- Segundo as analistas, é necessário ter investimentos no exterior para ter uma carteira rentável e variada
- As mulheres ocupam apenas 14,5% das posições de comando das empresas de capital aberto no Brasil
Com a taxa de juros brasileira na casa dos 13,75% e o cenário macroeconômico norte-americano longe de demonstrar algum sinal de arrefecimento com as mais recentes falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), manter uma carteira de investimentos equilibrada e rentável parece um desafio complexo. A principal orientação vem de Jennie Li, estrategista da XP Investimentos, e Flávia Meirelles, analista da Ágora Investimentos: diversificação do portfólio.
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As especialistas falaram sobre o assunto na live “Como equilibrar a carteira de investimentos”, realizada pelo E-Investidor nesta quarta-feira (08), conduzida pela editora-chefe do portal Valéria Bretas e pela repórter Luiza Lanza. Na ocasião, elas trataram de alguns dos principais pontos que afetam os mercados nacionais e internacionais atualmente, como o novo arcabouço fiscal do Brasil, as altas nas taxas de juros e a participação das mulheres no mercado financeiro.
Jennie Li destacou as oportunidades que os mercados internacionais trazem para auxiliar a na diversificação da carteira de investimentos. “Quando a gente olha o desempenho dos ativos brasileiros em comparação com os internacionais, a gente já percebe que nós estamos ficando para trás, tanto em relação à Bolsa quanto à política econômica. A nossa curva de juros é uma das mais afetadas com essa situação do arcabouço fiscal”, comentou a estrategista.
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“Quando olhamos lá fora, as taxas de juros estão bem altas e acima de médias históricas, com uma diversidade de investimentos muito maior. E ainda é possível investir em títulos de dívidas de empresas brasileiras nos EUA que são consideradas de alto risco lá pagos em dólar. Diversificação é a chave de tudo”, completou.
Flávia Meirelles, no entanto, comenta que, no caso da renda fixa, investir no Brasil pode ser mais interessante. “Quando nós falamos de renda fixa, faz mais sentido investir no Brasil por conta do custo de oportunidade. As Bolsas americanas ainda têm muito espaço para cair, por conta do Fed, então talvez não valha tanto a pena investir lá”, disse.
As analistas ainda destacaram que, os interessados em renda variável, o momento atual pode ser interessante em relação a algumas empresas brasileiras. Por mais que o varejo esteja em um momento ruim, Li recomendou as ações do Assaí (ASAI3) e Grupo Soma (SOMA3), enquanto Flávia destacou os papéis das Lojas Renner (LREN3) e da Arezzo (ARZZ3) no setor.
Outro ponto de destaque de ambas as analistas no mercado de renda variável são as ações ligadas a commodities. Meirelles destacou os papéis da Vale (VALE3) como um ativo de bom desempenho no Brasil, recomendando os investidores olharem ações com distribuição de dividendos para driblar a volatilidade.
O mercado financeiro e as mulheres
O mercado financeiro, tradicionalmente, é um setor dominado pelos homens. No Brasil, isso ainda se intensificou nos últimos três anos, com as mulheres perdendo participação na Bolsa de Valores. Em 2020, elas representavam 26,24% dos investidores com ações ou outros ativos na B3, enquanto atualmente as mulheres representam 22,89% do total.
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No entanto, em números absolutos, as mulheres seguem crescendo na Bolsa. Os dados de pessoas físicas da B3 mostram que em 2016 elas eram pouco mais de 130 mil entre 564 mil investidores. Em 2021, do total de 5,9 milhões de investidores, 1,1 milhão eram do sexo feminino, aumento de 36%. Em 2022 o número passou para 1,34 milhão, um acréscimo mais tímido, de 16%, e atualmente são 1,38 milhão, número 3,3% a mais que no ano passado.
No quesito de cargos de liderança no mercado financeiro, a representatividade das mulheres também segue baixa. Segundo dados do TradeMap, a presença feminina em cargos executivos, diretoria e Conselho de Administração cresceu 78% entre os anos de 2017 e 2022. Mas, apesar desse avanço, as mulheres ocupam apenas 14,5% das posições de comando das empresas de capital aberto no Brasil.
Sobre a representatividade das mulheres, Li destacou que o caminho não será fácil até uma situação de equidade com os homens.” No curto prazo vai ser difícil resolver essa diferença entre homens e mulheres, mas medidas que obrigam paridade vão melhorar essa situação no curto prazo. Com o tempo, com educação e o passar das gerações, talvez a gente consiga isso sem tal obrigação”, comentou.
Para discutir os desafios e a presença das mulheres no mercado financeiro, o E-investidor, Fin4She e a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) prepararam uma programação completa e especial voltada para o protagonismo feminino.
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