- O Boletim Focus desta segunda-feira (11) mostrou que o mercado brasileiro voltou a esperar por um dólar mais alto ao final de 2023
- Há quatro semanas, a expectativa era que o câmbio encerrasse o ano a R$ 4,93; agora, a projeção voltou a casa dos R$ 5
- Especialistas explicam que a alta da projeção acompanha a alta a própria cotação, com o plano de fundo de aversão a risco global e alta de juros nos Estados Unidos
O Boletim Focus desta segunda-feira (11) trouxe a confirmação de uma tendência que já vinha aparecendo nas últimas semanas: o mercado brasileiro voltou a precificar um dólar mais elevado para o final de 2023.
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Há quatro semanas, a expectativa era que o câmbio encerrasse o ano a R$ 4,93; há duas, a R$ 4,98. Agora, a projeção voltou à casa dos R$ 5.
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As projeções ainda são bem mais favoráveis do que aquelas vistas nos primeiros Focus do ano. O dólar começou 2023 a R$ 5,23 e foi perdendo valor frente ao real à medida que as discussões fiscais e os dados de inflação traçavam um cenário mais benigno no País.
“Com a evolução de pautas importantes no Congresso Nacional, como a aprovação do novo arcabouço fiscal, debates sobre a reforma tributária e o Carf, o mercado começou a perceber maior previsibilidade em nossa economia”, explica Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio. “Isso nos levou a uma melhoria na nota atribuída por agências que classificam os riscos de investimentos, o que, por sua vez, influenciou o Focus a projetar um dólar a R$ 4,90.”
O que está acontecendo agora é a reversão de parte desse otimismo à medida que o cenário internacional ganha os noticiários pela volta de certa aversão a risco nos mercados globais. Um movimento que impulsionou uma forte valorização do dólar frente ao real em agosto, quando a cotação subiu 4,86%, a maior alta mensal desde junho de 2022.
O mês foi marcado pelo primeiro corte na Selic em mais de dois anos e a abertura da curva de juros nos Estados Unidos. Dois eventos ligados a juros que favorecem o fortalecimento do dólar.
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Marianna Costa, economista-chefe do TC, explica que as últimas semanas foram marcadas por um aumento dos yields – as taxas dos títulos de renda fixa norte-americanos, que bateram patamares não vistos há muitos anos. "A percepção é que a economia dos Estados Unidos está um pouco mais aquecida do que era imaginado para um ambiente tão restritivo em termos de taxas de juros. Nesse sentido, imagina-se que o Banco Central nos EUA terá que subir mais os juros ou mantê-los mais alto por um tempo mais longo", diz.
Com esse pano de fundo, a moeda americana ganha valor em relação a outras divisas, um movimento que não está acontecendo somente no mercado brasileiro. "Acaba não sendo tanto uma restrição em relação ao Brasil", destaca Costa.
Mas, por aqui, também há outros fatores influenciando a valorização do câmbio. Com o ciclo de queda na taxa de juros iniciado pelo Banco Central em agosto e a perspectiva de continuidade dos cortes em 0,50 ponto percentual para as próximas reuniões, o mercado passou a esperar por uma Selic em 11,75% ao ano ao final de 2023 e de 9,0% ao ano para 2024.
Em um momento em que os juros americanos estão bastante elevados para os níveis históricos, a diminuição do diferencial entre as taxas dos dois países acaba tirando a atratividade do mercado brasileiro. "Com o diferencial de juros menor, o dólar passa a ser mais interessante, pois há menos incentivo para manter esse capital no Brasil, que tem um risco maior do que a moeda americana", pontua Costa.
O que esperar do dólar até o fim do ano
As atenções de setembro estão voltadas à "super quarta", dia de reunião de política monetária no Brasil e nos EUA, no próximo dia 20. Novas sinalizações mais duras do BC americano, indicando que os juros vão se manter elevados por mais tempo, podem jogar o câmbio mais para cima.
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"Criou-se uma forte resistência no dólar em romper os R$ 5 desde abril, mas é importante ressaltar que temos grande possibilidade de isso acontecer, a depender das próximas divulgações sobre as taxas de juros e dados econômicos no Brasil e no mundo", destaca Haryne Campos, especialista em câmbio na WIT Exchange.
Como essa dinâmica de juros deve seguir no radar até o final do ano, aos poucos o mercado foi ajustando a expectativa em relação ao câmbio de volta para os R$ 5. Por um lado, isso significa que há pouco espaço para novas apreciações na moeda americana e, portanto, altas como a vista em agosto não devem voltar a acontecer até o final do ano. Afinal, atualmente o câmbio já se encontra na casa dos R$ 4,95.
Porém, isso também indica que a cotação em torno de R$ 4,72 vista em meados de julho não deve ser retomada tão cedo. “Se houver mais reduções do que o previsto na taxa de juros, podemos ver um dólar ainda mais caro”, afirma Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank. “Mas, se houver certa tranquilidade com a questão fiscal, principalmente em relação ao orçamento do ano que vem, podemos ter o dólar mais perto da faixa dos R$ 4,90.”
É hora de comprar?
Para quem tem viagem internacional programada, a alta do dólar nunca é boa notícia. Por isso é preciso ficar atento. Ainda que o câmbio seja uma variável impossível de prever, é possível encontrar janelas de oportunidade para comprar a moeda a um preço um pouco mais baixo. Essa é a estratégia mais recomendada pelos especialistas.
“A dica para quem precisa comprar moedas no período é aproveitar um pouco as baixas, acompanhando o noticiário, comprando aos poucos nas oportunidades que o mercado eventualmente oferecer”, diz Perottoni, do Braza Bank.
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Até a data da viagem, é possível ir realizando compras da moeda em dias que a cotação estiver mais oportuna. Assim, o consumidor vai montando um preço médio na cotação, sem precisar comprar tudo de última hora correndo o risco de pegar uma janela menos favorável à moeda brasileira.
Outra estratégia é apostar em métodos de pagamento – como cartões internacionais, por exemplo – que costumam oferecer ao cliente a cotação comercial do dólar, mais baixa. “Deve-se entender qual a melhor forma de levar seu dinheiro. Para isso, é preciso levar em consideração o país de destino; normalmente a forma mais econômica é a recarga de contas internacionais com base nas cotações do dólar comercial”, destaca Haryne Campos, especialista em câmbio na WIT Exchange.
Veja quais são as melhores opções de cartão de débito para levar em viagens internacionais.