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Mercado

As novas perspectivas para o Ibovespa com a vitória de Biden nos EUA

Candidato democrata traz maior previsibilidade ao mercado. Setores atrelados ao dólar podem sofrer

As novas perspectivas para o Ibovespa com a vitória de Biden nos EUA
Foto: Angela Weiss/AFP
  • Para as fontes ouvidas pelo E-Investidor, o principal índice da B3 tem chances de encerrar 2020 entre 110 mil e 115 mil pontos. Além da vitória de Biden, está inclusa nessa projeção a possibilidade de descoberta de uma vacina contra a covid-19
  • Fator comum entre especialistas é que Biden traz mais previsibilidade para o mercado de capitais, diferentemente de Trump, que costumava surpreender em suas ações e reações em diversas questões

A vitória de Joe Biden animou os mercados ao redor do mundo, e no Brasil não foi diferente. O resultado favorável ao partido Democrata já vinha sendo precificado na última semana, na avaliação de analistas do mercado, mas a prova do bom humor dos investidores aflorou mesmo no pregão desta segunda-feira (9), com o Ibovespa chegando a bater os 105 mil pontos no início da manhã.

Para as fontes ouvidas pelo E-Investidor, o principal índice da B3 tem chances de encerrar 2020 entre 110 mil e 115 mil pontos. Além da vitória de Biden, está inclusa nessa projeção a possibilidade da descoberta de uma vacina contra a covid-19, após a notícia de que a Pfizer conseguiu uma eficácia de 90% nos testes.

“O mercado deve ficar em um período de adaptação a esse novo cenário. Depois, o Brasil volta aos seus problemas naturais: reformas, legislação fiscal”, analisa Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

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Nas próximas duas semanas ainda será possível ver bons saldos na Bolsa, decorrentes do resultado da eleição norte-americana, avalia Silveira. Fica no radar, contudo, a possibilidade de Donald Trump questionar judicialmente a sua derrota nas urnas, o que atrasaria a sucessão presidencial.

“Mas o mercado ainda não está apostando que Trump vá conseguir alguma coisa”, diz o economista-chefe da Nova Futura.

Eliseu Hernandez D’oliveira, analista da BlueTrade, avalia que a alta na Bolsa desta segunda (9), em partes, se deve às expectativas de um maior estímulo fiscal por parte dos Estados Unidos com o governo democrata e ainda ao enfraquecimento do dólar. Ele também ressalta a necessidade do País se ater aos desafios internos.

“Independentemente do resultado, ainda há preocupação com o aspecto fiscal aqui no Brasil. O mercado espera que o País faça as reformas necessárias (administrativa e tributária) e siga com a agenda de privatizações“, defende D’oliveira.

Maior previsibilidade

Fator comum entre especialistas é que Biden traz mais previsibilidade para o mercado de capitais, situação bem diferente de Trump, que costumava surpreender em suas ações e reações em diversas questões. A relação com a China, por exemplo, maior concorrente comercial dos Estados Unidos, ganhou tons mais acalorados desde que o republicano assumiu o controle da Casa Branca.

“Os entraves entre os dois países deixava o mercado muito apreensivo. Isso começa a perder força e talvez a ganhar um cenário novo, com retirada de tarifas e um maior entendimento entre as duas grandes economias”, analisa Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos. “E há impactos para o Ibovespa, já que a China é o principal mercado do Brasil em comércio internacional, e os Estados Unidos são o segundo”.

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Outros pontos que podem trazer efeitos para o Brasil, na visão de Bertotti, é o pacote de estímulos à economia norte-americana e a política tributária que Biden irá assumir, além da condução do combate à  pandemia, que volta a registrar aumento de casos nos Estados Unidos e em países da Europa.

Quais setores terão impacto?

Setores que dependem de grande demanda de capital, como o de infraestrutura, podem se beneficiar com o democrata à frente da Casa Branca. É o que avalia Henrique Filizzola, advogado especialista em mercado de capitais do Stocche Forbes Advogados.

Para ele, as empresas de energia, seja de transmissão, distribuição ou geração, as de infraestrutura de rodovias, e até as do varejo, que passaram a ter muita necessidade de recursos em tecnologia, integram os setores que necessitam de capital intensivo e podem se beneficiar nesse contexto.

“O mercado de capitais realmente vai ser uma opção adicional, ainda mais em um cenário econômico como o nosso, em que as pessoas estão cada vez mais buscando alternativas de rentabilidade com a Selic em um patamar muito baixo”, diz Filizzola.

Bertotti também ressalta que o setor financeiro poderá tirar proveito, uma vez que, segundo o analista, “toda retomada econômica passa por ele”.

“Os grandes bancos, principalmente, recebem muito do volume financeiro. Hoje esses papéis (de bancos e empresas do setor) estão subindo 6%, 7%. Ou seja, isso passa muito por esse tom de otimismo de uma possível retomada”, avalia o economista-chefe da Messem.

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Devido ao forte apelo de Biden às pautas ambientais, Bertotti avalia que fica uma interrogação para as empresas de combustíveis fósseis, como o petróleo, quanto à atuação do democrata, que já sinalizou movimentos como a volta dos Estados Unidos ao Acordo de Paris.

O economista também lembra que o dólar, que vem mostrando movimento de queda, pode afetar o desempenho de empresas que têm parte de suas receitas atreladas à moeda norte-americana, como as de siderurgia e mineração e as de celulose.

Nesta segunda, o dólar à vista fechou em queda de 0,04%, negociado a R$ 5,3917.

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