- Penny stocks são ações negociadas por centavos
- Saraiva (SLED4 e SLED3) e Dommo Energia (DMMO3) são as únicas negociadas por menos de R$ 1 até o fechamento de 26 de fevereiro de 2021
- Ao total, oito ativos tem cotação inferior a R$ 1,50
Quem assistiu ao filme O Lobo de Wall Street deve se lembrar que o personagem de Leonardo di Caprio começou a ganhar dinheiro no mercado financeiro vendendo penny stocks, ou seja, ações que nos Estados Unidos valem menos de US$ 5. Já no Brasil, essa categoria corresponde aos papéis cujas cotações são menores que R$ 1.
Leia também
Pelas regras da B3, esses ativos também não podem passar muito tempo nessa faixa de preço. Em condições normais, as companhias cujas ações passassem 30 pregões seguidos sendo negociadas por centavos, teriam um prazo de seis meses para fazer o grupamento dos ativos e elevar os preços para venda.
Isso significa que, em vez de comprar uma única ação de uma companhia por cinquenta centavos, por exemplo, o investidor compraria um lote de 10 ações por cinco reais. O único período em que as companhias ficaram desobrigadas a fazerem a manutenção das penny stocks foi entre 7 de abril de 2020 e 01 de janeiro de 2021, enquanto o País ficou em estado de calamidade pública em função do coronavírus.
Publicidade
A manutenção das penny stocks visa diminuir a volatilidade do ativo. “Qualquer oscilação de um ou dois centavos para baixo já representa uma perda enorme para quem investiu nessas ações”, diz José Cataldo, superintendente de research da Ágora Investimentos. “Se o ativo é negociado por um preço tão baixo, tem motivo para isso. A empresa emissora provavelmente está em uma situação financeira difícil, o que torna as penny stocks, investimentos de alto risco.”
Ao mesmo tempo que diminui a volatilidade, elevar o preço das ações por meio do grupamento pode afastar mais ainda os investidores e piorar a situação das empresas. Segundo um levantamento exclusivo feito pela Economatica a pedido do E-Investidor, há apenas uma penny stock na B3 até o fechamento do mercado do dia 6 de janeiro. Porém, outros seis papéis são negociados abaixo de R$ 1,50.
N° | Nome | Código | Cotação |
1 | Saraiva Livr | SLED4 | R$ 0,5 |
2 | Dommo | DMMO3 | R$ 0,85 |
3 | Saraiva Livr | SLED3 | R$ 0,89 |
4 | Viver | VIVR3 | R$ 1,01 |
5 | J B Duarte | JBDU4 | R$ 1,23 |
6 | Tecnosolo | TCNO4 | R$ 1,31 |
7 | Recrusul | RCSL4 | R$ 1,33 |
8 | Technos | TECN3 | R$ 1,44 |
Fonte: Economatica *Até o fechamento do mercado do dia 26 de fevereiro de 2021
Saraiva (SLED4 e SLED3)
Com mais de 106 anos de existência, a Livraria Saraiva foi uma das empresas mais atingidas pela crise que afetou o mercado editorial brasileiro. De acordo com uma pesquisa realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o setor perdeu um quarto do tamanho entre 2006 e 2018.
A empresa entrou em recuperação judicial no final de 2018, com dívidas de R$ 674 milhões de reais. Hoje, a SLED4 (ação preferencial) tem cotação de 50 centavos, sua mínima histórica. O SLED3, por sua vez, está cotado a 89 centavos. Há 10 anos, os ativos chegaram a serem negociados na faixa de R$ 40.
Dommo (DMMO3)
A Dommo Energia, antiga OGX do grupo de empresas pertencentes ao ex-bilionário Eike Batista, chamou atenção dos investidores em dezembro de 2019 quando anunciou que não iria pagar o afretamento das comercializações de óleo da FPSO OSX. Na época, a companhia investia no processo de revitalização do campo de extração de petróleo Tubarão Martelo.
A possível inadimplência acendeu um sinal vermelho e o preço dos papéis da Dommo Energia derreteu. No dia 20 de novembro de 2019, a DMMO3 (ação ordinária) era precificada em R$10,40. Hoje, o ativo está cotado a 85 centavos, uma queda de 91,82%.
Em outubro do ano passado os papéis chegaram a sofrer valorizações expressivas com a possível volta da influência de Eike Batista nos negócios e as ações chegaram ao campo de R$ 2, mas logo caíram novamente.
Publicidade