O que este conteúdo fez por você?
- Uma história de quase 30 anos de uma empresa com o Brasil pode estar se encaminhando para os momentos finais
- A AES Brasil pode estar se preparando para sair do País, após quase 30 anos no Brasil
- A história da AES com o Brasil começa em meados de 1996. A empresa também teve nomes como Eletropaulo no portfólio
Uma história de quase 30 anos de uma empresa com o Brasil pode estar se encaminhando para os momentos finais. A AES Brasil (AESB3), especializada em geração de energia renovável e antiga dona da Eletropaulo (atual Enel), anunciou em comunicado ao Mercado divulgado no dia 30 de janeiro que sua controladora americana, AES Corporation, “avalia alternativas para financiar o crescimento da companhia e reforçar sua estrutura de capital”.
- Veja também: Como a saída da AES do Brasil afetará os acionistas?
O comunicado veio após boatos de que a companhia pretendia deixar o Brasil. Segundo o O Globo, a AES Corporation contratou os bancos Itaú e Goldman Sachs para auxiliar na venda dos ativos no País. Entre os especialistas de mercado, a possibilidade soou positiva, já que em uma eventual aquisição de controle acionário dos ativos no Brasil pode haver o pagamento de algum “prêmio de controle” – veja a reportagem completa aqui.
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Nos últimos anos, os papéis AESB3 apresentam uma performance morna na Bolsa. Entre 4 de fevereiro de 2022 e esta segunda-feira (5), as ações caem 9,8%, aos R$ 10,31. Em 5 anos, o prejuízo é de mais de 30%.
História da AES no Brasil
A história da AES com o Brasil começa em meados de 1996, com a privatização da Light (LIGT3). Na época, a AES Corporation, junto com a Électricité de France (EDF) e a Reliant Energy, assumiram o controle da empresa de energia.
Em 1998, foi a vez de comprar a famosa Eletropaulo, formando a AES Eletropaulo. Um ano depois, em 1999, a AES Corporation adquiriu a Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê, aquisição que originou a AES Tietê. Na época, a Lei das Concessões, sancionada pelo governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), passou a ceder à iniciativa privada a exploração de serviços públicos – e isso atraiu grupos do exterior, como a AES.
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De acordo com dados da Economatica, em junho de 2001, a então AES Tietê abriu capital na Bolsa de Valores sob o código “TIET” (TIET3, TIET4 e TIET11) e chamou a atenção de investidores em função da distribuição de dividendos. Em especial, o contrato de distribuição de energia no Estado de São Paulo pela AES Eletropaulo era considerado vantajoso, com necessidade baixa de investimento.
Entretanto, de lá para cá, muita coisa mudou no portfólio do grupo e nomes de peso saíram do guarda-chuva: a fatia relevante na Light já não existe mais e a “Eletropaulo” passou a ser controlada em 2018 pela Enel. As mudanças fizeram com que a empresa precisasse acelerar o investimento em outras frentes de operação para além das hidrelétricas, como em complexos de energia eólica e solar.
E aumento de investimentos também pode significar um aumento das dívidas. “A relação dívida líquida/patrimônio líquido de 2,06 vezes indica um alto nível de endividamento, o que pode ser uma preocupação. No entanto, a empresa tem liquidez suficiente para cobrir suas obrigações de curto prazo”, afirma João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research. “A companhia está gerando um retorno sobre o capital investido e patrimônio líquido de 5,04% e 3,53%, respectivamente, o que não é excepcional.”
Participação do megainvestidor Luiz Barsi
A partir de 2021, o código de negociação na Bolsa saiu de TIET11 para AESB3, após uma reorganização societária no grupo. Hoje, segundo a AES Brasil, a companhia possui um total de 5,2 GW de capacidade instalada, sendo 4,5 GW em operação e mais de 700 MW em construção, nos complexos eólicos Tucano (322 MW) e Cajuína 2 (370 MW), e parque solar AGV VII (33 MW).
Esse histórico de desinvestimentos de nomes importantes fizeram com que os analistas não se surpreendessem com os rumores recentes de saída total do Brasil. “Não é uma tese que chama muito a atenção, dado que os projetos (complexos eólicos e parques solares) não parecem ter uma taxa de retorno tão atrativa”, diz Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed.
Apesar da visão de investidores, a AES prendeu a atenção do megainvestidor Luiz Barsi. Hoje, o bilionário conhecido pela estratégia de investimentos baseada em dividendos possui cerca de 5% da companhia.
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