Últimas notícias

Commodities atenuam queda do Ibovespa por exterior

Commodities atenuam queda do Ibovespa por exterior
Foto: Shutterstock

Busca por segurança nos mercados internacionais ressoa no Ibovespa, após aumento da tensão do conflito russo-ucraniano decorrente de um bombardeio por forças russas na usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, na madrugada desta sexta-feira. O governo de Kiev alertou sobre o risco de uma explosão, com consequências “dez vezes maior que Chernobyl” e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, pediu uma reunião de emergência da ONU sobre o ataque nuclear, enquanto espera-se por uma terceira rodada de negociações entre representantes russos e ucranianos.

Ontem, o índice Bovespa fechou em baixa de 0,01%, aos 115.165,55 pontos, mas ainda acumulando alta de 0,97 na curta semana. Às 11h05, caía 0,81%, aos 114.236,98 pontos, ante mínima diária aos 114.205,32 pontos (-0,83%), após máxima aos 115.165,55 pontos (-0,45%). Ações da Petrobrás subiam entre 0,15% (PN) e 0,19% (ON), após cederem mais cedo.

Apesar da queda moderada do Ibovespa hoje em relação ao exterior (na Europa o recuo é de quase 5%, no caso de Londres, e nos EUA, de quase 1%), Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos, ressalta que a volatilidade vai perdurar, já que o mercado não acredita que uma solução para o conflito esteja próxima. Em sua visão, o principal temor é com relação aos efeitos inflacionários.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

Na esteira desse cenário de crescente preocupação com os efeitos da guerra sobre o crescimento e a inflação no mundo, o índice Bovespa pode ceder e ainda passar por volatilidade, como também tem sido comum recentemente. Por isso, o mercado avalia com atenção a mensagem deixada pelo Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre e de 2021, divulgado há pouco, apesar de ter mostrado alta e ser considerado retrovisor.

“Crescimento envolvendo inflação é complicado, ainda mais em um contexto de conflito. Neste momento, o dado deve ficar no passado. Olhar dado retrovisor é um erro”, avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, ponderando, contudo, que a alta do PIB não deixa de ser boa notícia.

Nos EUA, o destaque é o relatório oficial de emprego, que reforçou perspectivas de alta de juro americano, o que é esperado para começar este mês. De forma geral, o relatório de emprego de fevereiro mostrou geração de vagas maior do que a esperada pelo mercado.

“O Ibovespa até arrefeceu um pouco após o payroll, mas agora piorou. Há relatos de novas explosões em Kiev”, cita Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest. Em sua visão os dados do payroll reforçam a expectativa de alta do juro americano este mês e ganham ainda mais força neste contexto do conflito entre Rússia e Ucrânia. “Mais do que inflação, que já era um problema e se acentuou, há preocupação com o crescimento baixo. O problema é a estagflação. Pausar o crescimento e ao mesmo tempo ter uma inflação elevada é o pior cenário”, afirma Farto.

Neste ambiente de expectativa de baixa expansão da atividade e de preços em alta, empresas brasileiras já sentem os efeitos do conflito no Leste Europeu. Reportagem especial do Broadcast mostra que a siderúrgicas como a Usiminas que costumam comprar produtos no mercado à vista, para entrega rápida, estão com dificuldade de receber a mercadoria. As ações da Usiminas caem cerca de 2,50%

Publicidade

Apesar da valorização do petróleo no exterior, as ações da Petrobras abriram em queda, com investidores avaliando as palavras do presidente Jair Bolsonaro, ditas em live semanal ontem. O mandatário disse que a Petrobras deveria reduzir lucros para evitar uma alta brusca de combustíveis, diante da crise geopolítica causada pela guerra na Ucrânia. A afirmação tende a ser vista pelo mercado como sinal de interferência política, algo que o desagrada.

“Se olharmos, aqui até está bem por causa da alta das commodities e da expectativa de fluxo”, afirma Laatus.