Mercado

Venda de participação do BNDES na Suzano pode mexer com a ação SUZB3

O JPMorgan foi contratado para realizar a oferta, que deve ficar na faixa dos R$ 7 bilhões

Foto: Divulgação/Suzano Papel e Celulose/
  • A considerar o preço do papel nesta quinta-feira (10), a R$ 46,91, a operação pode ficar na faixa dos R$ 7 bilhões, já que se trata da venda de 150.217.425 ações
  • O JPMorgan foi selecionado para ser o coordenador líder da potencial oferta, junto com outros coordenadores, como o Bank of America Merrill Lynch, o Itaú BBA, o Bradesco BBI e a XP Investimentos

Em breve, o BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), deve vender sua participação de 11,03% do capital da Suzano (SUZB3).

A considerar o preço do papel nesta quinta-feira (10), a R$ 46,91, a operação pode ficar na faixa dos R$ 7 bilhões, já que se trata da venda de 150.217.425 ações. Para analistas, é normal ver o peso dos papéis cair e até uma certa volatilidade no curto no prazo.

“Com o anúncio da oferta de ações, é possível que a gente veja o mercado puxando o preço do papel para baixo, para quando chegar na data, as ações estarem em um patamar mais baixo”, avalia Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

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O JPMorgan foi selecionado para ser o coordenador líder da potencial oferta que ainda com outros coordenadores, como o Bank of America Merrill Lynch, o Itaú BBA, o Bradesco BBI e a XP Investimentos

Na terça-feira (8), o BNDESPar divulgou fato relevante confirmando a operação, após repercussão da notícia que havia sido antecipada pelo Broadcast/Estadão. O JPMorgan foi selecionado para ser o coordenador líder da potencial oferta, junto com Bank of America Merrill Lynch, Itaú BBA, Bradesco BBI e XP Investimentos.

“A BNDESPAR esclarece inicialmente que, na condição de companhia aberta e de relevante investidora institucional do mercado de capitais brasileiro, examina permanentemente oportunidades de investimento e desinvestimento de seu portfólio”, diz o fato relevante.

Sobre possíveis efeitos para o papel, Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, acredita que os acionistas que já têm posição na Suzano não deverão sofrer grandes impactos, já que se trata de uma oferta secundária e não deverá entrar capital no caixa da companhia.

“Se tiver volatilidade, pode ser uma coisa de curtíssimo prazo, mas depois o preço deve reequilibrar com os fundamentos do setor de celulose e papel e os números da empresa”, avalia o analista da Toro.

Arbetman, da Ativa, explica que há uma certa “polarização” no mercado entre os investidores que gostam ou desgostam da companhia produtora de papel e celulose. Se por um lado a empresa tem agradado alguns com uma boa geração de caixa operacional, puxada pela alta do dólar, o analista diz que a queda do preço da celulose na China prejudica a alavancagem da empresa.

“Saiu notícia recentemente que ela vai emitir bonds verdes, mais sustentáveis, com toda essa agenda ESG, que é uma parte que a empresa tenta melhorar. Mesmo os novos bonds sendo sustentáveis, dialogando com a nova política da companhia, não deixa de ser emissão de dívida e o mercado não deixa de ver ela se endividar”, contrapõe Arbetman.

De acordo com a coluna Broadcast, o conselho de administração da Suzano aprovou a emissão de até US$ 2 bilhões em bonds. Contudo, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Marcelo Bacci, afirmou na semana passada que a operação pode ficar abaixo disso. Se não cumprir a meta prevista no bond, de chegar a uma redução de 15% na emissão de carbono em 10 anos, o juro do papel será elevado.

Investidores podem esperar oferta de participação em outras empresas?

A oferta dos ativos da Suzano é mais um capítulo do movimento de venda de participação do BNDES em companhias brasileiras. O analista da Toro explica que essa é uma estratégia do banco estatal de focar mais em projetos voltados para a sociedade. Por isso, a saída de outras empresas também não é descartada.

“Na Vale, por exemplo, tem pouquíssimo tempo que o banco fez um block trade. Petrobras houve no início do ano e a tendência é que isso aconteça de forma mais ativa. Tem Klabin ainda no radar e JBS, que o BNDES tem uma participação importante”, completa Carvalho.

O BNDES detém 7,54% da Klabin (KLBN11) e participações em companhias como JBS (JBSS3) e Vale (VALE3) – parte da fatia na mineradora foi vendida no início de agosto, em uma venda em bloco (block trade) na B3.