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12 especialistas comentam os efeitos da queda do PIB no mercado financeiro

A retração de 1,5% foi a maior desde 2015

12 especialistas comentam os efeitos da queda do PIB no mercado financeiro
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
  • Com efeito da pandemia de coronavírus, o PIB do 1º trimestre caiu 1,5% em relação ao mesmo período do ano passado
  • Essa foi a maior queda desde o 2º trimestre de 2015, quando a economia encolheu 2,1%

A pandemia de covid-19 brecou a recuperação da economia brasileira. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,5% na comparação com o quarto trimestre de 2019, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 29. Essa foi a maior queda desde o 2º trimestre de 2015, quando a economia encolheu 2,1%

A queda de 1,5% confirma as projeções de analistas. Isso deve confirmar a projeção de um recuo de 11% no segundo trimestre, o que fará o PIB encerrar 2020 com o mais fraco desempenho de sua história: -6%.

O E-Investidor procurou especialistas para entender como a retração do PIB pode afetar o mercado financeiro:

Alex Agostini, da Austin Rating

“A queda do PIB não afeta a bolsa hoje, pois os dados consolidam todas as informações já divulgadas no primeiro trimestre.

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“Tomar uma decisão com base no PIB é como olhar para o retrovisor para e decidir o que fazer. Apesar de não impactar a bolsa, o que o investidor deve saber é que a divulgação do resultado muda as expectativas para o futuro.

“Na medida que que os números são divulgados e se eles forem mais altos do que os projetados, as previsões futuras são alteradas e isso afeta o mercado no longo prazo. Com a expectativa de um crescimento menor lá na frente, a expectativa da rentabilidade das ações fica menor também.”

Pedro Paulo Silveira, Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos

“O anúncio da queda de 1,5% do PIB teve um impacto neutro sobre os preços praticados no mercado, tanto no dólar, como em ações ou taxas de juros. Isso aconteceu, pois não houve surpresa e veio dentro do intervalo esperado pelo mercado.

“Nesse sentido, a divulgação  confirma que o  segundo trimestre vai ser ainda mais severo. A crise da covid-19 e o isolamento social tiveram um impacto muito maior sobre a atividade econômica no período por conta da quarentena imposta em todo mês de abril, maio e uma parte significativa de junho. Os impactos devem ser aprofundados no curto prazo.”

José Francisco Cataldo, superintendente de research da Ágora Investimentos

“A divulgação não tem força para impactar a bolsa, já que o PIB veio dentro das projeções e caiu 1,5%. Se o resultado viesse fora das expectativas, o mercado poderia reagir para cima ou para baixo, mas como veio dentro do esperado, o número não impactou.

“Para o segundo trimestre, a expectativa é ter uma queda bem maior. Enquanto tivemos apenas os últimos 15 dias do primeiro trimestre afetados pela quarentena, o segundo terá dois meses inteiros.”

Marco Harbich, Estrategista da Terra Investimentos

“A nossa expectativa é que o PIB seja ainda pior para o final do ano. Um ponto importante deste resultado é o aumento do desemprego, que inibe o consumo e, consequentemente , piora o resultado das empresas.

“Contudo, não vejo que a queda do PIB pode impactar a nossa bolsa por alguns fatores. Primeiro, acho que a economia começará a recuperar a partir do terceiro trimestre deste ano. Com isso, o mercado se antecipa.

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“Além disso, teremos um novo corte na Selic, o que impulsiona o mercado de renda variável pela busca de melhores resultados. Vale ressaltar que estes são os pontos fundamentalistas, mas podemos ter surpresas com dados inesperados. Além disso, o lado político (doméstico e internacional), pode afetar a nossa bolsa.”

Ilan Arbetman, analista de Equity Research da Ativa Investimentos

“O impacto do resultado do PIB vem diluído, no sentido que a gente já começou a ter alguma noção quando saiu os balanços das companhias. Um ponto bacana é que o PIB veio exatamente em linha com a mediana do mercado, tanto na visão do trimestre, quanto na visão anual. Hoje, quando a gente vê a bolsa de valores iniciando o pregão em baixa, tem pouco componente do PIB nisso. Tem muito mais a ver com o noticiário externo mais carregado, já que o presidente americano Donald Trump possivelmente subirá o tom com a China.

“Então houve uma grande conformidade, tanto com o que o mercado esperava, quanto com o que já começávamos a ver na temporada de balanços. Para efeito de preço, não vejo grande impacto desse PIB. Tem também gente que esperava que fosse pior no cenário anual, mas veio com uma pequena queda de 0,3%, e isso até poderia causar uma externalidade positiva. Entretanto, também temos ciência que possivelmente o grosso da crise venha no segundo trimestre.”

