Poeira da Lua chega à Terra — e pode valer uma fortuna
Foto: Adobe Stock
Em um cofre de alta segurança no sul da Inglaterra, estão guardados três pequenos frascos contendo uma fina camada de poeira cinza escura. À primeira vista, o conteúdo parece banal — partículas tão pequenas que cabem facilmente na ponta de um alfinete. Mas trata-se de um dos materiais mais raros da Terra: amostras originais da superfície lunar.
Esses fragmentos foram trazidos diretamente da Lua pela missão chinesa Chang’e 5, realizada em 2020, que conseguiu extrair cerca de 2 kg de regolito — o solo superficial lunar — da região vulcânica Mons Rümker. Desde então, apenas uma fração milimétrica desse material foi concedida a pesquisadores fora da China.
Conforme a BBC, uma dessas porções chegou recentemente ao Reino Unido, recebida com entusiasmo pelo professor Mahesh Anand, da Open University, especialista em geociências planetárias.
“Ninguém no mundo teve acesso às amostras da China, então isso é uma grande honra e um enorme privilégio”, declarou Anand. A equipe britânica é uma das sete no mundo selecionadas para estudar essas partículas, buscando respostas sobre a origem da Lua e a formação do Sistema Solar.
Para que nenhuma partícula terrestre comprometa os testes, os cientistas atuam em um ambiente esterilizado, com trajes especiais e protocolos comparáveis aos de laboratórios nucleares. O objetivo é extrair elementos químicos e isótopos dos grãos para entender os impactos de antigas atividades vulcânicas lunares e sua relação com os primórdios da Terra.
Mas não é só a ciência que valoriza esse material. O mercado de colecionadores e casas de leilão já colocou preço — e alto — sobre artefatos lunares. Em 2017, por exemplo, um pequeno saco com poeira da Lua, originalmente usado por Neil Armstrong durante a missão Apollo 11, foi vendido por aproximadamente US$ 4 milhões em Nova York, conforme o Estadão.
Na cotação da época, esse valor equivalia a cerca de R$ 13 milhões. Atualizado para 2025, o valor estimado supera os R$ 22 milhões.
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Trata-se de um mercado extremamente restrito e, ao mesmo tempo, cobiçado. Com acesso controlado por agências espaciais e peças únicas disponíveis apenas ocasionalmente, cada grama de material lunar pode se tornar uma relíquia histórica, científica e financeira.