tesla falir?

A perspectiva desafiadora para a Tesla no curto prazo não significa que os riscos de uma possível falência estejam por vir. Ao contrário de Lekander, os analistas ouvidos pelo E-Investidor enxergam essa possibilidade quase que nula. Leonardo Otero, sócio-fundador da Arbor Capital, por exemplo, avalia que a Tesla está longe de enfrentar problemas existenciais. O problema atual diz respeito apenas a uma fase de menor crescimento.

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“A chance da Tesla falir é minúscula. Além de estar com um caixa enorme, a empresa é lucrativa e as tendências de longo prazo continuam saudáveis”, destaca Otero. Os planos ambiciosos da montadora de veículos sustentam essa visão positiva para o longo prazo. Na última semana, Elon Musk, CEO da Tesla, informou, por meio de uma publicação no X (antigo Twitter), que o lançamento do Robotaxi da companhia será no dia 8 de agosto.

“A Tesla pode vir com novas tecnologias e criar um novo mercado porque trata-se de uma empresa inovadora. Olhando para fundamentos e comparando com outros pares automotivos, consideramos uma companhia estável”, afirma Thiago Guedes, diretor de desenvolvimento de negócios da Bridgewise no Brasil.

Perfil polêmico de Elon Musk ajuda na queda das ações?

Elon Musk, fundador e atual CEO da Tesla, não é conhecido apenas pela sua fortuna que já o colocou no posto de homem mais rico do mundo em 2023. O perfil polêmico também ajuda a tornar inesquecível a imagem do dono da montadora de veículos elétricos. A mais recente envolve a acusação de Musk contra o ministro do Supremo Tribunal Superior (STF), Alexandre de Moraes, por promover censura em decisões judiciais. O bilionário pediu ainda a renúncia ou o impeachment do ministro do STF.

A briga entre Musk e Moraes surgiu após o ministro solicitar ao X o bloqueio de contas que são investigadas por propagar informações falsas e estimular ataques contra a democracia. No entanto, essa não é a única polêmica envolvendo o CEO da Tesla. O bilionário sul-africano decidiu comprar a plataforma X (antigo Twitter) em 2022 após trocar farpas com o ex-presidente da empresa, Parag Agrawal, segundo informações do trecho da biografia sobre Elon Musk, escrita pelo jornalista Walter Isaacson. Veja os detalhes nesta reportagem do Estadão.

Apesar do histórico conturbado, a postura polêmica de Musk não tem impacto significativo nas ações da Tesla. “O mercado normalmente não gosta de ver muito os principais executivos de uma companhia de capital aberto envolvido em polêmicas, mas é o jeito dele. Foi assim que ele construiu algumas das empresas mais inovadoras e diferentes que já vimos até hoje”, destaca Pacheco.

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Já Castro Alves, da Avenue, avalia o perfil de Musk costuma ser positivo para a imagem da Tesla. Segundo ele, o bilionário consegue se comunicar com o público da montadora e gerar um engajamento positivo para a marca. “Musk é o CEO que melhor se comunica com o grande público. Esse perfil, mesmo que polêmico, atrai muita gente que gosta dessa postura”, comenta o estrategista-chefe da Avenue.

De fato, a comunicação de Musk com o público é bastante peculiar. Ao contrário de outros players de mercado, as novidades, assim como as decisões sobre a empresa, costumam ser divulgados pelo próprio CEO pela rede social X. Um exemplo foi o anúncio da data de lançamento do robôtaxi, divulgada por uma simples postagem no seu perfil da rede social.

 

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