O dólar era negociado em queda contra o real nesta sexta-feira, a caminho de registrar nova desvalorização semanal, em linha com recente arrefecimento da divisa norte-americana no exterior, enquanto novas medidas de estímulo econômico na China pareciam aliviar o fragilizado sentimento global.
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A China cortou sua taxa de juros de referência para hipotecas por uma margem inesperadamente ampla nesta sexta-feira, sua segunda redução neste ano, conforme Pequim procura reanimar o setor habitacional e sustentar a economia.
O estímulo vem na esteira de lockdowns prolongados em algumas cidades chinesas, incluindo o centro financeiro de Xangai, conforme o país enfrentava uma nova onda de casos de Covid-19. As restrições levantaram temores no mercado nas últimas semanas de que uma desaceleração na segunda maior economia do mundo poderia minar a atividade global, embora um arrefecimento recente no número de casos da doença na China possa levar à suspensão dos bloqueios em breve.
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Participantes do mercado receberam bem a notícia de estímulo. Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora, comentou que o corte de juros pode elevar esperanças de que a China conseguirá superar a crise que tem enfrentado diante da deterioração da situação sanitária.
Mas Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, viu impacto limitado da medida nos mercados de câmbio, já que a redução ocorreu apenas nos juros de longo prazo –os custos dos empréstimos de prazo mais curto da China ficaram inalterados.
Segundo ela, a queda do dólar tanto nesta sessão quanto na anterior é reflexo do alinhamento do mercado doméstico ao internacional, onde o índice da moeda norte-americana contra uma cesta de rivais fortes recuou nesta semana de picos em duas décadas atingidos mais cedo neste mês, ao mesmo tempo que cedeu bastante terreno contra o euro. “Esse movimento é reproduzido nos mercados emergentes também”, explicou.
O grande foco de especialistas em câmbio tem sido a condução das políticas monetárias nas principais economias do mundo. O Federal Reserve, banco central dos EUA, iniciou em março deste ano um ciclo de aperto, que está encabeçando a ritmo mais agressivo que o inicialmente previsto pelos mercados.
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No âmbito local, o aval dado nesta semana pelo Tribunal de Contas da União à privatização da Eletrobras teve impacto positivo no câmbio, uma vez que agentes financeiros estrangeiros podem passar a enxergar melhores oportunidades de investimento no Brasil, disse Argenta.
Às 10:56 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,49%, a 4,8953 reais na venda, com vários ativos arriscados performando positivamente nesta sexta-feira.
Moedas como peso mexicano, peso chileno, rand sul-africano e dólar australiano, por exemplo, avançavam contra a divisa norte-americana, enquanto as principais bolsas europeias e os índices referenciais de Wall Street registravam fortes ganhos.
Com o desempenho desta manhã, o dólar à vista ficava a caminho de registrar queda de mais de 3% em relação ao fechamento da última sexta-feira, o que marcaria sua segunda desvalorização semanal seguida frente ao real.
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Até agora no ano, a divisa dos Estados Unidos cai 12% frente à brasileira, embora ainda esteja mais de 6% acima da mínima para encerramento de 2022, de 4,6075 reais, atingida no início de abril.
Na B3, às 10:56 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,83%, a 4,9085 reais.
A moeda norte-americana spot fechou a última sessão em queda de 1,24%, a 4,9194 reais, seu menor patamar para um encerramento desde o dia 4 deste mês (4,9006).