Guilherme Attuy, economista-chefe da Gauss Capital

“Como o dado divulgado pelo IBGE veio em linha com o consenso de mercado, em face dos ruídos de fora, acho difícil os números do PIB do Brasil gerarem muita volatilidade. 

“Fica mais interessante olhar para o que está acontecendo ali dentro do PIB, do que propriamente o número em si. Os dados confirmaram que o PIB Agro veio melhor do que os outros componentes da oferta. O que só reforça a ideia de que alguns papéis da bolsa possivelmente tenham um impulso necessário, que já aparecia em outros indicadores de exportação.”

Leonardo Trevisan, economista da ESPM

“De alguma forma, a precificação do PIB já estava estruturada e não representa uma surpresa tão grande para o mercado. Um número como esse adianta o impacto para o próximo trimestre, e aí o mercado vai reagir.  Acho que a bolsa vai ter um impacto forte, por exemplo, caso tenha que se tomar outras medidas de isolamento.

“Não podemos colocar na conta da pandemia todo o problema da retração. A pandemia pegou a segunda quinzena de março. Quase 80% desse PIB é de um período em que o País estava ‘normal’. Então esse PIB começa a revelar aquilo que já se comentava no final de 2019 e começo de janeiro, quando saiu o PIB industrial e se teve uma ideia da retração da indústria.”

Alvaro Bandeira, economista-chefe do Modalmais

“Esse PIB, especificamente, afeta pouco. Primeiro, porque a gente está recebendo esse dado dois meses depois que foi medido. Segundo, porque esse PIB pega pouco da pandemia. É muito mais o cenário externo e um pouco das pessoas se preparando para uma situação que até então não era tão grave. Você vê, por exemplo, o comércio caindo menos que outros segmentos, o que mostra que as pessoas fizeram um pouco de estoque.

“Então eu acho que é muito defasado e é muito retrovisor do que aconteceu logo em seguida. Por exemplo, o resultado de abril deve ser péssimo e o de maio também não deve ser legal. Acho que o resultado desse PIB já estava em quadro e veio muito parecido com o que se esperava. Alguns setores um pouco melhores, o consumo das famílias caindo bem, consumo de Governo um pouco maior, que era de se esperar também, e alguns desbalanceamentos.

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“Todos estão realmente preocupados com o 2º trimestre, em que é esperada uma queda do PIB de 10% ou 12%.”

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset

“Esse resultado do PIB não afeta o mercado financeiro, já que veio em linha com as expectativas, além de a gente estar falando de passado. Agora o mercado está prestando atenção em outras coisas, como a declaração de Donald Trump sobre a China. Até mesmo o resultado do PIB do 2º trimestre dificilmente impactará o mercado. Esse impacto maior só irá acontecer se vierem números que fujam das expectativas. Caso venha alinhado com o que o mercado espera, o elemento surpresa fica limitado.”

Daniel Jannuzzi, economista da Magnetis Investimentos

“É importante mencionar que o mercado tenta se antecipar aos momentos da economia. Então o mercado já esperava esse resultado negativo do PIB no 1º trimestre e todo o processo que vimos anteriormente de queda da Bolsa foi justamente esperando resultados ruins do desempenho econômico do Brasil e do Mundo, como isso afetaria a dinâmica das empresas e em última instância o preço ligado às cotações.

“O resultado veio dentro do que o mercado esperava e essa queda da Bolsa já estava no preço. O importante agora, que vai afetar a cotação da Bolsa, é muito mais a expectativa do mercado quanto a acontecimentos futuros do que esse resultado do PIB. O que está em pauta é como vai ser o resultado do 2º semestre, como será o desenrolar da crise política e quando vai ser a reabertura da economia.”

Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos

“O resultado do PIB veio alinhado à expectativa consensual do mercado. Quando temos valores diferentes da expectativa do mercado é que podemos ver mais volatilidade, para cima ou para baixo. Acredito que teremos hoje um mercado receoso, mas não por conta desses dados.

“Claro que a gente acompanha dentro dessa análise do PIB alguns indicadores, como o consumo das famílias, que já apresentou retração. Lembrando que é o consumo das famílias que vinha suportando o crescimento do PIB, principalmente no movimento pré-pandemia, e mostrou uma queda. Mas esse PIB do 1º trimestre capta apenas parcialmente os efeitos da quarentena e da pandemia, então o PIB do 2º trimestre que deve mostrar o real impacto do coronavírus na economia brasileira.”

Vitor Vidal, Economista da XP

“A composição para a queda de 1,5% do PIB veio em linha com o que tínhamos em mente para o primeiro trimestre.

“Um exemplo é a queda no consumo das famílias, que puxou o resultado e impõe viés de baixa para o final do ano. Por outro lado, uma das principais surpresas foram os investimentos, que tiveram alta no período, ao contrário da expectativa de queda. Mas, no geral, foi alinhado com o que o mercado já aguardava.”

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