- Apesar de alertas de Wall Street sobre uma possível bolha no mercado americano, um relatório do JPMorgan mostra uma visão oposta do banco americano para o momento
- Marko Kolanovic, estrategista quantitativo e de derivativos do JPMorgan, orienta os clientes a ignorarem os alertas e seguirem comprando as ações que caíram nos últimos dias
- Eventual bolha acontece pela alta valorização de ativos que estavam em posições vendidas
Uma possível bolha no mercado americano alarmou Wall Street nos últimos dias. No início deste mês, estrategistas do Bank of America (BofA) afirmaram que uma bolha nos preços dos ativos estaria se formando e previram uma correção de mercado e posicionamento para o pico no primeiro trimestre. Enquanto Mike Wilson, estrategista-chefe de ações dos EUA do Morgan Stanley, disse que espera um começo “iminente” de correção no S&P 500.
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Marko Kolanovic estrategista quantitativo e de derivativos do JPMorgan, elaborou um relatório divulgado nesta quarta-feira (27) com uma visão oposta. No documento, ele orienta que os clientes do banco americano ignorem a perspectiva de que as ações vão recuar e afirma que o que está havendo no momento é excesso de especulação no mercado.
Ele também recomenda que os investidores continuem comprando os papéis que estiveram em queda nos últimos dias. “Turbulências de curto prazo, como a desta semana, são oportunidades de rotação de títulos para ações”, diz Kaloanovic. Segundo o estrategista, o critério para definir se há uma bolha nos ativos é a quadruplicação dos preços nos últimos três anos, o que não acontece com o S&P 500, que subiu cerca de 30% no período.
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Apesar disso, Kaloanovic reconhece que alguns setores, como o de fabricantes de veículos elétricos e o de energia solar, exibem sinais de supervalorização. Porém, o analista ressalta que o modelo do banco para rastrear estratégias baseadas em computação para seleção de fundos de ações, mostra que seu posicionamento em renda variável permanece no 30º percentil de um intervalo de 15 anos.
Portanto, a baixa exposição significa que os gestores de recursos provavelmente vão ampliar seus ativos, empurrando as ações para cima no longo prazo, uma vez que as economias são impulsionadas pelas vacinas contra a covid-19. “Qualquer recuo do mercado, como o que foi motivado pelo reposicionamento por um segmento da comunidade que assume posições compradas e vendidas, é uma oportunidade de compra”, afirma Kaloanovic.
Início da possível bolha
A especulação de bolha no mercado americano aconteceu após ações como a GameStop (GME, na NYSE) subirem 1.600% em 2021, incluindo alta de 135% somente na quarta-feira (27), o que derrubou as ações preferidas pelos fundos hedge.
Isso aconteceu, pois os grandes investidores tinham posições vendidas nos papéis (estratégia conhecida como ‘apostar contra’ uma ação). Montar uma posição vendida significa, a grosso modo, alugar um número de ações de um investidor ‘X’, vendê-las para um terceiro investidor pela cotação vigente, para depois recomprá-las quando o preço dos papéis caírem e, em seguida, devolvê-las ao ‘dono’ original.
Dessa forma, é possível ganhar com a baixa de um ativo. Então, a sua alta valorização ao invés de sua queda, obrigou os gestores a se reposicionarem se desfazendo de apostas lucrativas para cobrir perdas e evitar grandes prejuízos, o que derrubou algumas ações.
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Essa movimentação aconteceu, pois usuários do Reddit ‘trolaram’ Wall Street pegando o mercado de surpresa com uma compra em massa de investidores pessoa física nas ações da GameStop. O prejuízo estimado no mercado de opções foi de US$ 1,6 bilhão apenas no pregão de segunda (25), quando o movimento começou e a GME subiu 144% no dia.
Outras ações que também apresentarem este movimento foram as da AMC Entertainment (AMC) registrou alta de 300% na quarta (27) e a da BlackBerry (BB) acumula valorização de mais de 250% em janeiro.
*Com informações da Bloomberg
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