- Janeiro já se consagrou como um dos meses mais custosos para as famílias brasileiras. O motivo? A enxurrada de boletos que precisam ser pagos nesse período.
- Fazer um bom planejamento financeiro para liquidar as despesas obrigatórias no começo do ano se mostra ainda mais necessário quando se considera o cenário de endividamento das famílias
- Para evitar dívidas, a melhor dica é se preparar com antecedência
Abre-alas de cada ano, janeiro já se consagrou como um dos meses mais custosos para as famílias brasileiras. O motivo? A enxurrada de boletos que precisam ser pagos nesse período. Impostos, despesas educacionais, despesas domésticas… A lista é longa e merece bastante atenção. Caso contrário, pode se transformar numa bola de neve, atropelar o orçamento e gerar prejuízos indesejados.
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Fazer um bom planejamento financeiro para liquidar as despesas obrigatórias em janeiro se mostra ainda mais necessário quando se considera o cenário de endividamento das famílias. Em novembro, 76,6% tinham dívidas a vencer, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Para evitar dívidas, a melhor dica é se preparar com antecedência. “O ideal é se planejar ao longo do ano. Temos algumas despesas que, por mais que não sejam recorrentes, são previsíveis”, lembra Paula Sauer, economista e coordenadora do Laboratório de Finanças Pessoais da ESPM.
Quais são as principais despesas de janeiro?
A cada começo de ano, além das despesas habituais, como energia, internet, água, plano de saúde, alimentação, entre tantas outras, os brasileiros se deparam também com a cobrança de algumas contas extras. No caso dos impostos, é o período de pagar o IPTU e o IPVA. Nesses casos, é importante verificar os valores, que podem variar por estado.
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Os gastos com educação também chegam com tudo nesse período. Para as famílias que têm crianças ou adolescentes em casa, é chegada a hora de pagar matrícula escolar, comprar uniforme, calçados e materiais. Neste caso, existem dicas preciosas que podem ajudar a economizar, como comprar materiais de segunda mão ou negociar as mensalidades com os colégios.
Em outros casos, é tempo também de quitar obrigações de conselhos de classe, como os conselhos estaduais, regionais e nacionais de algumas categorias profissionais (médicos, administradores, advogados etc).
Pegue papel e caneta (ou planilha!)
Antes de iniciar os pagamentos, é necessário ter registrado, em papel ou planilha eletrônica, todos os gastos, mês a mês. Especialistas recomendam fazer para o ano todo, se não, pelo menos para os três primeiros meses do novo ano. Isso ajuda a dar uma melhor previsibilidade aos compromissos futuros.
“Em uma planilha, ou em um caderninho, coloque quais são as despesas que você tem tradicionalmente (água, luz, internet) e coloque essas extras, separadamente, (divididas) em janeiro, fevereiro, março… Use dezembro como referência e acrescente essas contas específicas de cada mês”, indica Myrian Lund, planejadora financeira CFP.
Além disso, considerando que os preços poderão ser reajustados, é possível usar a projeção do Boletim Focus para o IPCA em 2024 a fim de corrigir os valores e ter um planejamento do orçamento mais assertivo.
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“Com o montante dessas despesas em mãos, crie uma poupança programada para que sempre na data do seu pagamento seja debitado da conta e creditado na conta poupança”, diz Sauer.
Embora algumas pessoas prefiram fazer contas de cabeça, Lund frisa que esboçar um orçamento em planilha ou mesmo em papel é a melhor alternativa nesses casos.
“A dita contabilidade mental sempre atrapalha porque nós segmentamos. Nós só conseguimos enxergar grandes blocos e esquecemos pequenas despesas. Por exemplo, na contabilidade mental, eu não consigo visualizar que três reais por dia no ano dá R$ 1.080. E são as pequenas contas que extrapolam o orçamento”, detalha Lund.
À vista ou parcelado?
Para essa decisão, a educadora financeira Luciana Ikedo recomenda observar o valor da Selic, atualmente em 11,75% ao ano. Se o desconto para pagamento à vista é maior do que se aplicasse a quantia em algum investimento para ser pago posteriormente de forma parcelada. Se a decisão for pela aplicação do dinheiro, é preciso lembrar que essa quantia não pode ser gasta depois com outros compromissos.
Outro fator decisivo é ver se o que se tem de dinheiro é suficiente para quitar todas as despesas à vista. Se não for, é possível buscar cortar gastos mensais desnecessários, como assinaturas de serviços não utilizados, como academias, streaming, entre outros.
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“Avalie também se você pode conseguir alguma receita extra para o ano de 2024, que possa te ajudar com essas despesas excepcionais”, acrescenta Ikedo.
Se, ainda assim, não for suficiente, o mais indicado é parcelar para não ter que se recorrer a fontes de dinheiro com custo elevado, como empréstimos ou cheque especial.
Vale à pena usar o 13º?
Sempre muito aguardado a cada ano, o 13º salário costuma ser utilizado para viagens, festas de final de ano. Mas ele pode também ser um aliado para pagamentos de dívidas e as despesas extras de janeiro, reforçam os especialistas.
“Sempre vamos merecer mimos, mas em alguns momentos da vida, será necessário olhar de maneira mais racional para o recurso e entender que o grande prazer, será quitar, ou amortizar as dívidas. Começar o ano zerado, sem pendências financeiras não tem preço”, conclui Sauer.