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Mendonça de Barros: “O mercado entra em pânico, as ações caem, mas a empresa volta”

Para o economista e ex-presidente do BNDES, os papéis da Petrobras já são negociados com desconto, por se tratar de uma estatal, e a forte queda recente será passageira

Mendonça de Barros: “O mercado entra em pânico, as ações caem, mas a empresa volta”
Foto: Evelson de Freitas/Estadão
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  • Até 12h, os papéis PETR3 e PETR4 caíram mais de 20% na sessão desta segunda-feira (22)
  • “Acompanho a ação da Petrobras há várias décadas. Durante este período todo, já aconteceu quatro, cinco, seis vezes a mesma coisa que acontece agora”, diz Mendonça
  • Na noite da última sexta-feira, 19, o governo federal anunciou a troca do comando da Petrobras

Os papéis da Petrobras operam em expressiva baixa no pregão desta segunda-feira (22), refletindo o temor de investidores em relação à interferência do presidente Jair Bolsonaro na companhia. Ao longo do pregão, os papéis PETR3 e PETR4 oscilaram em uma queda na faixa de 20%. Para Luiz Carlos Mendonça de Barros, economista, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ex-ministro das Comunicações, o efeito sobre as ações será passageiro.

“Acompanho a ação da Petrobras há várias décadas. Durante este período, já aconteceu quatro, cinco, seis vezes a mesma coisa que acontece agora”, diz Mendonça. “O mercado entra em pânico, as ações caem 10%, 15%, 20%. Depois, nada do que se cria de expectativa acontece e a empresa volta”.

Na avaliação do economista, as ações da companhia são negociadas com um desconto, já embutindo os riscos pelo fato de ser uma empresa estatal.

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Na noite da última sexta-feira (19), o governo federal anunciou a troca do comando da Petrobrás. Em nota, o Ministério de Minas e Energia informou que “decidiu indicar o senhor Joaquim Silva e Luna para uma nova missão, como conselheiro de administração e presidente da Petrobras, após o encerramento do ciclo, superior a dois anos, do atual presidente, senhor Roberto Castello Branco”.

Ainda que não veja um horizonte para o final da crise, Mendonça avalia que o novo indicado encontrará uma solução para a empresa. O dólar, que já subiu mais de 2% nesta segunda-feira (22), impacta no preço do diesel. Portanto, esse seria mais um fator a pressionar o governo e o novo presidente da Petrobras, já que, na visão de Mendonça, o problema dos caminhoneiros é também uma responsabilidade da companhia.

Confira a entrevista na íntegra:

E-Investidor: É um bom momento para comprar a ação da empresa?

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Mendonça de Barros: Acompanho a ação da Petrobras há várias décadas. Durante este período todo, já aconteceu quatro, cinco, seis vezes a mesma coisa que acontece agora. O governo intervém porque tem a propriedade da empresa e é por isso que sempre se tentou privatizá-la. Mas é uma empresa que tem história, que tem um quadro de funcionários muito eficiente, e é uma empresa eficiente, apesar de ser estatal. Esse tipo de coisa acontece, o mercado entra em pânico, as ações caem 10%, 15%, 20%. Depois, nada do que se cria de expectativa acontece e a empresa volta.

Por que isso acontece?

Por ser estatal, a Petrobras tem esse tipo de problema. Ela é negociada com um desconto em relação ao preço da sua ação se fosse privada. O que vai acontecer é que esse desconto vai aumentar, de uma forma brutal, mais de 20%, e ao longo do tempo, conforme as coisas acalmarem, esse desconto volta ao normal.

Se a queda é momentânea, até quando a desvalorização deve durar?

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Não sei. A minha impressão é que o presidente não vai fazer tudo aquilo que as pessoas estão imaginando. Porque o estatuto da empresa tem defesa. O próprio presidente vai se assustar porque, hoje, com o câmbio subindo 2,5%, o diesel ficou 2,5% mais caro. Então, alguém de bom senso vai mostrar, e esse general é uma pessoa muito razoável. Agora, tem que resolver o problema dos caminhoneiros, que é um problema real. Não dá para pegar um caminhão e sair pelo Brasil para levar carga, com o diesel subindo a cada dia.

Qual solução o novo indicado deve encontrar para essa crise?

Tem um mecanismo de seguro que é possível se fazer. Mas alguma solução vem, que não vai acabar dando prejuízo para a empresa. Esse general, sendo uma pessoa razoável, vai procurar resolver. O que não é possível em uma estatal como a Petrobras é o presidente da empresa (Castello Branco) declarar que o problema dos caminhoneiros não é problema da Petrobras. Ele deu um tiro na cabeça aí [ao dizer isso]. Precisamos saber se porque queria sair ou se realmente a ideologia dele levou a esse delírio de palavras.

Essa crise prejudica os planos da companhia de ser uma boa pagadora de dividendos?

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O dividendo não é [dado] pelo valor da ação. É pelo lucro da empresa e isso sempre vai continuar. Hoje o dividendo ficou mais alto porque o preço da ação caiu.

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