- Mário Lima, analista sênior de política e macroeconomia da Medley Advisors, acredita que não é uma atitude politicamente inteligente que o novo governo tome uma posição totalmente opositora ao mercado financeiro
- “Lula não precisa governar para o mercado, de forma nenhuma, mas também não é prudente que se governe contra”, afirma Lima. “Já se tem uma má vontade de setores do mercado (em relação ao PT) e o governo parece que justifica essa má vontade.”
- As consequências da adoção de uma política fiscal irresponsável são a fuga de investimento estrangeiro do Brasil, elevação dos juros e inflação, que podem desembocar em uma crise econômica
Mário Lima, analista sênior de política e macroeconomia da Medley Advisors, acredita que não é uma atitude politicamente inteligente que o novo governo tome uma posição totalmente opositora ao mercado financeiro.
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Apesar de ter recebido apoio de um grupo de economistas liberais ainda em campanha, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até o momento não indicou nenhum deles para posições estratégicas.
Nesta terça-feira (12), Lula confirmou a indicação de Aloizio Mercadante, economista e ex-ministro de Dilma Rousseff, para presidir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A nomeação não agrada ao mercado, que o lê como um economista heterodoxo, isto é, favorável a maiores gastos públicos.
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O líder do PT segue, portanto, dando sinalizações negativas aos investidores e aos agentes de mercado que o apoiaram. Nesta reportagem, explicamos por que Mercadante no governo Lula assombra o mercado.
“Lula não precisa governar para o mercado, de forma nenhuma, mas também não é prudente que se governe contra”, afirma Lima. “Já se tem uma má vontade de setores do mercado (em relação ao PT) e o governo parece que justifica essa má vontade.”
Na visão de Lima, a expectativa que se tinha era de que o novo governo Lula assumisse rapidamente alguns compromissos com as contas públicas – o que não está ocorrendo. “Quanto a isso, sim, há uma decepção. A responsabilidade fiscal não pode ser uma oposição à responsabilidade social”, explica o analista.
Consequências
As consequências da adoção de uma política fiscal irresponsável são a fuga de investimento estrangeiro do Brasil, elevação dos juros e inflação, que podem desembocar em uma crise econômica.
“E uma crise econômica estimula uma crise política”, afirma Lima. Contudo, o analista político acredita que após a PEC da Transição ser aprovada, o Governo Lula começará a dar mais sinais de compromisso com as contas públicas, até por uma questão de “sobrevivência”.
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“O governo tem que ser fiscalmente responsável porque não tem espaço para não ser. Se ele não for, vai criar uma crise econômica. Crise esta que será o início do fim do próprio governo”, conclui Lima.