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De R$ 25 para R$ 7: o que fazer com os papéis da Magalu?

Ações acumulam baixa de 70% no ano e já devolvem todos os ganhos do período de isolamento

De R$ 25 para R$ 7: o que fazer com os papéis da Magalu?
Papéis da Magazine Luiza acumulam queda de 70% em 2021. (Fonte: Shutterstock)
  • Os papéis da Magazine Luiza, um dos maiores players do varejo eletrônico, valorizaram 109,8% entre janeiro e dezembro de 2020, passando de R$ 12,05 para R$ 24,95
  • Contudo, em 2021, esse cenário se inverteu. Quem tem MGLU3 na carteira viu os ativos derreterem ao longo dos últimos 11 meses. No acumulado, a desvalorização neste exercício está em cerca de 69%
  • Aumento da concorrência, deterioração do cenário macroeconômico e balanço aquém das expectativas contribuíram para desvalorização

No ano passado, as ações ligadas ao e-commerce foram bastante beneficiadas pelas novas necessidades trazidas pela pandemia. O distanciamento social provocou um boom nas compras on-line e as ações das principais empresas do ramo saltaram na Bolsa.

Os papéis do Magazine Luiza (MGLU3), um dos maiores players do varejo eletrônico, valorizaram 109,8% entre janeiro e dezembro de 2020, passando de R$ 12,05 para R$ 24,95.

Contudo, em 2021, esse cenário se inverteu. Quem tem MGLU3 na carteira viu os ativos derreterem ao longo dos últimos 11 meses. No acumulado, a desvalorização neste exercício está em cerca de 69%. Até o fechamento da última terça-feira (7), as ações estavam sendo negociadas a R$ 7,62, após começarem o ano no patamar de R$ 25. As baixas se acentuaram a partir do segundo semestre do ano: entre julho e o início de dezembro, a queda foi de 63%.

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E não é só o Magazine Luiza que está sofrendo. No geral, os papéis dos principais nomes do comércio eletrônico desabaram no período, como Via (VIIA3) e Americanas (AMER3), que também estão com retornos negativos de 45% e 60%, respectivamente. O cenário macro contribuiu para esse panorama. A escalada de inflação, e por consequência dos juros em alta, acertam em cheio o bolso das famílias e as empresas muito ligadas aos ciclos econômicos e que dependem do consumo, como as varejistas.

“As premissas macro deram uma piorada do meio do ano para cá, como a expectativa para o crescimento da atividade (PIB). Isso fez com que a gente revisasse os preços de todas as empresas para baixo, não só de Magazine Luiza”, afirma Flávia Meireles, analista da Ágora Investimentos.

Paralelamente a isso, o aumento da competição no e-commerce deve pressionar as margens. Meireles relembra que, além de forte concorrência interna entre Magalu, Americanas, Via e Mercado Livre (MELI34), houve a entrada de grandes players estrangeiros no País entre 2020 e 2021, como a Shopee e o AliExpress, que abriu a plataforma para vendedores brasileiros.

No dia 16 de novembro, o Mercado Livre inaugurou um centro de distribuição em São Paulo focado em linha branca (refrigeradores, lavadoras, secadoras etc), uma das principais vertentes em que a Magazine Luiza atua. A notícia pressionou ainda mais os papéis da empresa, que fecharam aquele pregão em queda de 12,65%.

Resultados aquém do esperado

Fora esses fatores, os resultados do 3º trimestre da companhia da família Trajano foram piores que as expectativas. As vendas de lojas físicas caíram 14,6% na comparação com o mesmo trimestre de 2020 e o EBITDA de R$ 351 milhões veio abaixo do esperado. O lucro líquido ajustado de R$ 22,6 milhões aferido entre julho e setembro de 2021 representa uma queda de quase 90% em relação ao montante no mesmo período de 2020, de R$ 215,9 milhões.

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Roberto Nemr, analista da Ohmresearch, também vê um cenário macro desafiador para as varejistas e resultados aquém do esperado no último trimestre. “Foi bem fora das expectativas tanto em vendas quanto em margens. E para uma empresa como Magazine Luiza, que é valorizada em função do crescimento, que não é barata, é ruim. Desde o pico dela, vimos uma queda vertiginosa nos papéis, a empresa está valendo ⅓ do que já valeu”, afirma.

O especialista  destaca ainda a queda em pares internacionais. “O próprio Mercado Livre, a mais valiosa do setor na América Latina, caiu de US$ 1.700 para US$ 1.100, uma perda substancial. Então é muito difícil a MELI cair e as demais empresas do setor não caírem também”, explica. “O Alibaba está nas mínimas desde o IPO dele, a Amazon até que segurou, mas em mercados emergentes todas as varejistas de e-commerce caíram”, explica Nemr.

Ações voltarão ao topo?

De acordo com os especialistas ouvidos pelo E-Investidor, os papéis não devem voltar para o patamar visto no início do ano, pelo menos no curto prazo. O preço-alvo da Ágora Investimentos para o final de 2022 é de R$ 17.

“Já esperávamos resultados ruins do Magazine Luiza, mas veio pior ainda”, afirma Meireles. “Estamos cautelosos com o papel, pode ser que caia mais. Preferimos esperar os próximos resultados e uma melhora no cenário macro. Agora não temos motivos para recomendar a compra.”

A Ativa Investimentos também olha com cautela para os dados macro de inflação e juros. “O setor está com um cenário bastante desafiador, por isso estamos sendo bem seletivos na escolha das ações”, afirma a casa. “A Magalu tem um histórico de execução muito bom, tem um ecossistema muito completo de logística, uma plataforma digital robusta, é uma empresa que gostamos, mas para os próximos meses não há uma conjuntura muito favorável.”

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Já Nemr vê melhores oportunidades no setor. Para o analista, o preço dos gigantes estrangeiras, como o Alibaba, está mais atrativo. Entre as brasileiras, a Americanas (AMER3) estaria capturando melhor a retomada das compras em lojas físicas no ‘pós-pandemia’.

“A grande realização nos papéis do varejo passou, mas não acredito que o preço voltará para o pico (registrado em janeiro), explica. “Primeiro porque é esperado um crescimento econômico menor, não haverá um outro boom de e-commerce como observado na pandemia”, explica Nemr.

 

 

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