Os números do Banco do Brasil (BB) apontam que a operação bancária do conglomerado é avaliada com um excessivo desconto pelo mercado, avalia o Bank of America. De acordo com o banco, as ações do BB (BBAS3) embutem, ao preço de tela, uma avaliação de 0,7 vez o valor patrimonial, contra um múltiplo de 1,1 vez que, na visão da casa, seria justo dados os retornos recentes.
Leia também
“Acreditamos que estes patamares de múltiplo são excessivamente descontados considerando a dinâmica positiva do negócio, que apresentou um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) em média de 17,2% nos últimos dois anos”, afirma em relatório o analista Mario Pierry.
O indicador apontado por ele considera apenas a operação bancária principal do BB, ou seja, exclui a adquirência, que o banco opera através da Cielo, o braço de seguros, abarcado pela BB Seguridade, e o Patagonia, banco que o BB controla na Argentina. Sob este mesmo parâmetro, Pierry calcula que o custo de capital do banco roda próximo dos 16,6%, ou seja, o BB tem rentabilidade superior ao custo de captação.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
O analista fez cálculos sobre o valor do banco utilizando a chamada soma das partes, ou seja, separando o resultado de acordo com cada área de atuação. As contas apontaram que a operação bancária é avaliada em R$ 112 bilhões pelo mercado (o conglomerado vale R$ 165,6 bilhões na Bolsa), ante um ROE de 16,5% em 2023 e de 17,9% em 2022.
Na visão do BofA, o desconto é explicado pelos temores do mercado de interferência política, algo que a administração do BB tem dito que não tem ocorrido. A casa menciona o programa “Bom pra Todos”, criado durante o primeiro governo de Dilma Rousseff (2011-2014), e que fez o BB baixar os juros, mas que derrubou os resultados do banco pelos anos seguintes.
“De todo modo, (atualmente) o BB tem uma forte estrutura para protegê-lo de interferência, e o governo controla ‘somente’ 50% das ações, contra 100% da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”, afirma o relatório.
O BofA estima que o lucro do BB crescerá 7% neste ano, para R$ 38,1 bilhões. Para tanto, o negócio bancário terá de crescer 20% em 2024, dado que a estimativa inclui uma queda de 60% nos resultados do Patagonia, e também crescimentos de apenas um dígito nos lucros da Cielo e da BB Seguridade.
Publicidade
O BofA mantém recomendação de compra para os papéis do BB (BBAS3), com preço-alvo de R$ 69, potencial de alta de 19,5% em relação ao último fechamento.