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Mercado

O que o mercado pensa de Gabriel Galípolo, o “número 2” na Fazenda

O nome dele pode não ser suficiente para cumprir a missão de aproximar Haddad da Faria Lima

O que o mercado pensa de Gabriel Galípolo, o “número 2” na Fazenda
Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central. (Foto: Felipe Rau/Estadão)
  • O futuro Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou o nome de Gabriel Galípolo para a secretaria-executiva da Fazenda
  • Galípolo é economista, conselheiro da Fiesp e foi CEO do Banco Fator; alguém com experiência no mercado financeiro
  • Apesar disso, segundo as fontes, o nome sozinho não será suficiente para aproximar o novo ministro da Faria Lima, que recebeu a indicação de Haddad com ceticismo na sexta-feira

Fernando Haddad (PT), futuro Ministro da Fazenda, indicou o primeiro nome da equipe que vai  acompanhá-lo comando da pasta econômica. Gabriel Galípolo, ex-CEO do Banco Fator, vai assumir a secretaria-executiva da Fazenda – o cargo “número 2” do ministério. A informação, que havia sido antecipada pelo Estadão, foi confirmada pelo próprio Haddad em conversa com jornalistas na saída da sede do Banco Central, em Brasília, nesta terça-feira (13).

Além de ter comandado o Fator até 2021, Galípolo é economista formado pela PUC-SP, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pesquisador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e conselheiro da Fiesp. Já trabalhou na Secretaria Estadual de Economia e Planejamento, no governo de José Serra (PSDB); mas é próximo ao PT há mais de 10 anos, quando colaborou, em 2010, na construção do plano de governo do ex-ministro Aloizio Mercadante.

“Galípolo tem skills que serão muito úteis para as principais decisões de política econômica do Haddad no governo Lula 3. Tem graduação na área, trabalhou no mercado financeiro e tem a confiança de Haddad”, avalia Flávio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimentos.

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Nesta reportagem de abril, o Estadão mostrou como o ex-banqueiro atuou na campanha petista para tentar aproximar o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da Faria Lima.

A nomeação de Haddad para o cargo-chave da economia do País não agradou o mercado financeiro, conforme contamos na sexta-feira (11) quando o petista foi nomeado oficialmente por Lula. Agora, investidores esperavam pela indicação de uma equipe de secretários mais técnica para “balancear” a indicação; ou, ao menos, aproximar o novo ministro de políticas mais pró-mercado.

O nome de Galípolo, porém, pode não ser suficiente para cumprir essa missão, explica Mário Lima, analista sênior de política e macroeconomia da Medley Advisors. “É alguém que tem alguma experiência no setor privado e sabe como o mercado funciona; e nesse aspecto pode ser muito útil para o Haddad. Mas é um sujeito que, ideologicamente, era considerado por muitos do mercado como um desenvolvimentista”, afirma.

Victor Inoue, head de produtos da WIT Invest, destaca ainda que o economista já se posicionou de “maneira ambígua” em relação à disciplina fiscal, criticando a regra do Teto de Gastos. “A indicação de Gabriel Galípolo é fraca, ainda mais em comparação com outros nomes que eram especulados, como Marcos Cruz, Felipe Salto e Bernardo Appy”, diz.

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Como número 2 na Fazenda, a função do economista tem um caráter auxiliar, como uma espécie de gestor interno do Ministério. Mas não é necessariamente o posto de um formulador das políticas econômicas. O que, na visão de Francisco Levy, estrategista-chefe da Empiricus Investimentos, acaba fazendo com que a confirmação do nome não tenha tanto impacto. “Não é um nome de muito peso e nem um cargo de tanta relevância”, diz.

Haddad deve conceder sua primeira entrevista coletiva desde que foi indicado ministro às 18h30 desta terça-feira. A expectativa é de que mais um cargo dentro da Fazenda seja anunciado. Como mostrou o Estadão, alguns nomes são possíveis, como o do economista Bernard Appy, cotado para cuidar da reforma tributária.

Espaço para Mercadante

Na equipe de transição do governo, Galípolo fez parte do grupo temático da área de Infraestrutura. O economista já trabalhou com o BNDES na estruturação financeira da privatização da Cedae, um marco no programa de saneamento; e é especialista em instrumentos financeiros de política de crédito em articulação do público e privado para projetos de longa duração.

Por causa disso, inicialmente, seu nome era um dos nomes mais cotados nas bolsas de apostas para assumir a presidência do BNDES no novo governo Lula.

A confirmação de Galípolo como secretário-executivo na Fazenda abriu ainda mais espaço para a confirmação de um cenário que aterrorizou o mercado na segunda-feira: a indicação de Mercadante para o controle do BNDES.

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O nome do ex-ministro acabou sendo confirmado por Lula na tarde desta terça-feira. Nesta reportagem, contamos porque esse cenário assusta tanto os investidores.

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