O que este conteúdo fez por você?
- Venda da The Body Shop ainda não está garantida
- O desinvestimento faz parte do processo de ajuste operacional da companhia
- A justificativa para a negociação é que não houve sinergias entre as marcas
A Natura&Co (NTCO3) encerrou a segunda-feira (30) com a ação em queda de 0,88%, cotada a R$ 12,38, apesar do anúncio de assinatura do termo de exclusividade para venda da The Body Shop (TBS). O ativo reporta queda de 17,32% nos últimos doze meses, razão pela qual a empresa busca ajustar suas operações.
Leia também
Em relatório encaminhado ao mercado no final de setembro, o BB Investimentos já dizia considerar positiva a potencial venda da TBS, pois o desinvestimento ajudaria a reduzir dispêndio de caixa e lapidar a rentabilidade do grupo. “Diante disso e do potencial de valorização entre o preço corrente e o preço-alvo, entendemos abrir uma oportunidade de compra do papel”, destacou, à época, elencando um preço-alvo em R$ 18,20.
Ainda assim, a analista Georgia Jorge frisou que o BB se mantém cauteloso para com a recuperação da Avon International – outra marca da Natura&Co – a ser acompanhado nos próximos trimestres, conforme a evolução das medidas para transformação do negócio.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
A tese de investimentos da instituição financeira se baseia na diversificação dos canais de vendas, com expertise em cada um deles, bem como na base de consultoras na América Latina, com histórico de aumento de produtividade. Também na diversificação geográfica em escala global, permitindo que o grupo minimize impactos negativos decorrentes de cenários macroeconômicos desafiadores, e na na atividade em inovação, focada principalmente em produtos naturais e não testados em animais.
O último ponto elencado diz respeito à captura de sinergias em decorrência da aquisição e integração da Avon ao grupo, cuja operação foi concluída em janeiro de 2020 por cerca de US$ 2 bilhões.
Em relação aos riscos, a analista destacou que estes são a incapacidade de integrar suas plataformas físicas (vendas diretas e lojas) ao comércio eletrônico, perdendo espaço para os concorrentes, bem como a incapacidade de criar produtos inovadores e bem-sucedidos, além de atrair e reter consultores independentes, e a incapacidade de integrar as divisões de negócios resultantes de fusões e aquisições. Também o ambiente concorrencial.
The Body Shop
Em se tratando da venda da TBS, o termo foi firmado com a Aurelius Investment Advisory Limited e as condições da potencial venda estão sendo negociadas. Não há garantia de que a operação será concluída, informou a empresa.
Para Bruno Benassi, especialista em ações da Monte Bravo Corretora, a venda não impactará o balanço da companhia, programado para o dia 13 de novembro de 2023, porém, vem alinhado com a estratégia do grupo de simplificar suas operações e focar esforços nas sinergias da fusão com a Avon.
Publicidade
Ele explica que após diversas aquisições que transformaram a empresa em um player global, e que não trouxeram os frutos esperados, a Natura resolveu se voltar para o mercado regional. “Também para operações que podem ser mais rentáveis após as mudanças que estão sendo executadas”, afirma.
O analista lembra que a venda da AESOP para a L’Oréal por US$ 2,52 bilhões, em abril deste ano, ajudou a Natura a trazer suas métricas de endividamento para parâmetros mais confortáveis, e a venda da TBS deve tornar a situação ainda mais ajustada. A Monte Bravo não tem recomendação ou preço-alvo para o ativo, neste momento, pois está reestruturando a Research.
Já a analista de varejo da Levante Corp, Caroline Sanchez, destaca que o balanço do 3TRI23 deve vir novamente pressionado por conta dos maiores custos de transformação, além de maiores despesas financeiras impactando a última linha. A Research tem recomendação neutra e o preço-alvo é informado apenas aos clientes.
A Ativa Research também tem recomendação neutra, com preço-alvo em R$ 18,20, e diz enxergar a venda da TBS como positiva, principalmente porque a Natura conseguirá reforçar o caixa quando a operação for concluída. “Também irá controlar melhor sua alavancagem financeira”, indica.
Publicidade
Além disso, acrescenta que no último resultado a Natura apresentou números que demonstraram recuperação, com todo o plano de reestruturação, aparentemente, tendo efeito. “Para esse trimestre, enxergamos da mesma forma, com recuperação gradual, porém, nada surpreendente, dado que a companhia ainda apresentará despesas operacionais pressionadas, pressionando a margem Ebitda”, aponta.
Recomendações
- BTG Pactual tem recomendação neutra, com preço-alvo em R$ 18;
- Itaú BBA mantém recomendação de compra, com preço-alvo em R$ 21;
- Goldman Sachs tem recomendação neutra, com preço-alvo em R$ 17;
- JPMorgan reduziu o preço-alvo de R$ 25 para R$ 19, reiterando compra.
Últimos balanços
Vale lembrar que no segundo trimestre de 2023 a Natura reportou prejuízo atribuído aos acionistas controladores de R$ 731,9 milhões reduzindo as perdas em 4,6% com relação ao prejuízo do segundo trimestre de 2022, quando obteve R$ 766,8 milhões.
No primeiro trimestre de 2023 a companhia reportou prejuízo líquido de R$ 652,4 milhões, alta de 1,4% em relação ao prejuízo do 1TRI22.