Exterior mostra cautela e balanços ficam na mira local em véspera de decisão do Copom. (Foto: Adobe Stock)
Após abrir em queda, o Ibovespa hoje retomou fôlego e agora sobe em nova máxima histórica nesta terça-feira (4). Por volta das 12h (de Brasília), subia 0,23%, na marca inédita de 150.800,08. As atenções do mercado estão em dados da produção industrial brasileira e no primeiro dia de Comitê de Política Monetária (Copom), além da temporada de balanços.
O Índice Bovespa adotou uma série de máxima, motivada principalmente na esteira de grandes bancos. Com exceção de Itaú (ITUB4/-0,07%), as ações do setor bancário avançavam entre 0,32% (Bradesco ON) e 1,36% (Unit de Santander). O Itaú divulga balanço após o fechamento da B3. “Acho que o balanço deve vir positivo. O problema é que o mercado já está bem otimista com o balanço”, diz Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital.
Ontem, o Ibovespa atingiu pela primeira vez a importante marca simbólica dos 150 mil pontos, estimulado pelo avanço das bolsas norte-americanas e perspectiva de sinal de corte da Selic à frente no comunicado do Copom de amanhã.
No campo macroeconômico, o destaque é a produção industrial. Houve queda de 0,4% em setembro após alta de 0,7% em agosto (dado revisado), idêntica à mediana das expectativas. O dado não deve alterar as apostas de manutenção da Selic em 15% na decisão Copom desta quarta-feira, segundo analistas.
Em paralelo, a temporada de balanços no Brasil ganha força e tende a conduzir o pregão. A Embraer (EMBR3) publicou balanço do 3º trimestre antes da abertura da B3, que mostrou uma queda de 76% no lucro líquido ajustado, enquanto Itaú e CSN (CSNA3) publicam após o fechamento.
Nos Estados Unidos, pesam no sentimento incertezas sobre futuros novos cortes dos juros básicos americanos e a paralisação do governo Trump. O shutdown entrou hoje em seu 35º dia, e se igual ao recorde da paralisação de 2018-2019.
No câmbio, o dólar hoje se valoriza ante moedas fortes e ante o real. Às 12h06 (de Brasília), a moeda americana subia 0,47%, a R$ 5,38 na venda.
Ibovespa hoje: os principais assuntos do mercado de ações nesta terça (4)
Bolsas globais recuam com incertezas sobre juros e shutdown americanos
Os índices de Nova York caem nesta terça-feira, pressionados por incertezas sobre novos cortes de juros nos EUA, e o tombo das ações da Palantir Technologies.
O shutdown do governo Trump, que hoje entrou em seu 35º dia, igualando o recorde da paralisação de 2018-2019, também pesa no sentimento.
O líder da maioria no Senado, John Thune (Republicano), disse que não há votos para encerrar o filibuster e alertou que “não há vencedores” na paralisação. O presidente da Câmara, Mike Johnson (Republicano), relatou conversa com o presidente Donald Trumpsobre o Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP), afetado pelo shutdown.
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A diretora do Fed, Lisa Cook, afirmou que a paralisação distorce dados econômicos, mas não altera o tom “moderadamente restritivo” da política monetária.
Juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) caem, o dólar hoje sobe ante pares principais e as bolsas europeias recuam, com destaque para a queda de 9% da Telefónica mais cedo em Madri.
Copom se reúne para definir a taxa Selic
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, participa nesta terça-feira, das 10h às 12h, da primeira sessão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A reunião continua à tarde, das 14h às 17h30.
Trata-se da primeira sessão da reunião, que definirá o rumo dos juros amanhã. A expectativa do mercado é de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, como já indicava o Boletim Focus desta semana.
Produção industrial recua em setembro após alta em agosto. (Foto: Adobe Stock)
A produção industrial caiu 0,4% em setembro ante agosto, na série com ajuste sazonal. O resultado foi igual à mediana das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, que iam de queda de 0,9% a alta de 0,2%.
A produção industrial de setembro reforça a leitura de que a indústria está em um movimento de transição para um quadro estável no quarto trimestre, avalia o economista do ASA Leonardo Costa.
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Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, apesar da alta registrada em setembro, os dados dos últimos meses indicam que o segmento de bens de capital, ligado a investimentos em máquinas e equipamentos, vem perdendo força.
“A desaceleração da indústria ao longo deste ano é um dos sinais de que a economia brasileira, de maneira geral, deve crescer menos do que em 2024. Essa perda de fôlego é reflexo dos juros altos, que tendem a reduzir o espaço para novos investimentos e limitar o crescimento da atividade econômica. Nossa expectativa é de que o PIB cresça 2% em 2025 e 1,5% em 2026.”, projeta Moreno.
Agenda econômica do dia
A produção industrial brasileira em setembro e o primeiro dia de Comitê de Política Monetária (Copom) são os destaques do Ibovespa hoje, em meio à temporada de balanços, com Embraer (EMBR3) e Itaú (ITUB4). No exterior, o shutdown do governo dos EUA chega ao 35º dia, igualando o recorde da paralisação de 2018-2019, e impede a divulgação de diversos indicadores.
Ainda na agenda econômica, a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Bloomberg Green Summit ficam na mira dos investidores. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado deve votar o Projeto de Lei 5.473/2025, que dobra a taxação de bets e eleva a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de instituições financeiras.
O Tesouro realiza leilões de venda de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, títulos públicos com rendimento atrelado à inflação) e de Letra Financeira do Tesouro (LFT, título pós-fixado com rentabilidade atrelada à taxa de juros). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai se reunir com ministros em Belém (PA) em meio aos preparativos da COP30.
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A Embraer publicou balanço do 3º trimestre antes da abertura da B3, que mostrou uma queda de 76% no lucro líquido ajustado, enquanto Itaú e CSN publicam após o fechamento.
No exterior, as atenções se voltam também para declarações da vice-presidente de supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Michelle Bowman, após divergências sobre o rumo dos juros entre integrantes do BC americano.
Há também os discursos da dirigente do Banco da Inglaterra (BoE) Sarah Breeden e do membro do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC da Alemanha, Joachim Nagel.
Devido à paralisação do governo dos EUA, o relatório Jolts (relatório sobre a abertura de novas vagas de trabalho), a balança comercial e as encomendas à indústria no país não devem ser divulgados. Balanços da AMD, Super Micro Computer e da seguradora AIG serão publicados após o fechamento das bolsas em Nova York.
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Eleitores de Nova York, Nova Jersey, Virgínia e Califórnia votam para eleger um novo prefeito, dois governadores e aprovar ou não uma proposta de redistribuição de distritos eleitorais. A China divulga Índices de Gerentes de Compras (PMIs) composto e de serviços de outubro.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Fernanda Bompan, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast