Investimentos

Ibovespa em queda: como proteger o patrimônio no exterior em 2022

Devido à volatilidade do mercado interno, os analistas recomendam diversificar a carteira no exterior

Ibovespa em queda: como proteger o patrimônio no exterior em 2022
Investir no exterior é importante para proteger os investimentos do chamado risco Brasil, segundo analistas. (Foto: Envato Elements)
  • Os setores financeiros e de logística além das commodities podem ser boas opções de investimento para o investidor brasileiro que deseja se proteger das volatilidades do mercado interno
  • No segundo semestre, os resultados mensais do Ibovespa foram todos negativos até o momento, o que indica ao investidor a necessidade de investidor no exterior
  • Mas ao realocar os seus recursos no mercado internacional, o investidor também precisa ficar atento ao cenário internacional

A expectativa dos analistas era que o segundo semestre de 2021 fosse um período de recuperação dos ativos brasileiros. No entanto, os resultados mensais do Ibovespa foram todos negativos de julho a novembro. Segundo dados da Economatica, setembro e outubro foram os meses que apresentaram as maiores quedas, com tombos superiores a 6%.

Por esse motivo, a recomendação dos especialistas aos investidores é a realocação de investimentos em mercados internacionais na tentativa de diversificar a carteira e proteger o patrimônio das volatilidades do mercado interno. Setores financeiros, logística e commodities podem ser algumas opções de bons investimentos no exterior para 2022.

O ambiente no Brasil não está favorável para os negócios. Diversos fatores tanto internos quanto externos impediram a recuperação como esperada dos ativos brasileiros. No início do ano, os analistas esperavam um desempenho melhor dos mercados já que se previa a redução dos casos da covid-19 com o avanço da vacinação. “As empresas se organizaram muito nesta linha de cenário”, ressalta Flávio Aragão, sócio da 051 Capital.

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Porém, ninguém não contava com problemas que surgiram ao longo do caminho. De acordo com Aragão, a retomada da economia gerou uma escassez das linhas de produção no mercado global e afetou a cadeia logística mundial. No Brasil, a crise hídrica, a inflação e as turbulência no campo político minaram ainda mais o mercado.

“Teve o aspecto Brasília que gerou muita volatilidade dentro dos mercados e gerou um impacto muito forte no dólar, favorecendo a inflação. Foi um período muito complicado. Mas sem dúvidas os fatores que mais pesaram no segundo semestre no Brasil foram a inflação e problemas nas cadeias de logística”, avalia o sócio da 051 Capital.

Com o atual cenário nada motivador, o investidor brasileiro precisa pensar em alternativas para balancear seus aportes financeiros e proteger seus investimentos, visando maior rentabilidade nos próximos anos. Entre as alternativas, olhar para o mercado internacional pode ser uma saída.

Segundo Arthur Siqueira, sócio e analista de investimentos da GeoCapital, essa perspectiva pode reduzir a exposição dos seus investimentos às volatilidades presentes no mercado interno. “Ele (investidor) vai conseguir ter acesso a modelos de negócio que operam fora do Brasil e têm oportunidades de crescimento que a gente (brasileiro) não consegue ver”, ressalta.

Desempenho do Ibovespa no 2º semestre de 2021

Ibovespa Retorno do Ibovespa no acumulado de cada mês
Julho  -3,94%
Agosto -2,48%
Setembro -6,57%
Outubro -6,74%
Novembro -1,53%

Fonte: Economatica

Onde investir em 2022?

A pandemia da covid-19 trouxe problemas nas cadeias logísticas de todo mundo, aumentando os custos dos fretes. Segundo Rodrigo Lima, analista da Stake, a inflação no serviço contribuiu para que o setor apresentasse a melhor performance do ano, o que acena ao investidor uma boa oportunidade de investimento. “O BDRY, fundo de índice da gestora ETFMG que investe no setor, sobe mais de 220% no ano, impulsionado pelo aumento no custo dos fretes ao redor do mundo”, recomenda.

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O setor financeiro também pode representar boa rentabilidade ao investidor brasileiro. Com o aumento da inflação nos Estados Unidos, Enzo Pacheco, analista da Empiricus, acredita que as instituições financeiras devem se beneficiar com o cenário. “Estão (Estados Unidos) discutindo acelerar o fim da recompra de títulos e essa aceleração (do fim ) do programa pode causar aumento dos juros dos EUA antes do previsto”, avalia.

Nesses setores, a recomendação do analista é investir no banco Morgan Stanley por ser uma instituição focada em soluções de investimento mais baseadas em taxas e comissões do que no fornecimento de crédito. A gestora de ativos BlackRock também é vista com bons olhos por Pacheco. Segundo ele, a empresa vem aumento os ativos sob gestão com a demanda cada vez maior de investimentos via ETFs.

Além disso, p ETF XLF que investe no setor financeiro pode ser uma boa alternativa. Ainda de acordo com o analista da Empiricus, o fundo teve um rendimento de +30,41%, em dólar, e +41,52%, em real, no acumulado do ano até o mês de novembro.

Já em relação às commodities, João Beck, economista e sócio da BRA, escritório de assessoria em mercado financeiro, avalia que o urânio pode dar bons retornos ao investidor. Com a preocupação do mercado global com a frente ESG, as buscas por energias renováveis e menos poluentes devem crescer nos próximos anos.

Além disso, o tema deve estar em alta com a realização das Olimpíadas de Inverno na China que busca metas para reduzir a emissão de poluentes, o que impacta diretamente no mercado de carbono. “É possível que outras formas de energia renovável e até a energia nuclear, que hoje é uma tecnologia muito mais segura do que no passado, possam ser as preferidas”, acredita Beck.

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Caso o investidor planeje comprar ações de companhias, Arthur Siqueira, sócio e analista de investimentos da GeoCapital, orienta analisar aquelas que já são referências de cada setor. O motivo se deve às grandes chances dessas companhias crescerem nos próximos cinco anos. “Empresa de baixo risco é aquela empresa de alta qualidade”, define.

A Disney é uma das empresas estrangeiras que se enquadram nesta definição. Segundo Siqueira, além de ser consolidada no mercado internacional e difícil de ser replicada, a companhia possui a capacidade de ampliar seus negócios. “Ela (Disney) cria um personagem, faz um filme, põe um brinquedo na prateleira de lojas e faz uma série no seu canal de streaming . Então, tem um ecossistema que ela cria em torno disso que nenhuma empresa faz”, ressalta.

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