Apesar da agenda externa relevante da quarta-feira, os juros futuros passaram boa parte da sessão de lado, fechando com taxas perto dos ajustes anteriores. Após o forte alívio de prêmios visto ontem, era de se esperar alguma realização de lucros na curva, mas a nova rodada de queda do dólar, abaixo de R$ 5, e a leitura conjunta do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) dos Estados Unidos com a ata do Federal Reserve limitou o ajuste.
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Pela manhã, o dado de inflação chegou a impor um viés de baixa às taxas locais, mas que se dissipou ao longo do dia em meio a inconsistência do sinal dos Treasuries. Além disso, declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em reuniões com investidores durante o evento do Fundo Monetário Nacional (FMI), desautorizaram otimismo do mercado quanto ao início do ciclo de corte de juros.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,14%, de 13,12% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou em 11,81%, de 11,75%. A do DI para janeiro de 2027 passou de 11,73% para 11,75% e a do DI para janeiro de 2029 ficou estável em 12,16%.
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A pouca tração no mercado de juros destoou do comportamento da Bolsa e do real, que renovaram o fôlego de alta. O dólar à vista fechou em baixa de 1,31%, aos R$ 4,9417, o que é visto como boa notícia para o cenário de preços. Mas a percepção é de que o recuo das taxas ontem foi grande o bastante e que agora são necessários novos gatilhos para direcionar as posições.
O operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio viu um certo exagero na queima de prêmios da véspera. “O mercado acabou andando muito. O pessoal fez as contas e se deu conta de que ainda há uma série de etapas a serem cumpridas antes do Copom começar a cortar a Selic“, disse. Para ele, foi o ambiente externo que ajudou a evitar um ajuste de alta mais firme nesta quarta.
Mesmo considerada em boa medida defasada após a leva de dados econômicos nos últimos dias, a ata do Fed trouxe alguma preocupação sobre a saúde da economia americana ao afirmar que os Estados Unidos devem passar por uma “recessão leve”, que deverá iniciar no fim do ano, em resposta aos “efeitos econômicos dos recentes desdobramentos do setor bancário”. Pela manhã, o CPI havia mostrado desaceleração de 6% para 5% na taxa anual entre fevereiro e março no dado cheio, mas com avanço dos núcleos (5,5% para 5,6%). As taxas dos Treasuries até a ata não tinham sinal firme, consolidando-se em baixa posteriormente.
Ao mesmo tempo, Campos Neto, a investidores durante evento da XP Investimentos, paralelamente às reuniões de primavera do FMI, buscou frear a empolgação do mercado com o IPCA de março e com a perspectiva de um corte da Selic no curto prazo. Ele comparou a Selic a uma dosagem de antibiótico e disse que ainda não é hora de reduzir os juros. Segundo ele, a queda da inflação em março é só mais um dado.
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