- As receitas das Big Techs superam o PIB de alguns países emergentes
- A Nvidia, fabricante de chips para computação móvel e automotiva, foi o grande destaque do ano
- Alta do mercado das criptomoedas em 2023 também impulsionou o setor
Smartphones, relógios digitais, redes sociais e videogames presentes nas sociedades de todo o planeta são alguns dos famosos produtos que impulsionaram as grandes empresas americanas de tecnologia ao grupo das companhias mais valiosas do mundo, ao ponto de suas receitas, somadas, superarem o Produto Interno Bruto (PIB) de alguns países emergentes. As Big Techs, termo que se refere a Alphabet (GOOGL), a dona do Google, mais Apple (AAPL), Amazon (AMZN), Microsoft (MSFT) e Meta (META), a dona do Facebook, hoje dominam o mercado de tecnologia, mas em 2023 reportaram novos saltos no preço de suas ações com a chegada da inteligência artificial (IA) generativa.
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A tecnologia emergente – capaz de gerar texto, imagens e outras mídias originais em resposta a solicitações em linguagem comum – foi, definitivamente, a estrela do setor no ano. A incorporação dos seus recursos em ferramentas e serviços digitais junto com a criação de novos produtos sustentados pela IA, a exemplo do ChatGPT, deflagrou um novo horizonte para o setor, com potencial de ganho na casa dos trilhões de dólares. Na esteira do otimismo, uma sexta empresa se destacou e surfou na onda da inteligência artificial como nenhuma outra Big Tech em 2024: a Nvidia (NVDA).
A fabricante de unidades de processamento gráfico (GPUs) e chips (SoCs) voltados para os mercados de computação móvel e automotiva apresentou valorização de 242.2% de janeiro até o pregão desta quinta-feira (21), quando fechou a US$ 489,90 Foi beneficiada pela escassez global de semicondutores verificada desde a época da pandemia de covid-19, que impactou a indústria como um todo. Um automóvel comum de hoje leva mais de 3 mil chips embarcados – é utilizado até na chave dos veículos. Na prática, esse componente está em qualquer dispositivo eletrônico.
As Big Techs na sequência
A alta nas ações da Nvidia superou de longe a valorização de 169.8% da Meta no período, a campeã entre as Big Techs em 2023 e que também entrou forte no desenvolvimento de sistemas de IA. A dona do Facebook, do Instagram e do Whatsapp criou a Llama 2, modelo de linguagem de código aberto (open source) capaz de processar e compreender texto de entrada, seja em forma de perguntas, comandos ou outros tipos de interações.
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A Llama 2 foi desenvolvida em parceria com a Microsoft, companhia fundada pelo mega empresário Bill Gates que também detém 49% da OpenAI, dona do ChatGPT e que largou na frente de todos no mercado e colocou a primeira inteligência artificial generativa à disposição do grande público, em novembro de 2022. A Microsoft também desenvolve o Phi-2, um pequeno modelo de linguagem (SLM) que mostra como a companhia está apostando alto esse tipo de tecnologia.
Das Big Techs, a Amazon também reportou expressiva alta no ano, cuja elevação alcança os 79.3% até o momento. A gigante norte-americana que começou no comércio eletrônico, mas se expandiu para outros setores, como os de supermercados e saúde, anunciou em setembro um aporte de até US$ 4 bilhões na startup de inteligência artificial Anthropic. Como parte do acordo, a Anthropic comprometeu-se a investir no segmento de infraestrutura de computação em nuvem da AWS, um dos carros-chefe da receita da Amazon, que, por sua vez, integrará o software da startup de IA em suas operações.
Lucro por ação surpreendente
De acordo com Guilherme Amaral, analista da Kinea, o lucro por ação da Nvidia deve fechar o ano crescendo mais de 500%, totalmente puxado por revisões positivas no segmento de data center, setor em que são reportadas as receitas com chips para IA. “A inteligência artificial foi um tema central para tecnologia em 2023”, afirma.
O analista Enzo Pacheco, da Empiricus, destaca que o fenômeno IA deve aparecer nos resultados financeiros das companhias nos próximos balanços, mas, por enquanto, apenas um pequeno grupo se beneficia da adoção dessa tecnologia. “Ainda estamos nos primeiros passos. Com o passar do tempo a ideia mais clara de como isso pode impactar os negócios aparecerá, permitindo aos investidores distinguir melhor possíveis vencedores e perdedores nos mercados”, ressalta. A Empiricus está posicionada em Meta, Microsoft, Apple.
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O gestor e analista da Buena Vista Capital, Renato Nobile, afirma que a Nvidia está bem posicionada para se manter na dianteira não apenas em 2024, mas também nos anos seguintes. “A empresa vem bem à frente neste mercado”, diz. De acordo com ele, a empresa se beneficiou ainda por conta da alta do mercado das criptomoedas em 2023, um setor que também demanda chips.
Neste momento, há uma expectativa muito forte para o lançamento de ETFs (fundo de investimento negociado na Bolsa de Valores como se fosse uma ação) de bitcoin, que devem marcar a entrada de investidores institucionais nesse universo. Entenda aqui a importância dos ETFs de bitcoin para o mercado cripto.
“Em relação às IAs, este é um mercado que chegará aos trilhões de dólares em breve”, aponta Nobile, principalmente porque a tecnologia emergente tem “muito fundamento por conta da elevação da produtividade que ela proporciona, tanto de pessoas quanto de empresas, gerando benefícios reais”, afirma. A Buena Vista está posicionada em Microsoft, Nvidia, na fabricante de veículos elétricos Tesla (TSLA), Amazon, na companhia de segurança cibernética CrowdStrike (CRWD) e na corretora (exchange) de criptomoedas Coinbase.
Valor no futuro
O analista Luis Novaes, da Terra Investimentos, informa que a carteira recomendada de BDRs (título emitido no Brasil que representa uma ação de companhia aberta sediada no exterior) traz Apple (AAPL34) e Alphabet (GOGL34) como destaques. “Acreditamos que essas empresas podem seguir se beneficiando do impulso da inteligência artificial e ainda apresentam um preço razoável de entrada”, diz.
Novaes lembra que ambas companhias não estiveram no centro do impulso da inteligência artificial, mas a expectativa positiva ocorre devido à capacidade de investimento e posicionamento no mercado, além do poder que têm para apresentar inovações com boas perspectivas de valor no futuro.
Como investir
Vale lembrar que os BDRs não são a única forma de investir nestas empresas que estão listadas no exterior. Os brasileiros podem incluir nos portfólios ETFs que replicam o desempenho de índices de referência, como o S&P 500 ou Nasdaq. Por meio desses instrumentos, os investidores locais podem investir em índices internacionais em que as big techs, como Amazon e Nvida, estão listadas.
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A outra opção é abrir uma conta em corretoras que atuam nos mercados internacionais para ter acesso direto a essas companhias sem sair do Brasil. Veja mais detalhes nesta reportagem.