Após conferência em Nova York na semana passada, o BTG Pactual (BPAC11) diz, em relatório, que as discussões revelaram uma postura mais cautelosa da empresa devido ao enfraquecimento dos mercados principais, que está ocorrendo a um ritmo mais acelerado do que o esperado. Apesar dessa tendência, a empresa continua bem gerida e possui uma alavancagem inferior a 0,5 vez, o que a capacita a enfrentar a volatilidade do mercado, avalia o banco.
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Os planos de investimento também foram discutidos, indicando um investimento aproximado de R$ 8,5 bilhões para 2024-2026, com um acréscimo de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de longo prazo em torno de R$ 4 bilhões. Entretanto, o mercado brasileiro representa um ponto fraco, na visão da casa, com descontos de preços e tendências de demanda que o BTG considera preocupantes levando a margens de Ebitda entre 11-12%, consideradas insustentáveis pelos analistas.
Nesse cenário, a empresa continua defendendo a necessidade de tarifas de importação mais altas no Brasil, embora essa questão ainda esteja em aberto.
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Assim, o BTG mantém sua recomendação de compra para a Gerdau (GOAU4), principalmente devido ao seu valuation considerado barato (menos de 4 vezes o Ebitda em 2024), mas reconhece a falta de gatilhos de curto prazo e a deterioração do momentum de ganhos. O preço-alvo de R$ 33 representa 45,6% de possibilidade de alta ante o fechamento da véspera.
A Gerdau enfatizou que o investimento estratégico permanecerá uma prioridade, com foco na unidade de mineração, expansão da planta de Midlothian e aumento da capacidade de laminação no Brasil. A empresa acredita que esses investimentos são essenciais para sua resistência em condições de mercado mais difíceis.
Quanto ao mercado brasileiro, o banco espera um cenário desafiador no segundo semestre de 2023 devido à fraca atividade econômica, ao aumento das importações e aos preços sob pressão. No entanto, há expectativas, por parte da Gerdau, de melhoria no consumo de aço em 2024, proveniente do setor da construção, com várias construtoras já buscando capitalização, apoiadas por programas de habitação social. “A evolução dos preços e das importações dependerá principalmente das exportações chinesas e da possível elevação das tarifas de importação pelo Brasil“, diz o relatório.
Em relação à América do Norte, a previsão é de uma demanda mais forte a partir de 2024, impulsionada pelos programas de estímulo do governo dos EUA. Apesar de prever uma redução nas margens em 2024 em comparação com o ano anterior, devido à atividade econômica mais fraca, a companhia espera um aumento nos volumes devido à demanda desses programas de estímulo.
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Por fim, a empresa também está se preparando para um ano mais desafiador em 2024, com a expectativa de um Ebitda mais baixo em comparação com o ano anterior. No entanto, mesmo com um cenário econômico adverso, a Gerdau espera liberar uma quantidade significativa de capital de giro nos próximos trimestres. A administração acredita que poderá reduzir os dias de capital de giro para níveis mais normalizados de 65-70 dias (em comparação com os atuais 84 dias), liberando assim R$ 2-3 bilhões em fluxo de caixa. “A remuneração dos acionistas pode ser preservada em 2024, se esse cenário se concretizar”, finaliza o banco.