- Até 22 de dezembro, o Ibovespa acumulava uma rentabilidade de 20,98%, atingindo o seu melhor desempenho desde 2019
- O Ibovespa ainda está distante de seus maiores valores ajustados pela inflação e em dólares registrados há 15 anos, em maio de 2008
- Nos EUA, o índice Dow Jones atingiu a sua pontuação máxima em 19 de dezembro, alcançando 37.558 pontos
O ano de 2023 chega ao fim como um período favorável para a renda variável, especialmente pelo desempenho do Ibovespa. Até 22 de dezembro, o principal índice da B3 (B3SA3) acumulava uma rentabilidade de 20,98%, atingindo o seu melhor desempenho desde 2019. No mesmo dia alcançou também a sua maior pontuação nominal: 132.753 pontos.
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Apesar desses marcos significativos, o Ibovespa ainda está distante de seus maiores valores ajustados pela inflação e em dólares registrados há 15 anos, em maio de 2008. (veja quadro a seguir). Atualmente, o Ibovespa em dólares está a 38,8% de seu máximo, e, em valores ajustados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a 25,2%, indicando um considerável espaço para crescimento contínuo.
Recorde | Data recorde | Fechamento 22Dez23 | Variação | |
Nominal | 132.753 | 18/12/2023 | 132.753 | 0,0% |
Ajust IPCA | 177.594 | 20/05/2008 | 132.753 | -25,2% |
US$ | 44.616 | 19/05/2008 | 27.305 | -38,8% |
O Ibovespa não foi o único a registrar picos históricos no ano. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones atingiu a sua pontuação máxima em 19 de dezembro, alcançando 37.558 pontos, com uma valorização de 13,31% até aquela data. O índice mexicano também registrou desempenho histórico em 18 de dezembro, com uma valorização de 19,13%.
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Vale destacar em 2023 a trajetória do Bitcoin, que atingiu uma rentabilidade superior a dos ativos de renda variável, com valorização de 140,75% até 22 de dezembro. Em contrapartida, o euro, o ouro e o dólar apresentaram rentabilidades negativas de 3,87%, 3,91% e 6,82%, respectivamente.
E 2024?
Uma régua que ajuda a sinalizar como o mercado deve se comportar em 2024 é o preço/lucro (P/L). O índice mede quanto o mercado está pagando pelos lucros gerados por uma empresa. Se um investimento de R$ 1.000 gera um lucro anual de R$ 100, o P/L é de dez anos, indicando que o investimento será pago com o lucro dos próximos dez anos. Analistas consideram um P/L entre dez e doze anos como indicativo de um mercado maduro.
Nos meses anteriores a março de 2020, início da pandemia, o P/L da bolsa brasileira estava em doze anos. No ponto mais crítico da crise sanitária caiu para 7,61 anos, atingiu o seu menor valor em junho de 2022, 5,77 anos, e, atualmente, está em 7,39 anos.
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Tal valor é menor do que no pior momento da pandemia, indicando que o mercado ainda está relativamente barato, mesmo com o recorde de pontuação do Ibovespa. Outro sinal do potencial do Ibovespa é o fato da pontuação em dólares estar defasada em 15 anos, o que pode atrair investidores estrangeiros.
Sobre o P/L
Existem várias maneiras de calcular o P/L de um mercado. Uma abordagem segura é calcular a mediana dos P/Ls de todas as empresas do mercado, considerando sua ação mais relevante, como utilizada na elaboração do gráfico que ilustra este artigo. Vale dizer que os números sinalizam uma tendência, mas não determinam recomendações específicas de compra ou investimento em papéis de renda variável. A análise detalhada de cada empresa continua sendo essencial para uma decisão segura e fundamentada.
Vale dizer também que o P/L é uma métrica amplamente utilizada para avaliar se um ativo está caro ou barato. A percepção de caro e barato, no entanto, varia de setor para setor e ao longo do tempo. Um P/L baixo pode ser interpretado como indicativo de um papel subvalorizado.
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O mercado não estaria precificando totalmente o potencial de lucro da empresa. No sentido contrário, um P/L alto pode sugerir que a ação está sobrevalorizada. Pode indicar expectativas elevadas em relação ao desempenho futuro daquela empresa. Investidores, portanto, devem sempre avaliar se expectativas boas ou ruins são justificadas.