- Segundo especialistas, o bom desempenho se deve a uma melhora no cenário macroeconômico com a expectativa de pausa na alta dos juros
- De acordo com simulação feita por Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos, quem investiu R$ 1 mil no começo do ano lucrou mais de R$ 500
- Apesar do movimento de ganhos sendo sustentado ao longo de 2023, os investidores precisam ficar atentos aos riscos desse ativo de risco
Os recentes embates da autoridade reguladora do mercado financeiro no Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês, equivalente à Comissão de Valores Mobiliários brasileira) contra o mercado de criptomoedas não foram suficientes para devolver os ganhos do bitcoin em 2023. De janeiro até as negociações de segunda-feira (12), o ativo digital de maior valor de mercado acumula valorização de 43,6%.
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O desempenho do bitcoin está bem acima dos investimentos em renda variável. A título de comparação, o ibovespa, principal índice da B3, acumula uma alta de 6,39% durante o mesmo período, o que resulta em diferença de 37,2 pontos porcentuais.
Se a moeda digital ainda segue em valorização, os investidores que mantêm capital aplicado no ativo desde janeiro têm tido lucro com a boa performance. Uma simulação feita por Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos, mostrou que aqueles que aplicaram R$ 1 mil em BTC conseguiram um lucro, até o momento, de R$ 563. Já os investidores que foram mais “ousados” investiram R$ 5 mil e R$ 10 mil em bitcoin esbanjam um retorno de R$ 2.818 e de R$ 5.636, respectivamente.
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De acordo com Medeiros, o bom humor se deve a uma melhora do cenário macroeconômico ao longo deste ano, o que permitiu que o BTC avançasse e recuperasse parte das perdas sofridas no ano passado, em especial, durante a quebra da FTX, segunda maior corretora do mercado. “O BTC tinha uma margem muito grande para se recuperar porque os investidores estavam com receio de outras exchanges, como a Binance, quebrassem. Talvez, esse tenha sido o pior momento do mercado de cripto”, afirma o analista.
Além das especulações dos investidores para o fim do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, a quebra dos bancos em março também ajudou o BTC a avançar ainda mais. Na época, o bitcoin subiu 39,43% entre os dias 10 e 21 de março deste ano com a crise bancária reforçando a sua tese de investimentos. No entanto, os embates da SEC contra as corretoras adicionaram um receio entre os investidores no curto prazo.
No dia 6 de junho, o órgão norte-americano processou a Binance pela oferta de valores mobiliários e por outras 12 acusações. Porém, mesmo diante dessa situação desfavorável para o mercado houve um aumento da dominância do bitcoin na última semana em 4%.
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Segundo Thiago Rigo, analista da Titanium Asset, a elevação da dominância do BTC no mercado reflete a saída dos investidores em altcoins (criptomoedas alternativas ao bitcoin) devido às incertezas da atuação da SEC sobre o mercado cripto. “Esse fluxo de capital saindo das altcoins para o BTC pode ser o que está segurando a cripto nesse nível de preços”, ressalta Rigo.
As altas vão continuar?
Após 2022 catastrófico, quando o BTC acumulou uma desvalorização superior a 60% e se tornou o pior investimento do ano, a dúvida que permeia entre os investidores é se o movimento de alta deve se manter nos próximos meses. Na avaliação de Vinícius Bazan, analista de criptoativos da Empiricus Research, o BTC tem espaço para conquistar novos patamares de preço ao ponto de ser negociado a US$ 40 mil.
“Joga a favor a melhora dos indicadores econômicos, a proximidade do halving (redução planejada nas recompensas que os mineradores recebem) em 2024, a evolução de protocolos importantes do mercado e o crescimento do ambiente de finanças descentralizadas”, ressalta Bazan.
No entanto, mesmo com uma perspectiva positiva, os investidores precisam ser cautelosos ao expor parte do seu patrimônio nesta classe de ativo. As criptomoedas têm volatilidade bem mais elevada do que as ações das empresas, por exemplo. Por isso, analistas recomendam exposição de até 5% do portfólio em cripto.
“Um dia normal de cripto, a moeda pode ter uma volatilidade de 10% a 15% para cima ou para baixo. O investidor precisa ter noção dessa flutuação de preço”, afirma Tasso Lago, especialista em criptomoedas e fundador da Financial Move.
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Ou seja, na prática, os ganhos acumulados em 2023 rapidamente podem ser devolvidos caso haja um cenário desfavorável para o mercado. Por isso, os analistas ressaltam a importância de investir com visão de longo prazo. “O valor atual do bitcoin é uma oportunidade de investimento e não vejo o BTC ser negociado abaixo dos US$ 20 mil”, acrescenta Lago.
No acumulado dos últimos cinco anos, o maior ativo digital em valor de mercado registra uma valorização de 440,71%. Já o Ibovespa, o principal índice da B3, entregou durante o mesmo período uma alta de 66%.