- Cyrela (CYRE3) apresentou prévias operacionais com resultados robustas, que apontam para um balanço do 2T23 positivo
- Ágora Investimentos e banco Inter recomendam a compra do ativo, com preço-alvo de R$ 22 e R$ 21 respectivamente. Já a CM Capital tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 28,80
- Queda da Selic beneficia o setor de construção civil. Contudo, é preciso ficar atento a alguns pontos, como o cenário de crédito ainda restritivo
A incorporadora Cyrela (CYRE3), que atua no segmento de construção civil de médio e alto padrão, pode ser o destaque do setor desta temporada de balanços. Para analistas ouvidos pelo E-Investidor, a prévia operacional foi o que gerou o otimismo do mercado. A companhia divulga os resultados do balanço do segundo trimestre de 2023 nesta quinta-feira (10), após o fechamento do pregão.
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“Entendemos que ela deve ser o destaque entre médio e alto padrão. Tanto pelo o que ela já vem fazendo nos últimos trimestres, quanto pela prévia operacional, quando ela mostrou números que continuam sólidos, com velocidade de vendas em nível alto. A margem bruta também deve permanecer entre as mais altas, frente aos pares”, explica Welligton Lourenço, analista da Ágora.
Pedro Canto, analista CNPI da CM Capital, também ressalta a prévia operacional, em que a empresa anunciou que suas vendas líquidas somaram R$ 2,49 bilhões no 2T23, superando as expectativas de R$ 1,4 bilhão. Isso seria um aumento de 61% em relação ao trimestre anterior e 54% frente ao mesmo período do ano passado.
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Já Rafael Quick, analista de real estate do Inter, também destaca que Cyrela apresentou 17 empreendimentos com participação total no Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 2,5 bilhões, o que equivale a uma alta de 190% em comparação ao 1T23 e 52% em comparação ao segundo trimestre do ano anterior.
Mercado está de olho nos lançamentos
Os analistas enfatizam os lançamentos de Cyrela como um ponto-chave. Segundo Canto, há uma retomada de novas construções no segmento de média e alta renda, o que já dá para ser observado pelas prévias operacionais. “Os lançamentos de novos empreendimentos também foram robustos, quase dobrando as expectativas, alcançando R$ 3,5 bilhões frente ao R$ 1,8 bilhão estimado”, ilustra.
Lourenço também afirma que, operacionalmente, “foi um bom segundo trimestre”, visto que a companhia mostrou uma velocidade de vendas de 48%, uma das melhores do segmento. Para o analista, já é possível observar que o novo ciclo de lançamentos, previsto para meio do ano que vem, pode continuar performando bem. “A gente vê ela com condições de manter um nível robusto de lançamento, dado que ela tem um banco de terrenos em torno de R$ 6 a R$ 7 bilhões por ano”, comenta.
Papel supera o Ibovespa
O desempenho do papel também se destacou neste ano. No acumulado de 2023, CYRE3 supera o Ibovespa em 80%. Segundo Canto, isso resultou em uma valorização que alcança 1,2x o seu valor contábil. Atualmente, a Cyrela está sendo negociada com um prêmio em relação à média do seu valor contábil de 1,1x.
E o cenário ainda pode melhorar. Como a ação apresenta grande sensibilidade ao Ibovespa e às taxas de juros, o especialista acrescenta: “Caso tenhamos um ciclo de corte de juros mais agressivo do que o consenso de mercado, podemos ter valorizações adicionais nos papéis da companhia”.
A Ágora Investimentos recomenda a compra da ação e diz que o papel é a preferência dentro desse segmento. O preço-alvo para final de 2023 é R$ 22. Para 2024, a casa estima um preço-alvo de R$ 31. Frente ao preço do fechamento desta quarta-feira (9) de R$ 24,88, equivale a um upside de 24,59%.
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O Inter também recomenda a compra, com preço-alvo de R$ 21. Enquanto a CM Capital, tem recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 28,80.
Queda da Selic beneficia a empresa
O Comitê de Política Monetária (Copom), após um ano, reduziu a taxa básica de juros, a Selic de 13,75% para 13,25%. O movimento beneficia o setor de construção civil como um todo, mas especificamente Cyrela.
Um dos motivos é que, como a construtora mira em famílias de renda alta, o imóvel também pode ser visto como um investimento. Com a expectativa para a Selic em torno de 11,75% para final de 2023, o apetite por renda fixa diminui e outras classes de ativo, como imóveis, ficam atrativos, como explica Lourenço. “Se olhar o mix de lançamentos do 2T23, 52% dos lançamentos foi no alto padrão, 36% no médio e somente 12% no baixo padrão”, diz.
Canto também complementa: “Os juros mais baixos favorecem o valuation das ações. Mas, além disso, também tornam o financiamento imobiliário mais barato. O que alimenta a demanda por novos empreendimentos”.
O analista do Inter, Quick, também afirma que com o início do ciclo de corte, é esperado que a demanda volte a aflorar, principalmente nos polos do Rio de Janeiro e São Paulo. Contudo, o especialista chama a atenção para alguns pontos estruturais que o segmento de alto padrão pode sofrer, como o “excesso de estoque no mercado e funding escasso com a redução da poupança”. Além disso, ele destaca que os altos níveis de inadimplência e o cenário de crédito ainda restritivo também acendem um alerta para o cenário deste segundo semestre.
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