- Terceira queda consecutiva do dólar, que atingiu R$ 5,70 na segunda-feira (1º)
- Mercado focou nas declarações de Lula sobre responsabilidade fiscal e economia
- No cenário externo, taxa de desemprego nos EUA subiu de 4,0% para 4,1%
O dólar fechou o pregão nesta sexta-feira (5) negociado a R$ 5,462, uma baixa de 0,44% quando comparado ao dia anterior. Essa foi a terceira queda consecutiva da moeda americana, que na segunda-feira (1º) chegou a custar R$ 5,70, a maior alta do ano.
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Pela manhã de hoje, o câmbio reverteu a tendência de queda e atingiu a marca de R$ 5,52. Mas, perto das 17h, o dólar passou a cair 0,47%, a R$ 5,4613. Na mínima, foi a R$ 5,4588.
No cenário doméstico, o mercado voltou a focar na movimentação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Hoje, em Osasco (SP), ele declarou que a economia não entrará em colapso e que não adianta discutir responsabilidade fiscal com ele. “Se tem uma coisa que eu aprendi com a dona Lindu [a mãe do presidente], foi responsabilidade fiscal, cuidar do meu pagamento, do meu salário, da minha família. E hoje a minha família é o Brasil”, afirmou, durante um evento no campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
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“Só vai dar certo se a economia estiver arrumada. Se a gente fizer como aquela pessoa que joga dinheiro fora por causa do cartão de crédito, a economia vai quebrar. E no meu governo não vai quebrar porque temos responsabilidade de cuidar deste país”, completou. A fala de Lula ocorre após dias de tensão com setores do mercado, em meio a incertezas sobre a responsabilidade fiscal do governo. Com apostas de que há um risco fiscal elevado no país, houve uma forte valorização do dólar e um aumento nas taxas dos contratos de juros futuros nas últimas semanas.
No cenário externo, os investidores ficaram de olho no payroll, os dados de mercado de trabalho dos Estados Unidos. Em junho, foram criados 206 mil novos postos de trabalho fora do setor agrícola nos EUA. Embora esse número represente uma desaceleração em relação aos 218 mil empregos gerados em maio, o indicador superou a expectativa do mercado, que projetava a criação de 191 mil vagas. Além disso, a taxa de desemprego subiu de 4,0% para 4,1%, segundo o Departamento do Trabalho dos EUA.
Lula muda o tom
Nos últimos três dias, a moeda apresentou uma queda acentuada, impulsionada pelos comentários do presidente sobre o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal. As declarações de Lula ocorreram após sucessivas críticas ao presidente ao Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, que levaram o dólar a alcançar R$ 5,70 no início da semana.
No Brasil, o cenário fiscal continuou em foco após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar um corte de R$ 25,9 bilhões para 2025, o que também contribuiu para a queda expressiva do dólar na última sessão. De acordo com Haddad, o governo conterá despesas ainda este ano para atingir a meta fiscal e respeitar o teto de gastos. As contenções devem ser formalizadas em 22 de julho, quando será divulgado o próximo relatório de avaliação do Orçamento.
“A primeira coisa que o presidente determinou é: cumpra-se o arcabouço fiscal. Não há discussão a esse respeito”, afirmou Haddad em uma coletiva de imprensa no Palácio do Planalto. Ele explicou que a orientação de Lula é garantir que o arcabouço seja preservado a todo custo. Isso implica que o governo vai conter despesas já em 2024 para alcançar a meta fiscal e respeitar o limite de gastos. As contenções devem ser formalizadas no próximo dia 22 de julho, quando será divulgado o próximo relatório de avaliação do Orçamento deste ano.
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O diretor de câmbio da Ourominas, Elson Gusmão, diz que o mercado aguarda a apresentação do relatório bimestral de despesas e receita, na penúltima semana deste mês, para verificar se alguma dessas medidas já serão detalhadas. “Com a liquidez reduzida, qualquer ruído político hoje poderá fazer preço. Estaremos atentos a todos os desdobramentos”, observa.
Já o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, aposta que essas mudanças prometidas pelo governo devem fazer a cotação do dólar se consolidar em torno de R$ 5,30. Ele reflete também que no cenário exterior há perspectiva de queda da taxa de juros, prevista para o final do ano. Para que o dólar volte ao patamar de R$ 5 ou abaixo disso, Weigt explica, é preciso ter ações concretas do Executivo. “Observamos a intenção de implementar essas medidas, e à medida que percebermos a transição da intenção para a prática, o dólar pode facilmente atingir os R$ 5. Se houver ações concretas para reduzir os gastos, isso contribui para a valorização do real”, diz.
Entenda por que o payroll importa para o mercado financeiro
O payroll (folha de pagamento) é um dos indicadores mais importantes da economia americana, exercendo grande influência nos mercados internacionais. No entanto, o relatório mais recente trouxe informações relativamente neutras. Apesar de o número de empregos criados ter superado as expectativas do mercado, houve uma desaceleração em relação ao mês anterior.
Para o mercado global, os dados do relatório de emprego são vistos como um indicador do comportamento dos juros nos Estados Unidos. Se os números do payroll mostrassem uma queda significativa, isso indicaria que a economia está perdendo força de maneira consistente.
Nesse caso, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) poderia reduzir as taxas de juros mais cedo do que o esperado. Atualmente, os juros básicos nos EUA estão fixados no intervalo entre 5,25% e 5,50%, o maior nível desde 2001.
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Juros elevados aumentam a atratividade dos títulos da dívida americana, os Treasuries, considerados os papéis mais seguros do mercado. Em contrapartida, ativos de renda variável, como as ações negociadas nas bolsas, perdem espaço, especialmente em países emergentes, que tendem a sofrer quedas. Nesse cenário, o dólar também enfrenta pressão de alta.
O que afetou o dólar hoje?
- Dólar fechou em R$ 5,462 nesta sexta-feira (5), uma baixa de 0,44%.
- Terceira queda consecutiva do dólar, que atingiu R$ 5,70 na segunda-feira (1º).
- Pela manhã, o câmbio chegou a R$ 5,52, mas caiu para R$ 5,4613 às 17h.
- Mercado focou nas declarações de Lula sobre responsabilidade fiscal e economia.
- Lula afirmou que a economia não entrará em colapso e destacou a responsabilidade fiscal do governo.
- No cenário externo, foram criados 206 mil novos postos de trabalho nos EUA em junho.
- Taxa de desemprego nos EUA subiu de 4,0% para 4,1%.