Os juros futuros fecharam a segunda-feira (18) em alta, sob a pressão do mercado de Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) e da cautela com a sinalização do Copom e do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) na quarta-feira (20). Todas as taxas avançaram e a curva ganhou inclinação, com a ponta longa subindo com mais intensidade. A agenda econômica no Brasil, com o IGP-10 e o IBC-Br, não teve efeito diretamente sobre as taxas, mas alimenta a ideia de que o espaço para novos cortes de 0,5 ponto porcentual da Selic está menor.
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No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 9,985%, de 9,957% no ajuste de sexta-feira e a do DI para janeiro de 2026, em 9,94%, 9,88%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,17%, de 10,12%, e a do DI para janeiro de 2029 avançava de 10,61% para 10,66%.
O ambiente externo manteve-se como principal fator a explicar o desenho da curva, embora a influência do quadro doméstico não seja desprezível. A agenda internacional hoje foi fraca, mas mesmo assim os yields dos Treasuries continuaram avançando. O da T-Note de dez anos piorou sensivelmente de uma semana para cá, saindo do nível de 4,10% na segunda-feira passada para 4,33% hoje no fim do dia.
“A curva de juros dos EUA deve levar tempo para voltar a cair. Junho ficou muito incerto para o início dos cortes pelo Federal Reserve. E a curva aqui acompanha, com as taxas retomando níveis de meses atrás”, diz Anilson Moretti, sócio e head de câmbio da HCI Invest, que considera a entrevista do presidente do Fed, Jerome Powell, após a reunião, o evento de maior expectativa.
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O mercado quer conferir se a aposta de junho será ratificada, mas, por precaução, ampliou posições defensivas para uma sinalização de que seja mais adiante. O quadro de apostas nesta tarde estava dividido entre junho e julho. Haverá atenção especial também para o gráfico de pontos, para ver se a estimativas de três reduções de juro em 2024 será mantida ou revisada, diante da persistência da inflação em níveis elevados.
No Brasil, o debate sobre o atual foward guidance da política monetária vem ganhando corpo. Há quem acredite que será mantido nesta quarta-feira e outros profissionais apostam num ajuste do plural no termo “próximas reuniões” para o singular. Não se descarta até a possibilidade de que haja manutenção do plural, mas com a magnitude da queda alterada para 25 pontos-base. Com exceção do primeiro caso, a curva terá pressão de alta se confirmado qualquer um dos dois últimos cenários.
Nesta segunda-feira, os dados de atividade e inflação no Brasil reforçaram a percepção deixada pelos indicadores do varejo, serviços e Caged, na semana passada, de que o processo de desinflação pode demorar mais do que o previsto. A alta do IBC-Br de janeiro de 0,60% ficou abaixo da mediana das estimativa (0,65%), mas o indicador atingiu o melhor nível desde abril do ano passado. Já a deflação do IGP-10 de março, de 0,17% não só foi menor do que apontava o consenso (-0,34%) como ficou perto do teto das projeções (-0,16%).
O mercado monitorou ainda a reunião ministerial convocada pelo presidente Lula em meio à queda a popularidade do governo. No encontro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que uma política econômica pragmática é capaz de guiar as expectativas de mercado e fez uma análise do cenário deste ano. Destacou entre os projetos prioritários da agenda econômica o foco na estabilização da dívida pública, além do estímulo e melhoria do ambiente de negócios.
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