Publicidade

Mercado

‘Linx e Stone não deveriam manchar sua história com atitudes tão baixas’, diz Alperowitch

O sócio-fundador da Fama Investimentos questiona os termos da compra da LINX3 pela STNE

‘Linx e Stone não deveriam manchar sua história com atitudes tão baixas’, diz Alperowitch
Abertura de capital da brasileira Stone em outubro de 2018, em Nova York (Foto: Nasdaq)
  • Por meio de uma carta divulgada ao mercado, a gestora Fama Investimentos, que possui 3% da Linx, veio a público denunciar uma suposta conduta antiética na transação entre Linx e Stone
  • De acordo com Fabio Alperowitch, sócio-fundador da gestora, foram utilizados ‘subterfúgios’ para que os principais executivos da empresa de software pudessem receber mais pela venda à Stone do que os acionistas minoritários
  • O episódio questiona a seriedade com que as questões ESG estão sendo tratadas no Brasil

As melhores práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) voltaram ao centro do debate entre investidores nesta semana. O termo não é novo, mas um episódio recente reacendeu a discussão sobre investir em companhias que defendam esses princípios.

O anúncio de compra da empresa de software Linx (LINX3) pela fintech de meios de pagamentos Stone (STNE) na última quarta-feira (12) balançou o mercado. O que prometia ser apenas mais um capítulo da guerra das maquininhas se tornou uma discussão sobre ESG, em relação ao desrespeito às melhores práticas de governança, ou o ‘ponto G’ da venda.

Por meio de uma carta divulgada ao mercado, a gestora Fama Investimentos, que possui 3% das ações da Linx, veio a público denunciar uma suposta conduta antiética na transação entre as companhias.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

De acordo com Fabio Alperowitch, sócio-fundador da gestora, foram utilizados ‘subterfúgios’ para que os principais executivos da empresa de software pudessem receber mais pela venda do que os acionistas minoritários. O questionamento sobre os benefícios levantou dúvidas sobre o acordo do negócio.

Se confirmada, a conduta fere uma regra do Novo Mercado: o chamado ‘Tag Along’, mecanismo que tenta proteger a isonomia entre acionistas ao oferecer as mesmas condições dos controladores aos minoritários. “É como se existissem três preços para a transação entre Linx e Stone: um que todos os minoritários recebem, outro que os fundadores recebem e o terceiro que somente o Alberto Menache [principal executivo da Linx] recebe”, ressalta Alperowitch.

Para o E-investidor, o sócio-fundador da Fama Investimentos detalhou de que forma enxerga a compra da Linx e o que espera após divulgação da carta ao mercado.

E-Investidor: Qual foi o principal problema na compra da Linx pela Stone ?

Fabio Alperowitch: Não foi uma operação ilegal, mas antiética e imoral. Queremos conscientizar o mercado de que esses termos da transação não foram os mais republicanos.

Publicidade

O preço estabelecido para essa transação foi de mais ou menos R$ 34 reais por ação, valor pelo qual a Stone iria adquirir as ações de todos os minoritários. O problema é que os três fundadores da Linx fizeram uma resolução extra com a Stone, baseada em dois pontos. O primeiro era um acordo de não competição, pelos quais eles iriam receber um bom dinheiro. O segundo é em relação ao principal executivo, Alberto Menache, que será contratado pela Stone com um pacote de R$ 75 milhões e mais R$410 mil por mês para trabalhar para eles – no primeiro ano quatro vezes por semana e depois vai diminuindo.

Ou seja, somando tudo, o valor que os fundadores vão receber fica muito acima do preço dos outros acionistas minoritários.  Essa é uma forma pensada para driblar uma regra que existe entre as empresas do Novo Mercado, que é o direito de Tag Along. Esse direito foi suprimido. São estratagemas da companhia para poder se livrar dessa cláusula, o que a gente acha injusto e antiético.

Vocês questionaram os executivos da Linx?

Não há o que discutir com eles, pois os termos são bem claros. Infelizmente foi uma surpresa para nós. Na terça-feira, quando a transação foi anunciada, todos ficaram felizes, mas a partir do momento que os detalhes ficaram explícitos nos sentimos na obrigação de alertar os acionistas em relação a esses pontos que o mercado desconhecia.

E como a gente advoga desde a nossa fundação sobre ética e governança, é natural que tivéssemos o dever de colocar isso publicamente. Então não falamos diretamente com a companhia, eles decidiram fazer dessa forma à revelia, usando subterfúgios para enganar os minoritários.

Publicidade

O que os acionistas podem esperar a partir de agora? 

Essa transação precisa ser aprovada em Assembleia. A nossa carta fez vários acionistas nos procurarem para expressar o mesmo descontentamento pelos termos da proposta. De fato, a nossa atitude teve uma repercussão entre os acionistas minoritários, mas tudo está muito recente.

Acredito que nos próximos dias vamos ver algo mais concreto. Existem vários acionistas locais e outros estrangeiros que vão determinar o tamanho do apoio, ou descontentamento, em relação à proposta.

O Sr. ainda é a favor da fusão?

Sim. Acreditamos que ela é boa para a Linx e para a Stone, mas o que tem que rodar são os termos. Acho que essa seria uma postura bastante íntegra da companhia, de voltar atrás desses termos e seguir com a transação em outras circunstâncias.

Publicidade

Tanto Linx, quanto Stone, têm uma história de sucesso empresarial enorme. Não deveriam manchar sua história com atitudes tão baixas. A esperança é que isso seja revisto e novos termos sejam propostos.

E como fica o ESG nessa história?

Muito comprometido. Estamos no meio de um movimento enorme no Brasil em relação às questões de ESG e seria uma lástima aprovar uma operação que fere totalmente os princípios da boa governança. Seria muito contraditório levantar a bandeira do ESG em uma mão e aprovar uma operação antiética na outra. Essa situação será uma boa prova.

Nossos editores indicam este conteúdo para você investir cada vez melhor:
O que o investidor precisa saber sobre a aquisição da Linx pela Stone
 

Web Stories

Ver tudo
<
Quanto você pode receber de cashback das contas de água, internet e luz?
A rua mais cara do mundo fica no Brasil? Descubra
13º salário: quem não tem direito ao pagamento?
Estas moedas de 50 centavos podem valer R$ 5 mil; veja se você tem em casa
Como Warren Buffett ganhou US$ 282 milhões com o Nubank?
Nem aquecedor, nem ar-condicionado: estes truques vão aquecer a casa sem pesar a conta de luz
13º salário: o que fazer se você ainda não recebeu o seu?
Por que os bancos gringos estão dizendo ‘fuja do Brasil’
Nem vinho, nem tequila: descubra qual é a bebida mais cara do mundo e se ela vende no mercado
O que Warren Buffett está tramando? Maior investidor do mundo liga o modo venda
Banana de R$ 36 milhões? Confira as frutas mais caras do mundo
Renda extra: 5 dicas para ganhar mais trabalhando no conforto de casa
>

Informe seu e-mail

Faça com que esse conteúdo ajude mais investidores. Compartilhe com os seus contatos