- As small caps são empresas com valor de mercado entre R$ 1 bilhão e R$ 5 bilhões
- Os ganhos sinalizam uma recuperação dos papéis que sofreram com o movimento de alta de juros no Brasil
- No entanto, os analistas alertam cautela antes de investir porque são empresas com risco mais elevado
A perspectiva do fim do ciclo de alta de juros trouxe bom humor para as negociações das ações das small caps em agosto. Após as perdas ao longo deste ano, os papéis voltaram a valorizar e entregar rentabilidade de até 65% no acumulado mensal.
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Segundo dados do Broadcast, entre as 139 companhias que compõem o índice de Small Caps, 125 têm performances positivas no acumulado deste mês, o que representa quase 90% do total dos ativos.
As ações da Positivo (POSI3) são as que mais se destacaram com altas de 65% durante o período. Logo depois, aparecem os papéis da Tenda (51,9%), Azul (48,4%) e do Grupo Mateus (44,5%), respectivamente
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O novo momento pode sinalizar para o investidor uma oportunidade de compra, mas os analistas apontam alguns cuidados antes de se posicionar nesses ativos. Felipe Cima, broker de renda variável da Manchester Investimentos, alerta que, devido à baixa liquidez, há pouca cobertura por parte das corretoras de investimentos e casas de análises.
Para o investidor individual, isso pode ser um fator negativo porque significa que ele tem poucas informações sobre as companhias, o que exige dele uma análise mais detalhada sobre a oportunidade de investimento. Veja por que as small caps são mais rentáveis no longo prazo do que o Ibovespa.
“O dever de casa que o investidor pessoa física precisa fazer é infinitamente maior. O investidor não vai receber de bandeja muitas vezes dicas financeiras. Você vai ter que analisar a operação e ver o que a empresa está investindo para saber se vale a pena comprar”, detalha Cima.
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E nesta perspectiva de análise, Rodrigo Wainberg, head ações da Suno Research, alerta ao investidor redobrar a atenção para as empresas “novatas” na Bolsa. Segundo ele, em alguns casos, as companhias ainda precisam “provar” para o mercado a sustentabilidade dos seus negócios.
“Então, o risco pode ser muito alto de perda permanente de capital. Eu priorizo empresas que estão há mais tempo na Bolsa, empresas de dono, e que tem um histórico mais longo de sucesso que podemos avaliar”, recomenda.
Apesar dos riscos, a Guide Investimentos enxerga que há oportunidades de compra para algumas companhias neste mês. Entre as ações recomendadas para agosto, a corretora indica a compra das ações da Arezzo (ARZZ3), Locaweb (LWSA3) e da Vivara (VIVARA3) por apresentarem bons fundamentos em suas operações e terem boas perspectivas de crescimento.
Para quem busca diversificação entre as empresas, os fundos podem ser uma alternativa. “Acreditamos que o ETF SMAL11 é uma boa alternativa, pois é bastante diversificado”, sugere Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos.
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Já a Ativa Investimentos recomenda a compra das ações Yduqs (YDUQ3) com preço-alvo de R$ 23,20, mesmo com um cenário macroeconômico desafiador para a companhia. “A companhia segue tendo um valuation atrativo, possuindo relevância e boas operações no segmento digital e premium, que por sua vez, continuarão sustentando o crescimento da empresa no longo prazo”, destaca a corretora. A mesma recomendação é dada para as ações da Arezzo (ARZZ3) com preço-alvo de R$ 110.
Por que estão em alta?
As “small caps” são empresas com valor de mercado entre R$ 1 bilhão e R$ 5 bilhões. O volume pode parecer expressivo, mas as companhias recebem esse nome devido a sua liquidez ser bem menor em comparação às “blue chips”, que são as ações com os maiores volumes de negociação na bolsa, como a Petrobras. Veja nesta reportagem que a Petrobras é a empresa mais pagadora de dividendos no mundo.
Além dessa características, as empresas tendem a acompanhar com mais intensidade as mudanças no cenário macroeconômico por atuarem em setores mais cíclicos da economia. Por esse motivo, apesar das recentes altas, 60% das ações que compõem o índice SMLL acumulam perdas no acumulado deste ano devido ao movimento de alta de juros e da inflação dos últimos meses.
Como as expectativas são de pausa para o ciclo de aperto monetário, as ações voltaram a reagir de forma positiva na bolsa. Segundo Wainberg, isso acontece porque, com a estabilização da Selic, as projeções do mercado tentam agora acertar o “time” para o início do corte da taxa de juros e que ajuda a aumentar as margens de lucro das empresas.
“Muitas dívidas são atreladas ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário e que são atrelados a taxa de juros) e o capital de giro (quando as taxas estão elevadas) também se torna mais caro. Então, quando as taxas caem, a empresa volta a ter um resultado financeiro melhor”, explica Wainberg.
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No entanto, mesmo com essa perspectiva, André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos, ainda enxerga um cenário desafiador para as small caps. Segundo ele, por mais que o Brasil tenha supostamente encerrado o seu ciclo de alta de juros, as condições de mercado continuam difíceis para as empresas com baixo capital.
“É o Brasil que ainda possui uma das maiores taxas de juros do mundo. Isso (as taxas elevadas) dificulta muito as empresas que precisam se financiar para crescer”, afirma Luzbel.