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Atmos e Dynamo: as portas da esperança para investimentos na Bolsa?

Fundos de ações podem ser opções para investidores que miram no longo prazo, mas cuidados serão necessários

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Dois dos principais fundos de ações abrirão suas portas para investidores pela primeira vez desde 2020 – 
B3 19/10/2021 REUTERS/Amanda Perobelli
Dois dos principais fundos de ações abrirão suas portas para investidores pela primeira vez desde 2020 – B3 19/10/2021 REUTERS/Amanda Perobelli

“Complete a frase: quando os fundos de ações estrelados Dynamo e Atmos abrem no mesmo semestre é porque a Bolsa está…” – tuitei recentemente, zero iludida de que seria um retorno tranquilo. A FinTwit (como ficou conhecida a comunidade de finanças na rede social) adora uma polêmica.

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Logo vieram os ataques, a maior parte na linha: “porque os fundos perderam muitos cotistas”, “porque os fundos estão sofrendo saques”, “porque houve muitos resgates”. Não é verdade para nenhum dos dois fundos.

A resposta certa para mim é clara: o fato de dois fundos com histórico excepcional, a maior parte do tempo fechados, abrirem as portas no mesmo semestre sinalizam que a Bolsa está recheada de oportunidades para quem tem olhar de longo prazo.

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É claro, precisa ler a bula para se beneficiar dos produtos: esses gestores, a nata da seleção de ações no Brasil, escolhem empresas a dedo na expectativa de ganhar com elas em um horizonte de pelo menos cinco anos. O que vai acontecer neste ano ou no próximo pouco importa pra eles – aliás, eles estão cientes de que a Bolsa pode cair mais.

Nenhum cliente dos fundos de ações abertos por Atmos ou Dynamo que tenha seguido a prescrição – passado exatos cinco anos no fundo – perdeu dinheiro ou ficou atrás do CDI. Nenhum.

No caso de Atmos, nenhum também perdeu para o Ibovespa. Para Dynamo, mais antiga, com 20 anos de vida, o cliente que investiu por cinco anos só ficou um pouco atrás do índice se resgatou em uma curta janela entre fim de 2007 e começo de 2008 – mas, certamente, ficou feliz, com ganhos de mais de 400%. Todos os demais bateram a média do mercado.

Ou seja, todas as outras vezes que Atmos e Dynamo colocaram clientes para dentro conseguiram comprar ações baratas o suficiente para rentabilizarem o dinheiro no longo prazo.

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O problema é que o estudo de janelas móveis – que mostra quanto ganhou qualquer cliente que ficou por um determinado período no fundo – é pouco disseminado. Ele dá lugar ao olhar para o ganho de curto prazo, estimulado por quem atende o cliente na ponta.

Na janela de 12 meses, Atmos e Dynamo estão empatados com prejuízo de 31%, bem mais do que os 13% de queda do Ibovespa no período.

A abertura dos dois fundos, que não se via desde março de 2020, é um sinal de que há oportunidades na Bolsa.

O que me preocupa? É que esse tipo de resposta do público faça gestores excepcionais se afastarem cada vez mais da oportunidade de democratizar seus produtos. Teria sido muito mais fácil divulgar a captação somente entre clientes institucionais, em vez de permitir o acesso direto de investidores qualificados ou a criação de fundos espelho por plataformas com mínimos menores.

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Depois a mesma FinTwit reclama dos tíquetes mínimos elevados. Eu também preferia que fossem menores e defendo muito isso, publicamente e nos bastidores – mas, enquanto não formos capazes de provar que estamos preparados para investir para o longo prazo, fica difícil sustentar a defesa.

Entendo que gato escaldado tem medo de água fria, mas presumir que o mercado financeiro é sempre o vilão não ajuda em nada – e até atrapalha. Tem muito joio por aí, mas também tem trigo.

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