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Após pico de estresse fiscal, dólar reduz ritmo de alta e cai para R$ 5,39

O dólar para julho era negociado a R$ 5,4040 (-0,14%); cotação disparou nos últimos dias

Após pico de estresse fiscal, dólar reduz ritmo de alta e cai para R$ 5,39
(Foto: Envato Elements)

O dólar hoje é negociado em baixa depois de atingir o pico em 18 meses nesta quarta-feira (12). Às 11h10 desta quinta-feira (13), a moeda americana à vista caía 0,19%, cotada a R$ 5,3959.

A cotação disparou nos últimos dias e chegou a ser negociada a R$ 5,43 em meio a falas dos presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um evento para investidores na quarta-feira. A dificuldade do governo em apresentar contrapartidas para aumentar a arrecadação e entregar a meta fiscal prometida tem gerado estresse no mercado financeiro. O “risco fiscal” voltou de vez e pressiona a desvalorização do real mesmo frente a dados neutros no exterior.

“A dúvida que a gente vai ter que acompanhar é: o que vai vir de direcionamento fiscal por parte do governo? Esse é o grande dilema que a gente vem vivenciando”, comenta Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

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Lá fora, o índice DXY (índice que mede o desempenho) do dólar perdeu força nesta quinta-feira e chegou a renovar a mínima perto da estabilidade, após queda de 0,2% do Índice de Preços ao Produtor (PPI) dos EUA em maio ante abril, contrariando a previsão de alta de 0,1%. Além disso, o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos subiu 13 mil na semana encerrada em 8 de junho, para 242 mil.

O resultado ficou acima da expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam 225 mil solicitações. Tanto o indicador de preços no atacado quanto o de pedidos de auxílio-desemprego reforçam a percepção de queda dos juros dos Estados Unidos, mas o mercado segue atento à sinalização dada na quarta-feira (12) pelo Federal Reserve, de que espera apenas um corte nas taxas este ano.

Ainda assim, a cautela fiscal e sinais de desgaste do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, continuam pesando no sentimento dos investidores domésticos e apoiam a curva de Depósito Interfinanceiro (DI), segundo analistas financeiros.

Às 09h47 desta quinta, o dólar para julho era cotado a R$ 5,4040 (-0,14%).

Cotação do dólar em disparada

O dólar vem em uma trajetória de alta há algum tempo, um movimento que se acentuou nos últimos pregões. Segundo dados levantados por Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, o real tem a terceira maior desvalorização frente à moeda americana no ano. O dólar acumula uma alta de 11,38% no ano em relação à divisa brasileira. Apenas o peso da Argentina e o iene do Japão têm desvalorizações maiores em 2024.

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Como mostramos nesta reportagem, o movimento de valorização no ano reflete o comportamento dos investidores em busca de proteção em meio às dúvidas sobre o início do corte de juros nos Estados Unidos, mas nas últimas semanas o risco fiscal no ambiente doméstico ajudou a impulsionar ainda mais a alta.

Aos poucos, o mercado deixa de acreditar que o câmbio encerre o ano na casa dos R$ 5, como previa inicialmente o Boletim Focus na virada de 2023 para 2024. A edição mais recente, publicada nesta segunda-feira (10), traz uma projeção de R$ 5,05 para o fim do ano, mas há quem esteja ainda mais pessimista. O Itaú BBA, por exemplo, revisou suas expectativas e agora espera que o dólar esteja em R$ 5,15 em dezembro.

Para Alexandre Viotto, head de banking e câmbio da EQI Investimentos, essa previsão é otimista. “Bater R$ 5,50 é muito mais fácil do que voltar para R$ 4,80,e a moeda deve chegar nesse patamar no curto prazo”, diz.

Onde investir para lucrar com a alta do dólar?

Para quem quiser aproveitar a tendência de alta, os analistas recomendam investir em dólar em vez de comprar a própria moeda. Isso porque o investidor tende a pagar taxas maiores na compra do dólar físico. “É preferível optar por produtos de investimento já em dólar com uma conta internacional em uma corretora do Brasil. Assim você está sujeito às oscilações apenas do mercado norte-americano, tirando as oscilações brasileiras do horizonte”, explica Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos.

Uma das formas de investir em dólar sem comprar a moeda diretamente é via contratos futuros de dólar na B3, a Bolsa de Valores brasileira, por meio de duas categorias: contratos cheios de dólar (DOL) e os minicontratos de dólar (WDO).

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“Os contratos cheios são para quem deseja movimentar grandes quantias, pois eles correspondem a uma movimentação de US$ 50 mil por unidade. O mini contrato é indicado para quem vai operar valores menores, pois cada minicontrato vale US$ 10 mil”, diz Lopes. Ela explica também que o contrato de US$ 10 mil não tem mínimo para operar, enquanto o de US$ 50 mil tem o mínimo de 5 contratos, equivalente a US$ 250 mil.

Em função do valor elevado, os especializadas consultados pelo E-Investidor comentam que essa modalidade é mais recomendada para quem tem um maior poder de barganha para investir, visto que em real é necessário ter pelo menos R$ 50 mil para comprar um contrato, o que passa a ser complicado para investidores com um patrimônio não tão grande.

Na visão de João Piccioni, gestor de fundos da Empiricus Gestão, o dólar futuro não é uma boa alternativa para o investidor que não está acostumado à volatilidade do mercado futuro. “O contrato futuro prevê fluxos diários de entrada e saída de recursos e, portanto, deve ser monitorado de forma recorrente. É um produto voltado para investidores mais experientes ou que desejem fazer alguma operação de proteção de carteira”, explica o analista.

*Com informações do Broadcast

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