O dólar encerrou a sessão desta quarta-feira (19) em alta moderada no mercado doméstico de câmbio, em dia marcado por fortalecimento da moeda americana no exterior e avanço das taxas dos Treasuries para os maiores níveis em uma década. Leituras ruins de índices de preços na Europa mostram que a inflação global não dá trégua e sugerem mais aperto monetário nos países desenvolvidos, com proeminência do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
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Espelhando a busca global pela moeda americana, o dólar abriu por aqui em alta firme e esboçou superar o teto de R$ 5,30 na primeira hora de negócios, ao tocar máxima a R$ 5,2985 (+0,83%). A mínima da sessão, a R$ 5,2559, veio no fim da manhã, quando a divisa operou pontualmente em terreno positivo, sob efeito de leilões de linha do Banco Central. Foram US$ 3 bilhões em rolagem e US$ 1 bilhão em dinheiro novo, destinado a suprir demanda pontual no mercado spot, segundo operadores.
Após trabalhar ao redor de R$ 5,27 ao longo da tarde, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,2742, em alta de 0,37%, reduzindo as perdas acumuladas na semana a 0,91%. Em outubro, o dólar ainda acumula baixa de 2,23%, sobretudo em razão das perdas de 3,38% na primeira semana do mês, após o primeiro turno das eleições.
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“O comportamento do câmbio foi bem escorado hoje no mercado internacional com aversão ao risco em razão do ambiente inflacionário. As taxas dos Treasuries de 2 anos e 10 anos abriram mais de 10 pontos, o que prejudica emergentes”, afirma o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, acrescentando que o real tende a sofrer menos que seus pares, em razão de crescimento mais forte e do diferencial de juros. “As pesquisas eleitorais trazendo Bolsonaro mais perto de Lula também têm um efeito positivo sobre o mercado local, principalmente na bolsa”.
Divulgada hoje pela manhã, pesquisa Genial/Quaest traz Lula com 48% e Bolsonaro com 42% (margem de erro dois pontos porcentuais). Lula oscilou 2 pontos porcentuais para baixo e Bolsonaro, 1 ponto para cima, em comparação com a pesquisa realizada no dia 13.
Dados do BC mostraram que na semana passada (10 a 14) houve saída líquida de US$ 1,615 bilhão pelo canal financeiro. Na semana encerrada dia 7 de outubro, na sequência do primeiro turno da eleição, a conta financeira havia sido positiva em US$ 889 milhões. Em outubro (até dia 17), o fluxo cambial total (comercial e financeiro) é negativo em US$ 2,017 bilhões.
No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operou em alta firme ao longo do dia, tendo superado a faixa dos 113,000 pontos na máxima, com perdas ao redor de 1% da libra e do euro. A taxa da T-note de 2 anos, mais ligada à perspectiva para a magnitude do ciclo total de alta de juros nos EUA, subiu mais de 12 pontos, e tocou máxima aos 4,5627%.
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A taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro acelerou de 9,1% em agosto para 9,9% em setembro, ligeiramente abaixo das expectativas (10%), mas no maior nível da história.
Divulgado à tarde, o Livro Bege, sumário de opiniões que embasa as decisões do Federal Reserve, mostrou que o mercado de trabalho segue apertado e há expectativa de alta salarial. O documento diz que a atividade nacional se expandiu “modestamente”, com crescimento de preços ainda elevado, mas alívio na inflação em alguns distritos. O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que não é possível moderar o ritmo de aperto monetário antes que haja desaceleração do núcleo da inflação nos EUA.
“A inflação é um problema global e os números na Europa estão fazendo preço no mercado de moedas. Não dá para dizer que a inflação nos EUA já chegou ao pico”, afirma a economista Bruna Centeno, especialista em renda fixa da Blue 3, ressaltando que os dirigentes do Fed mantém o tom duro contra a inflação.