O IPCA é o indicador oficial do governo de inflação no Brasil. (Foto: Adobe Stock)
O Ibovespa hoje fechou em alta, em meio à virada para o positivo da Vale (VALE3). As atenções do mercado estiveram no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril. Negociações entre EUA e China também ficaram no radar – veja aqui os principais assuntos do dia. O índice encerrou em valorização de 0,21% aos 136.511,88 pontos.
Investidores adotaram cautela diante da proximidade do fim de semana, quando é esperado um encontro formal entre governos da China e dos EUA para discutir o tarifaço. Nesta manhã, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que “uma tarifa de 80% para a China parece correta”, em publicação na Truth Social. Ele ainda acrescentou que a China deveria abrir seu mercado aos EUA, já que “mercados fechados não funcionam mais”, afirmou.
Além do mais, resultados de algumas empresas brasileiras pesaram no Índice Bovespa hoje, caso da CSN (CSNA3). Ainda que o papel não tenha participação relevante na composição da carteira teórica, a queda de 9,87% pesou e contaminou o segmento metálico, assim como o tombo de quase 7% em Magazine Luiza (MGLU3). Quem liderou as perdas do dia, contudo, foram os ativos da Azul (AZUL4), que derreteram 11,89%. Assim, o ganho de 5,41% do Itaú Unibanco (ITUB4) e a alta dos demais papéis de grandes bancos tentaram empolgar o Ibovespa.
No último pregão, o Ibovespa atingiu máxima a 137.634,57 pontos, o maior nível da sua história, chegando a subir mais de 3% no dia. “Temos vários pontos para explicar isso, mas acredito que, principalmente o contexto internacional mais calmo, com Trump apresentando diversas negociações, como muitos já imaginavam. Aquele famoso ‘bate e assopra’ tem ajudado”, avalia Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos.
Dólar volta a fechar em queda
O principal índice da B3 hoje foi apoiado pela valorização do petróleo, que impulsionou as ações do PetroRecôncavo (RECV3) a registrarem ganhos de 5,49%. Ominério de ferro foi contraponto, após fechar em queda de 0,57% na China.
Após desvalorização de 1,46% ontem, o dólar experimentou uma leve queda nesta sexta-feira e encerrou o pregão ainda acima do nível técnico de R$ 5,65. Divisas emergentes em geral ganharam terreno em dia marcado por uma rodada global de enfraquecimento da moeda americana.
Por aqui, a leitura do IPCA de abril praticamente em linha com as expectativas teve pouca influência na formação da taxa de câmbio. Com as perdas ontem e hoje anulando os ganhos das três sessões anteriores, o dólar terminou a semana estável. A divisa recua 0,38% em maio e 8,50% no ano.
Ibovespa hoje: os destaques da sexta-feira
Bolsas internacionais monitoram diálogo entre EUA e China
As bolsas europeias fecharam em alta, enquanto os índices de Nova York terminaram mistos em meio à notícia do New York Post de que o presidente dos EUA, Donald Trump, avalia reduzir as tarifas recíprocas à China para algo entre 50% e 54% já na próxima semana, e as tarifas sobre países do sul da Ásia poderiam cair para 25%.
No sábado (10), o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, reúne-se com autoridades chinesas na Suíça para discutir tarifas, após o acordo comercial fechado na quinta-feira (8) com o Reino Unido. O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que busca acordos com grandes economias asiáticas para reduzir a dependência da China e que os acordos comerciais devem ser finalizados até 8 de julho.
Odólar hoje e os juros dos Treasuries (títulos da dívida americana) recuaram à espera também de discursos de dirigentes do banco central americano, após a manutenção de juros pelo Fed nesta semana. “Prevejo que as tarifas dos EUA levarão a uma inflação maior no país e a um menor crescimento tanto nos EUA quanto no exterior a partir do fim deste ano”, disse o diretor do Fed, Michael Barr.
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Na Ásia, as bolsas chinesas caíram mesmo com o forte crescimento das exportações em abril (+8,1%) e uma queda menor que a esperada nas importações, devido à incerteza comercial.
Inflação no radar: IPCA desacelera em abril
O IPCA de abril ficou também no radar, após a elevação da taxa Selic a 14,75% e da sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que o ciclo de alta pode ter chegado ao fim. No entanto, algumas instituições financeiros ainda veem espaço para novo aperto diante das incertezas sobre a inflação local e o comercio global.
Após subir 0,56% em março, o IPCA fechou abril com alta de 0,43%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou levemente acima da mediana das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que apontava alta de 0,42%. O intervalo das estimativas ia de alta de 0,37% a 0,47%.
Em relação ao quadro fiscal, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que a União garantirá, se necessário, recursos públicos para ressarcir integralmente posentados e pensionistas afetados por fraudes do INSS, mas o valor a ser ressarcido ainda será calculado para acomodá-lo dentro do orçamento federal.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
* Com informações de Silvana Rocha, Luciana Xavier, Daniel Tozzi Mendes e Anna Scabello, do Broadcast