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Ainda dá tempo de comprar Petrobras (PETR4) pensando nos dividendos. Vale a pena?

Dividendos extraordinários foram aprovados nesta quinta (25), data-com para comprar ações e receber os proventos

Ainda dá tempo de comprar Petrobras (PETR4) pensando nos dividendos. Vale a pena?
Petrobras. (Foto: Geraldo Falcão/Petrobras)
  • A Assembleia Geral Ordinária (AGO) da Petrobras, realizada nesta quinta-feira (25), trouxe uma boa notícia para investidores: a tão aguardada aprovação do pagamento de 50% dos R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários que haviam sido retidos pela estatal no início de março
  • A data-com dos valores referentes ao 4º trimestre de 2023 da Petrobras também é esta quinta-feira
  • Analistas mantêm recomendação de compra das ações, mas foco deve ser longo prazo e não dividendos extras

A Assembleia Geral Ordinária (AGO) da Petrobras, realizada nesta quinta-feira (25), trouxe uma boa notícia para investidores: a tão aguardada aprovação do pagamento de 50% dos R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários que haviam sido retidos pela estatal no início de março. O mercado já estava com as atenções voltadas para essa possibilidade desde que, na última sexta-feira (19), o Conselho de Administração da companhia informou que o pagamento dos valores não compromete a sustentabilidade da empresa.

Os dividendos extraordinários representam um valor de R$ 2,89 por ação, que devem ser pagos em duas parcelas, nas mesmas datas dos proventos ordinários.

Isso significa que investidores que quiserem receber os cerca de R$ 22 bilhões extras em proventos da petroleira estão com o prazo apertado. A data-com – termo usado para se referir à data limite que um acionista precisa comprar determinado papel na carteira para ter direito à distribuição de dividendos ou JCP – dos valores referentes ao 4º trimestre de 2023 da Petrobras também é esta quinta-feira.

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Ao longo da semana, a possibilidade de pagamento dos proventos extraordinários fez o Bradesco BBI elevar a recomendação de compra das ações da Petrobras de neutro para outperform, o equivalente à compra, antes mesmo da AGO. “Depois de um primeiro trimestre de 2024 barulhento (que levou ao rebaixamento da Petrobras, após a retenção de dividendos), vemos a poeira baixando, com os eventos se tornando cada vez mais positivos (pelo menos por enquanto) para a tese de investimento”, afirmam os analistas Vicente Falanga, e Gustavo Sadka, em relatório enviado a clientes.

Junto com a mudança de recomendação, o BBI elevou o preço-alvo para a ação preferencial (PETR4) de R$ 41 para R$ 46. Veja mais detalhes aqui.

O Goldman Sachs também reiterou a recomendação de compra para as ações da Petrobras depois do posicionamento do Conselho de Administração favorável ao pagamento de 50% dos proventos extras. “Com base nas nossas conversas recentes, alguns investidores já esperavam o pagamento de dividendos extraordinários”, ressaltaram em relatório.

O banco mantém a recomendação de compra para PETR3 e PETR4, com preços-alvos de R$ 49,40 e R$ 44,90, respectivamente.

Todas as recomendações, no entanto, têm foco no longo prazo e não visam somente capturar os dividendos extraordinários. Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, explica que os proventos são descontados do preço das ações, então não há grandes vantagens investir na PETR3 ou PETR4 apenas pensando nos valores a serem pagos.

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“Não acho que seja interessante a compra das ações da Petrobras antes da data-ex pensando, exclusivamente, no recebimento dos proventos. É possível que tenhamos um certo movimento de realização, pensando em uma eventual saída de investidores que compraram as ações pensando justamente nos dividendos extraordinários”, diz Serra.

Ainda assim, a corretora acredita que, para quem quer manter a ação na carteira, este pode ser um bom momento para alocar na estatal. “Os fundamentos da Empresa se mostram saudáveis, e os preços mais elevados do petróleo podem beneficiar os resultados no curto prazo. Por mais que haja um risco de governança associado ao acionista majoritário, visto os prós apresentados, recomendamos a compra das ações para longo prazo”, diz o analista da Toro.

Relembre o caso

O imbróglio sobre o pagamento ou não de dividendos extraordinários pela Petrobras começou em 07 de março, dia em que a estatal divulgou os resultados referentes ao 4º trimestre de 2023 e comunicou ao mercado que pretendia distribuir somente o mínimo estabelecido pela Política de Remuneração aos Acionistas, ou seja, 45% do fluxo de caixa livre em proventos – um montante de R$ 14,2 bilhões. Os outros R$ 43,9 bilhões da reserva estatutária seriam represados.

A notícia caiu como uma bomba entre investidores e somente no pregão seguinte, do dia 08 de abril, a estatal perdeu R$ 54,3 bilhões em valor de mercado, em uma sessão em que a PETR3 cedeu 10,37%, enquanto a PETR4 caiu 9,14%. Foi a pior performance da companhia na Bolsa desde fevereiro de 2021.

A principal dúvida do mercado era relacionada ao destino dos valores retidos. Circulou entre investidores que a companhia estaria estudando a possibilidade de criar um novo fundo para receber os proventos extraordinários com foco em investimentos futuros. Um movimento que faria “pouco sentido”, avaliou o BTG Pactual à época. A Petrobras também negou os rumores.

No início do mês, a pressão pelo pagamento dos proventos escalou para um racha entre integrantes do governo, com um atrito público entre o CEO Jean Paul Prates e o ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira. Nos bastidores, dizia-se que Prates estava com os dias contados no cargo. O principal cotado para assumir a presidência da petroleira era o ex-ministro e atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante – um boato que penalizou as ações da estatal, como mostramos aqui.

Ao longo do mês de abril, Jean Paul Prates ganhou apoio do ministro da Fazenda Fernando Haddad e permaneceu no cargo, um sinal visto com bons olhos pelo mercado. Com o governo federal em busca de alternativas para aumentar receitas, o pagamento dos dividendos retidos voltou ao radar. Na última semana, a meta fiscal foi revisada de superávit de 0,5% do PIB para déficit zero em 2025 – o entendimento é que a União também precisa de novas fontes de recursos e, neste caso, poderia se beneficiar com a distribuição dos R$ 43,9 bilhões retidos pela Petrobras.

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Assim, na última sexta-feira (19), quando o Conselho de Administração informou que proporia na AGE desta quinta-feira (25) a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários, o tema já havia sido precificado pelo mercado. 

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