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Tesla (TSLA34) e investidores encaram um novo ajuste no mercado

Analistas de Wall Street reduziram as expectativas para as empresas expostas aos veículos elétricos

Tesla (TSLA34) e investidores encaram um novo ajuste no mercado
Carro elétrico da Tesla. Foto: Reuters/Kim Kyung-Hoon
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  • O boom dos veículos elétricos que deu origem a startups multibilionárias levou a Tesla a ser avaliada em valores estratosféricos
  • As avaliações da maioria das ações de fabricantes de veículos elétricos pressupõem uma rápida expansão da indústria
  • Analistas de Wall Street reduziram as expectativas para as empresas expostas aos veículos elétricos

O boom dos veículos elétricos que deu origem a startups multibilionárias da noite para o dia e levou a Tesla (TSLA34) a ser avaliada em valores estratosféricos está começando a perder força apenas alguns anos depois de seu início.

Um tema-chave nesta época de divulgação de resultados é a queda da demanda por veículos elétricos. Primeiro veio o terrível relatório de lucros da Tesla na semana passada, seguido por comentários severos da General Motors (GMCO34), Mercedes-Benz Group AG (ETR: MBG), Honda Motor (HOND34) e da empresa de aluguel de carros Hertz Global Holdings (NASDAQ: HTZ).

A mudança tem preocupado os investidores, já que as avaliações da maioria das ações de fabricantes de veículos elétricos pressupõem uma rápida expansão da indústria. Caso isso não se concretize, os preços das ações provavelmente cairão e muitas startups não vão poder contar com os mercados de capitais para financiar seus negócios não lucrativos.

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“As pessoas sempre foram muito agressivas em relação à adoção dos veículos elétricos”, disse Craig Irwin, analista da Roth Capital Partners. “O que temos agora é um ajustamento do mercado, uma recalibragem de retorno à realidade.”

Embora o CEO da Tesla, Elon Musk, coloque a culpa nas altas taxas de juros, outros chamaram a atenção para a demanda. A GM disse estar repensando as metas, devido às vendas de veículos elétricos estarem mais lentas do que o previsto, e a Honda colocou na gaveta os planos para desenvolver veículos elétricos mais baratos com a GM. A Mercedes chamou a guerra de preços dos veículos elétricos de “brutal” e insustentável, e a Hertz disse que vai diminuir o ritmo de compra desses carros devido aos custos altos com reparos.

Ao mesmo tempo, os analistas de Wall Street reduziram as expectativas para as empresas expostas aos veículos elétricos, como fornecedores de lítio e operadoras de postos de recarga.

“Os veículos elétricos tiveram um período de carência de entusiasmo na demanda inicial, mas parece que ele chegou ao fim”, disse Nicholas Colas, cofundador da DataTrek Research.

Rachaduras à mostra

Os sinais de alerta surgiram no início deste ano, quando a Tesla começou a reduzir de forma agressiva os preços em uma tentativa de fortalecer a demanda. Isso provocou uma guerra de preços conforme outras montadoras seguiam o exemplo, diminuindo a rentabilidade para alguns fabricantes e aumentando os prejuízos já consideráveis de outros.

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No entanto, a demanda manteve-se fraca apesar dos valores mais baixos, levando alguns a concluir que o conjunto daqueles “primeiros consumidores” a adotarem os modelos pode já ter sido explorado. Depois, há outros obstáculos, como as taxas de juros elevadas e empréstimos caros para automóveis, redes de carregamento ainda incompatíveis e os relativamente poucos modelos elétricos disponíveis.

Nem mesmo a pressão política global por opções de transporte mais limpas está tendo impacto nas empresas automobilísticas.

“Os consumidores têm a palavra final sobre até onde os preços podem ir”, disse Colas. “Se a demanda já está oscilando, então as margens vão ser apertadas a partir de agora.”

As ações começaram a refletir essas preocupações. As da Tesla caíram 14% desde a divulgação dos resultados no dia 18 de outubro, e tanto as da Rivian Automotive (NASDAQ: RIVN) como as do Lucid Group (NASDAQ: LCID) recuaram mais de 10% na sequência. O índice S&P 500 caiu 4,4% no mesmo período. Todas elas estão sendo negociadas bem abaixo de seus valores recordes, atingidos no final de 2021 em meio a um mercado otimista mais amplo.

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Ainda assim, a Tesla continua com uma das ações mais caras do S&P 500, sendo negociada em cerca de 56 vezes de seus lucros futuros em comparação com os inúmeros valores medianos a altos de apenas um dígito da General Motors e Ford Motor (FDMO34).

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Enquanto isso, as startups não lucrativas Rivian, Lucid e a mais recente queridinha do mercado, VinFast Auto (NASDAQ: VFS), recebem avaliações de mercado maiores que a do American Airlines Group (AALL34). Portanto, há chances de essas ações caírem ainda mais.

“Para os fabricantes menores, tudo vai depender se eles serão capazes de tornar o fluxo de caixa positivo”, disse Ivana Delevska, diretora de investimentos da Spear Invest. “Para as empresas não rentáveis, o crescimento é importante no contexto da alavancagem operacional, porém a métrica mais importante é o fluxo de caixa.”

A Rivian e a Lucid vendem seus carros a um valor inferior ao que custa fabricá-los. Sem a vantagem da escala, elas precisarão de acesso a capital para financiar as operações num momento em que as despesas com empréstimos estão altas. Adicione a isso uma demanda mais fraca e você tem uma combinação mortal.

A Tesla, com sua capitalização de mercado gigantesca de US$ 660 bilhões, também tem muito em jogo. Muito maior do que qualquer outra montadora do mundo, sua avaliação deixa pouco espaço para erros. E, à medida que a demanda por veículos elétricos fica a ver navios, a pressão sobre seu software de direção autônoma aumentará.

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“Os esforços da Tesla para ter veículos verdadeiramente autônomos estão prestes a se tornar muito mais importantes”, disse Colas, da Datatrek. “O ramo de venda de veículos elétricos está ficando bem mais difícil.”

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