- O rally visto nas últimas semanas na Bolsa brasileira, fruto da expectativa de corte de juros, deve se manter no 2º semestre de 2023
- Embora a queda da Selic beneficie a Bolsa como um todo, alguns setores que estavam "esquecidos" devem voltar a performar bem, depois de sofrerem nos anos de alta nos juros
- Varejo, construção civil e aéreas são as apostas
O primeiro semestre do ano na Bolsa de valores brasileira vai ficar marcado pelo rali de valorização nas últimas semanas de maio e junho. Com perspectivas melhores no lado fiscal e dados mais positivos de inflação, o mercado brasileiro passou a precificar o início dos cortes na taxa Selic para agosto. A expectativa mais otimista levou a uma mudança brusca no humor e fez o Ibovespa reverter as perdas do início do ano, agora com alta acumulada de 7,88% até o fechamento desta quinta-feira (29).
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Para o segundo semestre, esse continua sendo o maior gatilho positivo para a Bolsa: a redução da taxa de juros, estacionada em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado. A expectativa geral é de que o primeiro corte aconteça já na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para os dias 1º e 2 de agosto ou, no mais tardar, no encontro de setembro.
Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos, explica que, quando concretizado, o corte nos juros será benéfico para a Bolsa como um todo. Porém, são aquelas ações que estavam fora do radar dos investidores que devem voltar a brilhar no segundo semestre.
“As empresas que vêm reportando resultados mais sólidos tendem a continuar indo bem dado a melhora da conjuntura macro. Mas são aquelas que vinham sendo massacradas, com valuations (valor do ativo) muito baixos em função do cenário dos últimos anos, que tendem a ter apreciações maiores de preço”, afirma.
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Em um intervalo de dois anos, a Selic saiu de 2% ao ano – o menor patamar da história – para os atuais 13,75% ao ano. Uma trajetória de ascensão que penalizou os ativos de risco, especialmente aqueles de setores mais ligados à economia doméstica e, portanto, mais sensíveis às oscilações nos juros.
Ações de setores como varejo e construção civil derreteram na Bolsa. Agora, é hora desses ativos voltarem ao destaque. “À medida que a Selic cai, as companhias pagam menos juros para bancos e credores, aí sobra caixa para remunerar o acionista, fazer novos investimentos, continuar o ritmo de crescimento, por exemplo. Construtoras e varejistas vão se beneficiar bastante no segundo semestre”, afirma Hugo Baeta, analista de renda variável da AF Invest.
Entre as principais escolhas de corretoras para o varejo estão as ações da Arezzo (ARZZ3). Na Guide Investimentos, a marca de calçados é tida como um “modelo de negócios inteligente”, com eficiência operacional competitiva e em ritmo de aquisições e parcerias. “Isso nos torna otimistas quanto às expectativas de crescimento orgânico da empresa”, diz a corretora, que tem preço-alvo de R$ 110 para os papéis. Veja quais são os nomes do varejo preferidos de outras 5 casas.
Alívio das dívidas
Quem também deve se beneficiar do recuo dos jutos na economia são as ações de setores com margem de endividamento maior, como as companhias aéreas. Para Marcelo Citadin, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, para além dos movimentos que já aconteceram enquanto o mercado antecipa o corte na Selic, essas empresas ainda têm espaço para se beneficiar no momento em que a redução dos juros realmente acontecer.
“É uma coisa que acontece instantânea. Como essas empresas têm uma dívida atrelada aos juros, com o corte automaticamente já diminui o custo de rolagem de dívida”, explica Citadin. “São empresas que têm uma margem de endividamento maior, por consequência um fluxo de caixa mais esmagado, mas vão começar a ver uma melhoria real no resultado logo no dia zero da mudança de juros.”
Entre as aéreas, o especialista dá destaque aos papéis da Azul (AZUL4), que já sobe mais de 90% no ano, disparada como a ação do Ibovespa que mais se valorizou em 2023. “É um papel que já andou bem, mas que ainda tem bastante coisa para performar porque é uma empresa bem endividada e que tem um fluxo de caixa complicado”, diz. “Caindo as taxas de juros, a Azul vai tomar um ar e conseguir buscar mais crédito no mercado, aumentando a arrecadação e a receita. No curto prazo, é o papel que mais veremos diferença.”
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