- Uma resolução da Anbima determinou que, a partir de janeiro de 2023, bancos e corretoras disponibilizem para os clientes os valores de referência dos títulos públicos e privados que possuem
- Isso significa que, a partir do ano que vem, os títulos públicos federais, debêntures, CRIs e CRAs vão passar por uma marcação a mercado
- Na prática, investidores vão poder acompanhar diariamente quanto receberiam por seus ativos se decidirem vender suas posições antes do vencimento
Com a taxa básica de juros mantida a 13,75% ao ano, o maior valor desde o fim de 2016, o investimento em renda fixa voltou ao posto de queridinho dos portfólios, oferecendo boa rentabilidade a um baixo nível de risco. Mas os investidores precisam ficar atentos: a partir de 2 de janeiro de 2023, esses ativos vão passar por uma mudança.
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Uma resolução da Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) determinou que bancos e corretoras disponibilizem para os clientes os valores de referência dos títulos públicos e privados que eles possuem. Isso significa que, a partir do ano que vem, os títulos públicos federais, debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) vão passar por uma marcação a mercado.
Nesta reportagem, especialistas indicam os melhores investimentos da renda fixa com a Selic em 13,75% ao ano.
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Na prática, trata-se de uma medida para dar mais transparência ao mercado, já que investidores vão poder acompanhar diariamente quanto receberiam por seus ativos se decidirem vender suas posições antes do vencimento. “É super importante entender que não é uma mudança na prática, mas uma evolução de transparência do mercado de renda fixa. É positivo para entender de fato como os nossos investimentos estão indo”, destaca Camilla Dolle, head de renda fixa da XP.
A especialista traça um paralelo com os ativos do Tesouro Direto, que já operam sob essa lógica. Quem compra um título e leva até o vencimento, recebe – e vai continuar recebendo – a rentabilidade contratada. Se decidir sair antes, fica sujeito a marcação a mercado, que decidirá quanto vale aquele ativo naquele dia conforme o momento.
“Na prática, já é assim”, diz Dolle. “Não é que vai mudar o quanto vale o título, o que muda é que vamos poder ver quanto aquele ativo de fato vale no presente. Agora, só sabemos a rentabilidade no vencimento”.
Essa maior transparência vai dar mais liberdade ao investidor para girar a carteira. Viu que aquele ativo está sendo negociado a um preço interessante no mercado secundário? Pode ser uma oportunidade de se desfazer das posições sem ter um prejuízo. Aqui, contamos como o mercado secundário oferece ativos da renda fixa com rentabilidade acima de 18%.
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“Se vejo uma mudança no cenário econômico e acho que a rentabilidade vai cair, posso abrir mão daquele título e investir em outras coisas. O investidor vai ter mais liberdade”, diz Jaqueline Benevides, analista de renda fixa do TC.
A analista explica que, na prática, vai ser como negociar ações. O investidor vai saber quanto aquele ativo vale e poderá optar por sair, sabendo que terá ganhos ou perdas. “Isso fará com que esse mercado fique muito maior, ganhando liquidez”, diz.
Com a mudança, a renda fixa já não será mais tão fixa assim. Mas isso não deve ser negativo para o investidor.
“O investidor vai ver a renda fixa oscilar como se fosse renda variável, o que para alguns pode ser estranho, em especial para o cliente mais conservador que não gosta de volatilidade”, diz Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos. “Mas quem entender bem esse mercado vai poder inclusive sair com um ganho antecipado das aplicações. O segredo é manter a calma e entender que isso faz parte do movimento de mercado”, explica.
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