Nesta quinta-feira (19), o Instituto Íbero-Americano da Empresa, entidade que representa os investidores, entrou com um pedido na Câmara do Mercado da B3 para a instauração de um processo de arbitragem coletiva contra a Americanas (AMER3) e a 3G Capital. No total, eles pedem R$ 500 milhões em indenização.
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Em documento obtido pelo E-Investidor, a associação pede que a Justiça condene a varejista e os acionistas da 3G Capital pelos prejuízos gerados pelas “inconsistências contábeis” nos últimos anos, que induziram investidores a erro durante a tomada de decisão de investimento.
“É com base nestes elementos que o investidor decide aportar recursos em ações, debêntures e outros papéis. Se os números não condizem
com a realidade, todo o processo decisório está contaminado”, diz o pedido.
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Os brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira são os principais acionistas de Americanas e donos da companhia de private equity 3G Capital. Os três são os homens mais ricos do Brasil, com uma fortuna avaliada em US$ 35 bilhões, segundo a Forbes.
“A 3G Capital foi inserida entre os processados porque a prática da companhia na chamada operação de “risco-sacado” não poderia ter sido operada, por tantos anos sem o conhecimento e a conivência dos principais acionistas”, diz outro trecho do pedido.
A avaliação do mercado sobre a RJ
A confirmação do pedido de recuperação judicial pela Americanas na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro ocorreu na tarde de hoje – a aprovação da Justiça veio algumas horas depois. A partir de agora, a empresa terá 60 dias para enviar o plano de recuperação.
Até lá, a companhia diz que continuará com suas operações apesar do caixa extremamente reduzido, como esta reportagem detalha.
O pedido da varejista decepcionou quem esperava um aporte do trio de bilionários da 3G. “Esperava que o grupo entrasse com algum capital para ajudar a companhia. Porém, ninguém é obrigado a fazer”, afirmou o analista de ações da Levante Ideias de Investimento Flávio Conde.
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O analista classificou o pedido de recuperação judicial como uma péssima notícia, considerando que “não só as dívidas bancárias e debêntures serão adiadas, mas o fato de a companhia entrar em um ritmo muito mais lento agora”. Segundo ele, a expectativa é que os investidores assistam à varejista “minguar” de tamanho.
O analista de investimentos e criador do canal no Youtube ‘O Analisto’, Mario Goulart, vê a informação como um balde de água fria no investidor que ainda esperava por uma retomada da companhia no curto prazo. “O que vai acontecer é que a empresa vai continuar operando com volatilidade, sem definição, como a maioria das empresas que entra em recuperação judicial”, disse, sobre o comportamento dos papéis da companhia na Bolsa de Valores.
- Veja em detalhes o que é e como funciona uma recuperação judicial.