- A candidata Simone Tebet (MDB) encerrou o ciclo de entrevistas do Jornal Nacional
- Na entrevista, ela disse ter "a melhor equipe de economistas liberais do Brasil"
- Para os analistas ouvidos pelo E-Investidor, a repercussão da entrevista de Tebet ao JN deve ter pouco impacto no mercado, já que a candidata do MDB ocupa o quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto
Por Jenne Andrade e Renato Vieira– A senadora Simone Tebet (MDB), candidata à Presidência, encerrou o ciclo de sabatinas dos presidenciáveis no Jornal Nacional nesta sexta-feira (26).
Leia também
Na entrevista aos jornalistas Willian Bonner e Renata Vasconcellos, ela citou a falta de apoio de uma ala de seu próprio partido, disse ter “a melhor equipe de economistas liberais do Brasil”, falou sobre igualdade de gênero na política e, sem citar nomes, criticou o ex-presidente Lula (PT) e o atual chefe do executivo, Jair Bolsonaro (PL).
“Eu sou a candidata de muitas pessoas que não querem voltar ao passado e não querem permanecer no presente”, disse. “Estamos diante de uma polarização política e ideológica que está levando o Brasil ao abismo.” Veja também a repercussão com analistas de mercado sobre as entrevistas ao JN dos candidatos Lula, Jair Bolsonaro e Ciro Gomes (PDT).
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Para os analistas ouvidos pelo E-Investidor, a repercussão da entrevista de Tebet ao JN deve ter pouco impacto no mercado, já que a candidata do MDB ocupa o quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto. “O principal ponto da entrevista de Simone Tebet foi a proposta de taxação de lucros e dividendos. Mas, como a candidatura dela hoje não tem muita tração, o que ela disse sobre essa questão não tem tanto impacto no mercado”, afirma Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria.
O economista e consultor financeiro Álvaro Bandeira elogiou a performance de Tebet. “Ela e Ciro Gomes foram os que tiveram maior conteúdo, já que o mais importante é mostrar o que pretendem fazer, enquanto Lula e Bolsonaro ficaram no populismo falando de feitos passados.”
Leia a opinião dos analistas.
Álvaro Bandeira, economista e consultor financeiro
“Gostei bastante de Simone Tebet na sabatina. Ela e Ciro Gomes foram os que tiveram maior conteúdo, já que o mais importante é mostrar o que pretendem fazer, enquanto Lula e Bolsonaro ficaram no populismo falando de feitos passados. Ela foi direta, passa seriedade, serenidade e já tem experiência.
O que atrapalha é que é pouco conhecida no Brasil e isso pode dificultar, mas é uma terceira via importante para quem não quer ficar na polarização. Vamos ver como será a performance dela no debate de domingo, porque ela precisa falar para um público de renda mais baixa, porque o pessoal de renda mais alta consegue compreendê-la.”
Gustavo Cruz, estrategista da RB investimentos
“No ranking das sabatinas do JN, a mais fácil foi a do Ciro, depois a do Lula (que soube sair de saias justas muito fácil). Simone e Bolsonaro tiveram desempenhos mais fracos. Mas isso faz sentido, porque Ciro e Lula já disputaram várias eleições para a presidência da República. O começo da entrevista foi pior para ela, pela insistência nas questões do MDB. A candidata também se perdeu um pouco nas respostas. Depois, ela conseguiu colocar propostas críveis e isso foi um diferencial, Ciro também foi nessa linha. Ela até mencionou na parte econômica alguns pontos que podem desagradar o eleitor dela, que é o liberal, mas esses eleitores não devem desistir do voto.
Publicidade
O candidato da parte liberal é sempre taxado como o candidato rico. Mas, quando ela fala que é professora, consegue fugir um pouco disso. A candidata conseguiu mostrar a história dela, porque a maioria população não a conhece. Acho que ela vai conquistar votos do eleitor indeciso. ”
Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria
“O principal ponto da entrevista de Simone Tebet foi a proposta de taxação de lucros e dividendos. Mas, como a candidatura dela hoje não tem muita tração, o que ela disse sobre essa questão não tem tanto impacto no mercado. Foi um discurso muito voltado para as questões sociais, ela disse que a pauta fiscal é um meio para se atingir um objetivo social e citou os economistas liberais que formam a equipe dela. Ela não pretende, caso eleita, tomar uma posição em relação ao ajuste fiscal, algo que o próximo governo precisa fazer.
Ela mostrou uma insatisfação grande com a falta de apoio do próprio partido, mas tem uma base partidária forte e relevante para um segundo turno. Não quer dizer que haja uma transferência direta de votos caso ela declare um apoio a outro candidato no segundo turno, mas essa base tende a pesar para o candidato apoiado.”
Mario Goulart, analista de investimentos e criador do canal do YouTube ‘O Analisto’
“Dado o fraco desempenho dela nas pesquisas, a repercussão no mercado é muito pequena. Simone Tebet sempre pareceu que seria a terceira via e viraria alguma coisa, mas houve um boicote do próprio partido dela (MDB). Ela gastou muito tempo na sabatina reclamando do próprio partido. Apesar de ela ter um ótimo time de economistas liberais, e eu acho que se ela estivesse melhor posicionada nas pesquisas estaria em uma posição privilegiada junto ao mercado, ficou confuso quando ela diz que vai extrapolar gastos e para isso tem a melhor equipe de economistas. Não ficou claro o que ela quis dizer com isso.
Foi positiva a ideia dela de acabar com o Orçamento Secreto: quanto mais transparentes os gastos forem, melhor. O problema é que ela não virou voto. Assim como Ciro Gomes, ela tem ideias interessantes, mas não sabe bem para que público está falando.”
Vitor Miziara, sócio da Criteria Investimentos e colunista do E-Investidor
“O mercado não está prestando muita atenção em Simone Tebet. Ela se saiu bem, mas não apresentou nenhuma proposta relevante. Imagino que ela não tenha um plano econômico bem feito. Ela aproveitou mais para fazer um discurso político do que focar em medidas concretas caso seja eleita”.