- A varejista reportou um lucro de R$ 331,2 milhões durante os meses de julho a setembro, graças a créditos tributários
- Se não fosse por esse evento não recorrente, a companhia teria reportado um prejuízo de R$ 143 milhões
- As ações iniciaram o pregão desta terça-feira (14) com uma desvalorização de 9%
A reversão do prejuízo em lucro da Magazine Luiza (MGLU3) durante o terceiro trimestre deste ano não foi o suficiente para conquistar o otimismo do mercado. Pelo contrário, aumentou ainda mais a desconfiança sobre a capacidade da companhia em gerar lucro. Por volta das 10h, as ações da varejista despencaram 9%, sendo cotadas a R$ 1,57. O pessimismo se baseia em duas notícias: o motivo da geração do lucro e a identificação de incorreções contábeis.
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Segundo o balanço referente ao terceiro trimestre de 2023, divulgado nesta segunda-feira (13), a companhia reportou um lucro de R$ 331,2 milhões durante os meses de julho a setembro graças a créditos tributários no valor de R$ 523,8 milhões. Já no mesmo período do ano passado, a varejista registrou um resultado negativo de R$ 190,9 milhões. Se não fosse por esse evento não recorrente, a companhia teria reportado um prejuízo de R$ 143 milhões.
“Os resultados foram bem ruins. Avaliamos que o mercado está bem difícil, especialmente diante das dificuldades das lojas físicas de entregar bons resultados”, afirma Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research. Segundo a Magalu, a vendas totais cresceram 5% durante o período e atingiram R$ 15 bilhões. A alta foi puxada, principalmente, pelo e-commerce que avançou 5,7% no número de vendas. Por essa razão, a Empiricus mantém uma recomendação neutra para o papel.
A Magalu informou ainda, por meio de fato relevante, a presença de incorreções contábeis que resultaram na redução do patrimônio líquido da empresa de R$ 829,5 milhões para R$ 322,1 milhões. Segundo Georgia Jorge, analista do Banco do Brasil Investimentos, a identificação de incorreções contábeis nas práticas da Magazine Luiza, a partir de uma denúncia anônima, é vista como negativa por aumentar a percepção de risco da empresa.
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“Ainda que a denúncia tenha sido considerada improcedente, a necessidade de reapresentação de lançamentos contábeis e de implantação de medidas visando ao aprimoramento dos mecanismos de controles internos gera incertezas quanto à existência de outras inconsistências porventura ainda não evidenciadas”, afirma Jorge.
Já para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a notícia também eleva o receio dos investidores com o setor de varejo, que é penalizado por eventos recentes como a fraude contábil da Americanas (AMER3) e as crises enfrentadas pela Marisa (AMAR3) e Grupo Casas Bahia (BHIA3). “O ajuste traz um impacto ruim na imagem da empresa, especialmente para o investidor pessoa física. Isso porque quem está posicionado na companhia está com um prejuízo grande”, diz Cruz.
No acumulado do ano, os papéis da varejista acumulam uma desvalorização de 41,61%. Já nos primeiros minutos de pregão, as ações caíram 9%. As perdas persistiram ao longo da manhã. Por volta das 11h58, os papéis estavam em queda de 6,9%, negociados a R$ 1,63. Diante dos resultados mistos, desafios macroeconômicos com juros ainda elevados e o aumento da percepção de risco da empresa após a identificação de incorreções contábeis, o estrategista-chefe da RB Investimentos orienta o investidor a ficar de fora do setor.